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Transporte de moléculas orgânicas através de poros nanoscópicos unitários

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Previous issue date: 2006 / A interação do nanoporo protéico (canal iônico) formado pela α-hemolisina (α-HL) em
suporte lipídico plano (membrana) com polímeros do etilenoglicol foi investigada sob dois
aspectos: i) entender as bases físico-químicas do processo de transporte destas moléculas
orgânicas via poros nanoscópicos e, ii) examinar a viabilidade do emprego do poro
nanoscópico como elemento sensor, para detecção estocástica e monitoramento em tempo real
de compostos orgânicos em sistemas aquosos. A escolha de duas formas de um mesmo
polímero deve-se ao fato de que apesar deles serem quimicamente semelhantes e estáveis,
geram estruturas com massa e configurações moleculares diferentes: circular, o éter de coroa
(1,4,7,10,13,16-hexaciclooctano, 264 Da), e linear, polietilenoglicóis (PEGs, 200 a 3000 Da).
A repulsão entrópica é o principal fator determinante da interação entre o nanoporo e estas
moléculas em concentrações de KCl menores que 1 M. O aumento na concentração de KCl
até 4 M, aumenta fortemente a força de interação entre o nanoporo e o polímero, tornando-a
maior que a repulsão entrópica. O potencial transmembrana, a estrutura e a massa molecular
do polímero também influem fortemente nesta interação. A presença destas moléculas
orgânicas no lume aquoso do canal manifesta-se por decréscimo na condutância iônica média
do nanoporo, e aumento no ruído de corrente iônica. Para o éter de coroa (264 Da) e PEGs
com massas moleculares (200-400 Da) semelhantes, o ruído branco até 1 kHz, indica um
rápido intercâmbio destas moléculas entre o canal e a solução banhante da membrana.
Todavia contrariamente aos PEGs (200-400 Da), a redução de condutância (indicativo do
particionamento do éter de coroa no canal), e a intensificação do ruído de corrente (relativo à
dinâmica do polímero no nanoporo) dependem fortemente e de forma não monotônica do
potencial transmembrana, demonstrando que o éter de coroa atua formando complexo com
K+, enquanto que os PEGs menores, são neutros. Considerando o fenômeno de ocupação do
canal pelo éter de coroa, descrito por um modelo Markoviano de dois estados, determinamos
que o seu tempo de permanência no interior do canal, é máximo (~3 μs), na mesma voltagem
(100 mV) em que ocorre a maior redução da condutância iônica. Por outro lado, PEGs de
massa molecular maior (600, 1000, 1500, 2000 e 3000 Da) em concentrações salinas elevadas
(>1 M KCl), interagem com o nanoporo, dependentemente do potencial transmembrana,
indicando a presença de carga elétrica nas moléculas destes polímeros, nessas condições.
Estas interações são muito mais fortes que àquelas observadas para o éter de coroa e PEGs de
menor massa; conseqüentemente manifestam-se não só por aumento do ruído de corrente
iônica, mas, principalmente, pela geração de assinaturas moleculares específicas, que
correspondem a profundidade de bloqueio e o tempo de permanência de cada molécula do
PEG, no lume aquoso do nanoporo. Os decréscimos nas condutâncias do canal (bloqueios)
induzidos por PEGs foram praticamente proporcionais as variações na condutividade da
solução salina banhante da membrana, indicando que a água no lume do poro nanoscópico e
na solução banhante da membrana, se comporta de maneira similar, e que a presença do
polímero reduz a condutividade em ambos os meios por um mesmo mecanismo. A interação
entre os PEGs e o nanoporo depende da massa molecular do polímero. Em 4 M de KCl, o
tempo de ocupação do poro aumentou de ~0.04 ms, na presença do PEG 600 Da, para ~270
ms, no caso do PEG 3000 Da (uma diferença de ~6000 vezes), enquanto que o coeficiente de
partição aumentou em ~250 vezes. A energia de interação entre o nanoporo e os PEGs (≥1000
Da) foi estimada em ~0.13 kT por monômero do polímero. Deste modo altas concentrações de
cloreto de potássio na solução banhante da membrana, aumenta a energia da interação das
moléculas poliméricas com o nanoporo, criando as condições favoráveis para detecção
estocástica de PEGs (600 a 3000 Da). Outrossim, a viabilização do sistema nanoporomembrana
como elemento sensor para o desenvolvimento de biossensores estocásticos é
possível, porém, estudos adicionais referentes à sua estabilização físico-química, aquisição e
automação da análise de assinaturas digitais de corrente, são necessários

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/2100
Date January 2006
CreatorsRODRIGUES, Cláudio Gabriel
ContributorsKRASILNIKOV, Oleg Vladimirovich
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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