Nas últimas décadas, o Brasil vem passando por profundas mudanças sociais e econômicas, com melhorias das condições sanitárias, declínio da taxa de natalidade e aumento na expectativa de vida da população. Neste contexto, o câncer emergiu como importante problema de saúde pública. Estimativas realizadas pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer) para o ano de 2008 indicam o surgimento de 466.730 casos novos de câncer no Brasil. O câncer de pele não-melanoma será o tipo mais incidente, seguido pelos tumores de mama, próstata, pulmão, colorretal, estômago e colo de útero. As elevadas taxas de incidência e mortalidade associadas à ocorrência do câncer de mama, por exemplo, sobretudo no Rio Grande do Sul, apontam para a necessidade de ações abrangentes para o controle do câncer nos mais diversos níveis de atuação. Embora existam muitos fatores de risco reconhecidamente associados ao desenvolvimento do câncer, a história familiar de câncer é significativamente um dos mais relevantes. No entanto, existem muito poucos estudos que investiguem a história familiar de câncer, notadamente, a história familiar de câncer em familiares de primeiro grau, em nível populacional. O presente estudo objetivou determinar a prevalência e a consistência da história de câncer em familiares de primeiro grau em uma amostra de mulheres de base populacional do sul do Brasil. Adicionalmente, foram realizadas verificações dos diagnósticos relatados, por meio de avaliações de documentos comprobatórios (laudos anátomo-patológicos ou laudos médicos) em um subgrupo dessa amostra. A prevalência da história relatada de câncer em familiares de primeiro grau, observada em 8.881 mulheres, atendidas em unidades do Programa Saúde da Família (PSF), das regiões Centro-Sul, Extremo-Sul e do Arquipélago (ilhas) de Porto Alegre foi de 25, 04%. Houve concordância satisfatória entre o relato inicial da história de câncer em familiares de primeiro grau e as informações fornecidas posteriormente nas entrevistas com realização de heredogramas (coeficiente Kappa: 0,76; p < 0,05; n: 1797 mulheres). As inconsistências do relato não estavam associadas aos baixos níveis educacionais da amostra (qui-quadrado: 2,027; p: 0,363). Em relação à verificação de documentos comprobatórios na amostra avaliada, a consistência da localização topográfica do tumor foi evidenciada em 79,01% dos casos e a consistência da idade relatada ao diagnóstico em 92,64%. O presente estudo caracterizou-se como uma das primeiras investigações sistemáticas em relação à prevalência e consistência da história de câncer em familiares de primeiro grau em nosso estado. Com base nos resultados encontrados, acredita-se que a coleta sistemática da história familiar de câncer, em nível de atendimento primário poderia configurar-se como um adequado recurso de identificação de indivíduos em situação de risco para o desenvolvimento de câncer.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/12627 |
Date | January 2007 |
Creators | Roth, Fernanda Lenara |
Contributors | Giugliani, Roberto, Prolla, Patrícia Ashton |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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