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No tempo da pose: uma genealogia das figuras de aceleração do tempo em tecnologias fotossensíveis do século XIX

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Previous issue date: 2012-11-26 / FACEPE / A passagem do século XVIII para o XIX é uma das mais importantes para a compreensão do que somos na contemporaneidade. Koselleck afirma que o intervalo de 1750 a 1850 diz respeito a um tempo cindido: não mais nos encontrávamos nos primeiros passos de uma modernidade incipiente, mas ainda não havíamos alcançado a plena racionalização anunciada pelas ‘Luzes’. Esse conflito reflete-se exemplarmente nas primeiras décadas de prática de impressões de imagem por luz solar, que vai de 1814 a 1850. A análise de manuais fotoquímicos oitocentista e das cartas trocadas por Niépce e Daguerre é uma prova disso. A heliografia e a daguerreotipia, entendidas como dispositivos so ciais, disputaram, a partir de suas substâncias fotossensíveis,
um espaço de construção da verdade sobre um tempo-técnico de captação de imagem. Esta pesquisa partiu do princípio de que tal temporalidade ligada à estética fotográfica não é neutra à medida que se relaciona com modalizações histórico-temporais que emergem no campo do fotossensível. Pensamentos e práticas setecentistas, através de um tempo distenso, influenciaram as impressões das imagens de Niépce, cujas cópias solares advinham de uma intimidade com o mundo vital formado na interface de uma fisiologia da vida e uma química pré-moderna dos reinos naturais. Já as práticas de Daguerre se desenvolveram a partir de um tempo célere moderno. As impressões que resultam na imagem sobre a prata espelhada, banhada com iodo, bromo e cloro retomam fortemente os primeiros movimentos da química teórica cuja identidade
encontrava-se atrelada ao inorgânico das sínteses laboratoriais. Essa disposição dicotômica dos saberes mostra que, na passagem do século XVIII para o XIX, uma série de conceitos que se davam a uma razão mais utilitarista não havia ainda atingido seu ideal de cientificidade, sendo perpassada por toda uma tradição de saberes de um mundo natural e espiritual. As experiências de Niépce emergem desse momento no qual a alquimia já não reinava e ainda se estava longe da figura do químico especializado. Neste contexto, Niépce ocupou um lugar de resistência aos saberes modernos. Tal fato implica uma revisão da afirmativa, tradicionalmente disposta nas histórias da fotografia, de que entre a duração da captação de imagem niépciana e o imperativo
de uma aceleração temporal, representada pela captação de imagem daguerreana, havia um horizonte de expectativa que encaminharia ambas as experiências à premência temporal moderna. Esse dito não deve mais perdurar sob pena de se continuar mascarando, através de uma vontade de verdade desmedida, um espaço de resistência vicejante que fez surgir, a partir de uma lógica pré-moderna, um determinado sonho da imagem impressa por luz solar. / The passage from the 18th to 19th century is one of the most important to the understanding of what we are currently. Koselleck says that the period of time from 1750 to 1850 concerns an intermediate phase: we took no more the first steps towards an incipient modernity, and yet we did not reach the full rationalization announced by the „Lights‟. This conflict is reflected exemplary in the first decades of practice in printing images by sunlight, which goes from 1814 to 1850. The analysis of photochemical manuals of 18th century and the correspondence between Niépce and Daguerre prove this. Heliography and daguerreotype, considered social dispositive, disputed, through its photosensitive substances, a space on building the truth upon a technical time of image caption. This research assumed that such temporality, linked to photographic esthetic, isn‟t neutral, as it is related to historical and temporal modeling emerging in the photosensitive field. Thoughts and practices of 17th century, through a relaxed time, influenced the printing of Niépce images, whose sunlight copies derived from an intimacy with the vital world which is formed in the interface between a physiology of life and a pre-modern chemistry of natural realms. As to Daguerre practices, it were developed from a quick modern time. Printing resulting in the image on mirrored silver, iodine, bromine and chlorine plated, remake the first movements of theoretical chemistry, whose identity was tied to the inorganic of laboratory synthesis. This dichotomist disposition of knowledge shows that, in the passage from 18th to 19th century, a series of concepts which follows a more utilitarian reason, did not reached its ideal of science, being per passed by a whole tradition on knowledge of natural and spiritual realms. Niépce experiences come out of this moment where alchemy no more reign and we were far enough from the character of specialized chemist. In this context, Niépce occupied a place of resistance to modern knowledge. This fact implies a revision of the statement, traditionally disposed on photography history, which between the length of Niepce image caption and the imperative of a temporal acceleration, represented by Daguerre image caption, there was a horizon of expectations, which would lead both experiences to modern temporal urgency. This statement should no long last, or we will continue to hide, through a unmeasured truth wish, a luxuriant resistance space, that brought up, through a pre-modern logic, the dream of the image printed by sunlight.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/16320
Date26 November 2012
CreatorsSOUZA, Camila Targino de
ContributorsMELO, Cristina Teixeira Vieira de
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco, Programa de Pos Graduacao em Comunicacao, UFPE, Brasil
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguageBreton
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
RightsAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil, http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/, info:eu-repo/semantics/openAccess

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