Au cours des dernières décennies, la diversité des groupes familiaux est devenue plus visible, éclipsant l´idée d´un modèle unique et immuable de famille. Les familles formées par des couples de gays ou de lesbiennes qui utilisent différentes stratégies pour passer outre l´interdiction d´avoir des enfants imposée par la symétrie biologique, participent de cette diversité. Une des stratégies utilisées par ces couples est le recours à la reproduction assistée. Dans ce contexte, la famille homoparentale construite à partir d´un couple de lesbiennes nous incite à penser à l´intense valorisation de la maternité biologique comme une composante essentielle de la structuration de l´identité féminine. On observe que pour les lesbiennes aussi le désir d´être mère est une caractéristique qui définit ce qu´est être une femme. Toutefois, étant donnée l´orientation sexuelle du couple, ce désir et sa réalisation vont de pair avec des questions qui ne s´appliquent pas aux couples hétérosexuels. Le présent travail résulte de réflexions sur la parentalité dans des familles formées par des lesbiennes dont les enfants sont nés à partir de techniques de reproduction assistée dans la ville d´Aracaju (Sergipe). Je tente de comprendre quels sont les mécanismes utilisés par ces femmes pour construire leur maternité et dans quelle mesure ils se différencient de ceux observés pour les couples hétérosexuels. En dehors des liens consanguins, d´autres sont construits et valorisés afin de cimenter la relation de parenté entre les mères et l´enfant, démontrant ainsi que les substances corporelles ne sont pas les seuls ingrédients pour fabriquer la parenté et la famille. / Ao longo das últimas décadas a diversidade de arranjos familiares tem se tornado cada vez mais visível, eclipsando a ideia de um modelo único e imutável de família. Entre as que compõem tal diversidade estão as famílias formadas por casais de gays e lésbicas, que se utilizam de diferentes estratégias para superar a interdição de filhos/as que a simetria do aparato biológico lhes impõe. Umas das estratégias utilizadas por esses casais são as técnicas de reprodução assistida. Neste contexto, a família homoparental originada a partir de um par lésbico nos incita a pensar sobre a intensa valorização da maternidade biológica como um componente importante para a construção da identidade feminina. Percebe-se que também para as lésbicas o desejo de ser mãe permanece como uma característica definidora do que é ser mulher. No entanto, devido à orientação sexual do casal, este desejo e a realização do mesmo são experimentados junto com algumas questões que não se aplicam aos casais heterossexuais. O presente trabalho resulta de algumas reflexões sobre a parentalidade em famílias formadas por lésbicas cujos/as filhos/as foram gerados a partir de técnicas de reprodução assistida, na cidade de Aracaju (Sergipe). Assim sendo, busco entender quais os mecanismos utilizados para a construção da maternidade e em que medida esta se distingue daquela experimentada por um casal heterossexual. Além dos vínculos consanguíneos, outros são construídos e valorizados com vistas a cimentar a relação de parentesco entre as mães e a criança, demonstrando que não apenas as substâncias corporais são os ingredientes para construção do parentesco e da família.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:ri.ufs.br:riufs/3166 |
Date | 16 October 2012 |
Creators | Aires, Lídia Marcelle Arnaud |
Contributors | Jacquet, Christine |
Publisher | Pós-Graduação em Antropologia |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFS, instname:Universidade Federal de Sergipe, instacron:UFS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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