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A ocupação do território Xokleng pelos imigrantes italianos no sul catarinense (1875-1925)

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-graduação em História / Made available in DSpace on 2012-10-22T12:52:53Z (GMT). No. of bitstreams: 1
248673.pdf: 6105495 bytes, checksum: 395fcabbe6258b0a9ae0d7a0ca570ac8 (MD5) / O presente trabalho analisa os conflitos envolvendo os Xokleng e os imigrantes italianos no Sul Catarinense nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século XX, no contexto da grande imigração européia para o Brasil e na expansão das áreas coloniais como forma de expansão da fronteira agrícola em locais considerados #vazios demográficos# pelo governo brasileiro. Entretanto, o #vazio demográfico# era uma ficção, pois no Sul Catarinense, nas áreas de mata atlântica e mata e araucária vivia o grupo indígena Xokleng sem contato com a sociedade nacional # entendida aqui como o conjunto da população que vivia sob as esferas administrativas da sociedade brasileira e a ela sentindo-se pertencentes. Vivendo com base em um nomadismo estacional, este grupo fazia da caça e da coleta nestas florestas as atividades principais para obter os alimentos suficientes para o seu sustento. A decisão do governo imperial de implantar colônias em locais onde havia uma população indígena contribuiu para que um clima de conflito se estabelecesse na região, pois duas populações com culturas distintas colocadas em um mesmo espaço levariam a uma disputa pelo controle do território e dos recursos nele disponíveis para a sobrevivência de ambos os grupos. O presente trabalho analisa estes conflitos envolvendo os Xokleng e os imigrantes, demonstrando que as representações construídas pelos últimos sobre os primeiros foram importantes para justificar a morte imposta a estes. Entendendo representação como as construções que um determinado grupo humano elabora para explicar a si próprio suas escolhas e condutas mediante uma determinada realidade, um grupo humano localiza outro grupo dentro de seu esquema de referências para classificá-lo de acordo com suas crenças e práticas culturais, justificando as ações empreendidas em relação aos mesmos. Trabalhamos representação como meio para atingir o conhecimento sobre o conflito pela posse do território entre imigrantes europeus e os Xokleng no final do século XIX e início do século XX no Sul Catarinense. Trabalhamos a idéia de representação associada ao conceito de invenção da etnicidade, pois compreendemos que os conflitos entre os Xokleng e os imigrantes também se inserem na esfera da etnicidade, que foi por vezes mobilizada entre os imigrantes para justificar suas posições, marcando a diferença entre seu grupo e o grupo indígena e colocando entre os dois uma fronteira que acabou por tornar-se intransponível. Assim, demonstramos como a luta pela posse do território, mediante a implantação de colônias com imigrantes, associada à ação dos bugreiros contribuiu para a desintegração do modo de vida Xokleng no Sul Catarinense. O trabalho discute a exploração do território Sul Catarinense visando a implantação de colônias por parte do governo imperial e como esta exploração preparou as bases para a espoliação das terras indígenas na região, com base na legislação da época. Nesta perspectiva, a fundação de colônias representou uma modificação na paisagem do Sul Catarinense, uma vez que o modo de vida dos imigrantes levou a uma contínua diminuição da floresta reduzindo as condições de sobrevivência do grupo Xokleng, desarticulando seu modo de vida. Demonstra-se que o extermínio do grupo Xokleng no Sul Catarinense e a conseqüente espoliação de suas terras foi possível devido à política indigenista do século XIX que previa #guerra# os botocudos, entre os quais estão incluídos os Xokleng. Esta #guerra# serviu de terreno para a construção de representações sobre este grupo indígena que será apropriada pelos imigrantes e externado por meio do termo #bugre#, que classificava os indígenas como incapazes de convívio com a sociedade da qual os imigrantes faziam parte. Surge, portanto, as justificativas para as ações que foram desenvolvidas visando a garantia de segurança nas colônias, ou seja, o trabalho dos bugreiros, que consistia no extermínio dos Xokleng, com aval das autoridades constituídas.

The present work analyses the conflicts involving the Xokleng and the Italian immigrants in the south of Santa Catarina in the last decades of the 19th century and in the first decades of the 20th century in the context of the great European immigration to Brazil and in the expansion of the colonization areas as a way of expansion of the agricultural frontier in places considerate #demographical empties# by the Brazilian government. However, the #demographical empties# was a fiction, because in the south of Santa Catarina, in the areas of Atlântica and Araucária forests, there was the indigenous group Xokleng without contact with the national society - which is understood here as the conjunct of population who lived under the administrative sphere of the Brazilian society and who felt pertaining to it. Living based in a stationary nomadism, this group used the hunting and the levy in these forests as their main activities to get the sufficient food for their maintenance. The decision of the imperial government of establishing colonies in places where there were indigenous population contributed to create a conflict climate in the region, because two populations with distinct cultures placed in the same space would lean to fight for the control of the territory and for the available resources for survival of both of the groups found in it. The present work analysis these conflicts between the Xokleng and the immigrants and it shows that the representations made by the last over the first ones were important to justify the death enforced to them. Understanding representation as the constructions that a determinate human group creates to explain its choices and conducts in front of determined reality, a human group places another group in its reference schemes to classify it according to its beliefs and cultural usages, justifying the actions attempted to this other one. We use the representation as a way to reach the knowledge about the conflict for the ownership of the territory between the European immigrants and the Xokleng by the end of the 19th century and beginning of the 20th century in the South of Santa Catarina. We use the idea of representation associated with the concept of the ethnical approach invention, since we understand that the conflicts between the Xokleng and the immigrants are also inserted in the sphere of the etnicidade, which was used many times by the immigrants to justify their positions, marking the difference between their group and the indigenous group and putting between the two ones a frontier that became insurmountable. That way, we show how the fight for the ownership of the territory when there is the implantation of colonies with immigrants, associated with the action of the bugreiros, contributed for the disintegration of the Xokleng way of life in the south of Santa Catarina. The work discusses the explorations of the south of Santa Catarina territory aiming the implantation of colonies by the imperial government and how this exploration prepared the bases for the spoliation of the indigenous lands in the region based on the epoch legislation. In this perspective, the colony foundation represented a modification in the south of Santa Catarina landscape, since the way of life of the immigrants caused a continuing decrease of the forest, decreasing the survival conditions of the Xokleng and disarticulating their way of life. It is shown that the Xokleng group extermination in the south of Santa Catarina and the consequent spoliation of its lands were possible due to the indigenista politics of the 19th century which foresaw #war# against the botocudos, among them the Xokleng. This #war# supplied the creation of representations against this indigenous group that was appropriated by the immigrants and uttered by the term #bugre#, which classifies the Indians as incapables of cohabiting in the society of the immigrants. So it comes the justifying for the actions that were developed to guarantee the security in the colonies, in other words, the work of the bugreiros, which was the Xokleng extermination, with the surety of the constituted authorities.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/88727
Date January 2006
CreatorsSelau, Maurício da Silva
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Nodari, Eunice Sueli
PublisherFlorianópolis, SC
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format156 f.| il.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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