O câncer de boca é atualmente um grave problema de saúde mundial. A incidência varia amplamente todo o mundo. Vários fatores de risco têm sido associados com cânceres da cavidade oral, tais como o fumo, consumo de bebidas alcoólicas, pobre saúde bucal e infecção pelo papiloma vírus humano. O mecanismo pelo qual bebidas alcoólicas provocam câncer oral é desconhecido, mas provavelmente envolve exposição tópica. Diferentes estudos têm sido conduzidos por muitos anos, a fim de esclarecer a possível relação entre o uso crônico de enxaguatórios bucais com álcool e câncer oral. O objetivo desse estudo foi avaliar o uso de enxaguatórios bucais em pacientes com câncer de boca e orofaringe. Foram entrevistados 53 pacientes por meio de um questionário específico de dois centros de referência para o diagnóstico e tratamento do câncer. O grupo caso foi constituído por 33 pacientes, com diagnóstico final de carcinoma epidermóide de boca e orofaringe com sítios nas seguintes localizações anatômicas: face interna dos lábios, língua, gengiva, assoalho da boca, palato e úvula, mucosa oral, vestíbulo da boca, área retromolar, outras partes e partes não especificadas da boca, amígdala e orofaringe. O grupo controle foi constituído por 20 pacientes atendidos em outros ambulatórios dos mesmos hospitais e serviços não ligados a oncologia. Os resultados obtidos mostraram que 42,4% dos pacientes do grupo caso eram portadores de lesão na língua e 16 casos (30,3%) estavam classificados como Estádio clínico IV. O uso de prótese não mostrou associação com relação aos grupos (p>0,05). No grupo caso, 81,8% não fazem uso de fio dental e com diferença estatisticamente significativa ao grupo controle (p=0,036). Quanto à escovação dentaria, notamos comportamento contrário onde os casos escovam mais vezes no dia do que o controles. Com relação ao enxaguante bucal, o grupo controle fazia menos uso de enxaguatórios quando comparado ao grupo caso que utilizava mais vezes ao dia (p=0,028). Os pacientes do grupo caso fumavam mais que os do grupo controle, sendo tal diferença significativa (p=0,004), quando se quantificou o consumo de tabaco em maços/ano (quantidade de maços de cigarro e equivalente em outros tipos de cigarro consumidos diariamente por 1 ano) tal diferença também se mostrou maior no grupo caso (p=0,044). O mesmo comportamento foi observado no consumo de etanol (consumo em mililitros por dia durante o ano) (p=0,031). Concluímos com este estudo que, mesmo com uma pequena casuística, através de uma analise estratificada, o uso de enxaguatório foi quatro vezes maior em etilistas, porém não se observou aumento do risco em tabagistas, abstêmios alcoólicos e não tabagistas. / Oral cancer is a major problem worldwide nowadays. The incidence varies widely throughout the world. A great variety of risks have been associated with oral and oropharyngeal cancers,such as tobacco and alcohol consumption, poor oral health, and human papilloma virus infection. The mechanism through which alcohol contributes to oral cancer is unknown, but it probably involves topical and systemic exposition. Different studies aiming to clarify a possible association between alcoholic mouthwashes and oral cancer have been conducted for many years. The objective of this study was to evaluate oral hygiene habits and the use of mouthwashes in oral and oropharyngeal cancer patients. Fifty-three patients from two cancer centers were interviewed by means of a specific questionnaire. The case group comprised 33 patients diagnosed with squamous cell carcinoma located at the following anatomical sites: lips, tongue, gingiva, floor of the mouth, buccal mucosa, palate, uvula, pharyngeal tonsil, oropharynx, and other non-specified parts. The control group comprised 20 patients with non-neoplastic treatments. The results showed that 42.4% the of case group patients presented tongue lesions, 16 patients were classified at stageIV. The dental prosthesis used were not associated with either group (p>0.05). In the case group,81.8% of the patients do not use dental floss, with statistical significance forthe control group (p=0.036). Tooth brushing was more frequent in the case group compared with the control group. Oral mouthwash use was less common in the control group thanin the case group (p=0.028). Tobacco was widely used in the case group, with statistical significance (p=0.004); when the amount of tobacco in packs/yearwas quantified, the difference was higher in the case group (p=0.0044). The same pattern was observed for alcohol consumption (ml-day/year) (p=0.031). Despite the minor casuistic, using a stratified analysis, we conclude that the use of oral mouthwash was four times higher in alcoholic patients, but no increasedrisk was observed in tobacco users, alcohol abstainers, and non-smokers.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-19022015-114144 |
Date | 06 August 2014 |
Creators | Assunção Junior, José Narciso Rosa |
Contributors | Lemos Júnior, Celso Augusto |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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