Esta pesquisa tem como objetivo central ampliar os saberes sobre a animalidade, implicando outras relações de alteridade na educação, a partir da emergência de uma noção de poéticas da animalidade, movimentada pela criação de um diálogo entre as provocações ético-estéticas de certas obras das artistas visuais Ana Teresa Barboza e Nara Amelia e das escritoras Clarice Lispector, Veronica Stigger e Noemi Jaffe. Para tanto, a pesquisa estabelece três movimentos, sempre permeados pelas obras escolhidas, que nos provocam a olhar nosso objeto de outros modos. O primeiro movimento consiste em uma apresentação do recente campo de estudos da animalidade, em que se inserem os teóricos, escritoras e artistas parceiros desta investigação. No segundo movimento, a partir de um diálogo entre literatura e artes visuais, percorremos algumas construções filosóficas e históricas que aparentemente nos fizeram temer e negar nossa animalidade, como também buscamos outras visões que multiplicam o que entendemos por animalidade e suas relações com outras formas de alteridade, a partir do pensamento de Eduardo Viveiros de Castro e de Jacques Derrida. O terceiro movimento se estabelece a partir de uma criação poética da animalidade, no diálogo entre determinadas obras das artistas visuais e escritoras escolhidas. Assim, cria-se uma condição de possibilidade para a emergência do conceito de poéticas da animalidade enquanto potências que nos provocam, desestabilizam, educam mediante outras racionalidades. Esse conceito será movimentado a partir de uma noção de experiências de animalidade, experiências de alteridade, em algumas memórias da animalidade que habita a escola, bem como da presença real dos animais nesse espaço, com a contribuição do pensamento de Carlos Skliar. Esses exercícios, entrelaçados ao conceito de poéticas da animalidade, são entendidos como operações pedagógicas de resistência, criação poética e estética na escola, que buscam outras formas de pensar nossa animalidade e a convivência com os outros enquanto alteridades radicais, independentemente de sua forma, gênero, espécie e raça, provocando-nos a usar de outros modos a razão, a linguagem e nossa sensibilidade. Por fim, sugere-se que, para essas operações acontecerem na escola, é necessário pensarmos num outro tempo escolar: um tempo de animalidade na escola, um tempo de sentir e permitir-se ser outros, um tempo que suspende nossas certezas demasiadamente humanas de um saber puramente racional que não deu conta dos problemas que temos enfrentado na escola, na vida e no mundo, um tempo que nos leva a pensar na possibilidade de uma formação ―humana‖ pela animalidade. / This research aims mainly at broadening the knowledge on animality, implying other relations of alterity in education, starting from the emergence of a notion of the animality poetics, triggered by the creation of dialog between the ethical-aesthetical provocation in certain works from visual arts artists Ana Teresa Barboza and Nara Amelia, as well as in writers Clarice Lispector‘s, Veronica Stigger‘s, and Noemi Jaffe‘s works. For this purpose, three moves are established in the research, always permeated by the selected works, which lead us to look at our subject from a different perspective. The first move consists in a presentation of the recent field of studies of animality, which includes the theorists, writers, and partner artists of this investigation. In the second move, beginning from a dialog between literature and visual arts, we range over some philosophical and historical constructions, which, apparently, have made us fear and deny our animality. Likewise, we search for other views that multiply what we understand as animality and its relations with other forms of alterity, according to Eduardo Viveiros‘ and Jacques Derridas‘ way of thinking. The third move is based on a poetic creation of animality in the dialog among some specific works from the chosen visual arts artists and writers. Thus, a Condition of Possibility is created for the emergence of the concept of animality poetics as powers that provoke, destabilize, and educate us, in face of other rationale. This concept will be moved starting from a perception of experiences with animality and alterity, in some animality memories that inhabit the school, as well as the real presence of the animals in that area, according to Carlos Skliar‘s way of thinking. These exercises, interwoven with the concept of animality poetics, are acknowledged as pedagogical operations of resistance, poetic and aesthetic creation in the school, which seek other ways of thinking in relation to our animality and the interaction with others as radical alterity, apart from their shape, gender, species, and race, provoking us to use reasoning, language, as well as our sensibility, in different ways. Finally, for such operations to take place in the school, we need to think about another school time; a time with animality in the school, a time to feel and allow ourselves to be the others, a time that lays off our excessively human certainties from a purely rational knowledge, which has not taken control over the matters we have faced in school, in life, and in the world as well, a time that leads us to think of the possibility of a ―human‖ formation through the animality.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/184698 |
Date | January 2018 |
Creators | Morais, Tathiana Jaeger de |
Contributors | Loponte, Luciana Gruppelli |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.002 seconds