Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, 2011. / Submitted by Tania Milca Carvalho Malheiros (tania@bce.unb.br) on 2012-02-10T13:00:32Z
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2011_PedroGalasAraujo.pdf: 664980 bytes, checksum: 9c5b768f925da0df86aba5be1f32a08d (MD5) / Esta dissertação discute a profusão de escritas de si no cenário da literatura contemporânea brasileira, focando em romances e contos que, ao apresentarem um narrador que comunga do nome do autor estampado na capa, ou que a ele pode ser associado em virtude das semelhanças entre a vida do narrador e autor, fundem o pacto autobiográfico, nos termos de Philippe Lejeune. Para o autor francês, a identidade de nomes estabelece um contrato de leitura que orienta o leitor a uma interpretação autobiográfica do texto: o que se lê é a vida do indivíduo inscrita na página, organizando experiências, gravando memórias, exibindo-se ao olhar do outro, purgando culpas, confessando pecados. Nesse quadro, o debate concentra-se sobre as obras de Sérgio Sant‟Anna, onde o caráter autobiográfico de seus contos é atravessado por uma intimidade que se encena, e o leitor não sabe, afinal, se o registro factual é verdadeiro ou falso; de Bernardo Carvalho, para quem a identidade e a experiência são temas constantes, estando sempre em pauta em virtude de sua instabilidade; e de Marcelo Mirisola, que se insinua como protagonista de seus contos e romances, confundindo o leitor acerca do que diz ou pensa – será, afinal, sua narrativa a revelação de opiniões e desejos? A discussão sobre as obras desses autores considera que, apesar de se inclinarem em direção à autobiografia, as narrativas aqui analisadas põem em xeque esse eu que se narra: ainda que exista identidade de nomes – estando cumprida, portanto, a prerrogativa de Lejeune – nada se pode dizer de efetivo sobre o sujeito que se julga vislumbrar nessas obras. O debate que as narrativas desses autores propõem é, então, a respeito do lugar da arte em um cenário cultural onde a bisbilhotice, a curiosidade sobre a vida particular dos autores se converte em apreciação estética. Após a análise das obras dos autores citados, discute-se a respeito de dois casos em particular: Cristóvão Tezza e Miguel Sanches Neto, cujos romances O filho eterno e Chove sobre minha infância, ambos largamente premiados, orientam uma leitura autobiográfica – sendo esse, inclusive, um dos méritos alardeados a respeito das obras. No entanto, os dois autores, ao defenderem suas obras, negam esse mesmo caráter autobiográfico, como se isso diminuísse sua posição como criadores. O que está em jogo, nos dois casos, é a validade da criação artística face à autobiografia. Por fim, o debate se encerra insinuando que a escrita de si, tal como é vista nas obras desses autores, faz parte de um quadro maior, onde o real se oferece como representação e a literatura – e a vida dos autores – se converte em produto de entretenimento a ser consumido. ______________________________________________________________________________ ABSTRACT / This work discusses the profusion of self-writing in the Brazilian Contemporary literary scene, focusing on novels and short stories that present a narrator who shares the author's name stamped on the cover, or that it can be linked to him/her because of similarities between the life of the narrator and the author. This connection blends the autobiographical pact, according to Philippe Lejeune. For this French author, the identity of names establishes a reading contract that guides the reader to an autobiographical interpretation of the text: what is read is the life of the individual enrolled on the page, organizing experience, recording memories, exposing oneself to the look of the other, purging and confessing sins. In this context, the debate focuses on Sérgio Sant'Anna‟s work, where the autobiographical aspect of his short stories is traversed by an enacted intimacy, and the reader does not know, after all, if the factual record is true or false; Bernardo Carvalho‟s work, for whom the identity and experience is a constant theme, always on the agenda because of their instability, and Marcelo Mirisola‟s work, who insinuates himself as the protagonist of his short stories and novels, confusing the reader about what he says or thinks: after all, is his narrative a disclosure of opinions and desires? The discussion about the works of these authors consider that although inclined towards autobiography, the narratives hereby analyzed put into question this self-writing: although there is a name identification–fulfilling, therefore, Lejeune‟s prerogative – nothing can be said about the individual that is supposed to be seen in these works. Therefore, the debate that the narratives of these authors propose is about theplace of art in a cultural setting where gossip, curiosity about the private lives of authors becomes aesthetic appreciation. After reviewing the works of these authors, this study discusses two particular cases: Cristóvão Tezza‟s and Miguel Sanches Neto‟s, whose novels O filho eterno and Chove sobre minha infância, both widely awarded, guide to an autobiographical reading – and this is a one of the merits of these works. However, these two authors deny this autobiographical characteristic, when defending their works, as if it decreases their status as creators. In both cases, what is at stake is the validity of artistic creation in the view of autobiography. Finally, the debate ends implying that the writings of the self, as seen in the works of these authors, is part of a larger picture, where reality seems as representation and the literature – as well the lives of the authors – is converted into entertainment product to be consumed.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/9975 |
Date | 17 October 2011 |
Creators | Araújo, Pedro Galas |
Contributors | Dalcastagnè, Regina |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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