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Operações poéticas de Eugênio Montale

Tese (doutorado)- Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2017. / Made available in DSpace on 2017-08-15T04:12:13Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2017 / Esta pesquisa aborda imagens que os minerais sólidos reverberam nos poemas de Ossi di seppia (Ossos de sépia), do italiano Eugenio Montale. Nosso estudo será focado em poemas escritos entre 1916 e 1927. O interregno indica que se trata de uma obra concebida e elaborada aos poucos, razão por que por algum tempo o autor considerou Ossi di seppia uma obra inacabada, ainda que já a tivesse publicado. O poeta, que nasceu em 1896, em Gênova, capital da Ligúria, nos tempos em que elaborava a obra vivia as confluências de uma transição cultural, que envolvia o ambiente da família, de tradições católico-burguesas, além da conjuntura política e cultural que compunha o cenário do pós-Grande Guerra. Os minerais, em grande evidência nesta obra, retratam o cenário natural lígure, compreendendo: mar, água, sal, pedras, rochas e cascalho. Geralmente, em razão de sua natureza rígida ou dura, os minerais sólidos, são analisados pela crítica sob a perspectiva metafórica, que os associa a obstáculos existenciais. Porém, Ossi di seppia compreende uma complexa rede de relações, pois, enquanto a época está para os grandes eventos, como a Primeira Guerra, Montale está para um mundo aparentemente insignificante, à sua volta, feito de formigas, passarinhos, mar, fendas das pedras, entre outros. Ele lhes concede voz, valendo-se das características imprevisíveis e irreverentes da natureza para questionar a inexorabilidade de determinados percursos. Levando-se em conta a concepção de arte do escritor, num momento em que as controvérsias históricas prenunciavam grandes mudanças culturais, como se poderiam interpretar as imagens dos minerais sólidos no texto poético montaliano? Nossa hipótese é de que os versos desta obra não podem ser tomados como simples expressão de uma existência angustiada, mas como manifestação particular de um poeta que reconhece o elemento que perdura, ou seja, o real conjugado à memória. Ao longo dos três capítulos deste trabalho, demonstraremos que os poemas confrontam, de forma particular, as convenções da representação na obra de arte. Muito mais do que operar por associação de sentidos e semelhanças, a abordagem contrabalança ideias opostas, evidenciando, ademais, os fragmentos e os objetos do cotidiano, enquanto modo de construir as contrametáforas. Os poemas, lidos sob a ótica da dialética, rompem com os esquemas lineares e expressam uma particular percepção da história. Comprovaremos as correlações entre concepções filosóficas e texto poético, operação que dá origem a uma arte poética que atualmente se pode denominar de poesia-pensamento.<br> / Abstract : This research approaches images that the solid minerals reverberate on poems from Ossi di seppia (Cuttlefish Bones), by the italian Eugenio Montale. Our study will be focused on poems written from 1916 to 1927. The interregnum indicates that it was a work that was conceived and elaborated gradually, reason why the author considered Ossi di seppia an unfinished work, even if it was already published. The poet was born in 1896, in Genova, Ligúria?s capital, at the time he was elaborating the work, he was living the confluences of a cultural transition, that involved his family, which had catholic-bourgeois traditions, besides the political and cultural conjectures that painted the scenery post-Great War. The minerals, in great evidence in this work, portray the ligurian natural scenario, comprehending: sea, water, salt, stones, rocks and gravel. Usually, due to its hard and rigid nature, the solid minerals are analyzed by the critics under its metaphoric nature, that associates them with existential obstacles. However, Ossi di seppia comprehends a complex net of relations, because, while the time is for the great events, like the First World War, Montale?s time is for an apparently insignificant world around him, made of ants, birds, sea, slits in rocks, amongst other things. He gives them voice, backed by the unpredictable and irreverent characteristics of the nature, to question the inexorability of some trajectories. Taking in account the writer?s conception of art, in a moment where the historical controversies foreshadowed great cultural changes, how could the solid mineral images be interpreted in the montalian poetic text? Our hypothesis is that the verses of this work cannot be taken as a simple expression of an anguished existence, but as a particular manifestation of a poet that recognizes the enduring element, in other words, the real conjugate to the memory. Throughout the three chapters of this work, we will show that the poems confront, in a particular way, the conventions of the representations in artwork. Much more than operate by the association of senses and resemblances, the approach counterbalances opposite ideas, evidencing, moreover, the everyday fragments and objects, as a way of constructing the countermetaphores. The poems, read through the dialectic lenses, break with the linear plots and express a particular perception of history. We will show the correlations between philosophical conceptions and poetic text, operation which gives rise to what could be called nowadays of poetry-thought.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/178324
Date January 2017
CreatorsChiarelotto, Arivane Augusta
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Peterle, Patricia
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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