Esta pesquisa tem como objetivo compreender como as relações entre as representações de professores e alunos do ensino médio, quando confrontadas às regras escolares, aos currículos e aos materiais didáticos, engendram disputas em torno da leitura legítima de obras literárias no espaço escolar. Assim, a partir da perspectiva sóciohistórica, a pesquisa coloca em cena o modo como a linguagem ganha funções e sentidos na trama do cotidiano escolar por meio da força exercida por agentes cujas posições sociais estabelecem pontos de tensão, questionamento e resistência à cultura legítima ao mesmo tempo em que produzem a matriz socializadora possível, como propõe Bernard Lahire, a partir da qual a escola produz disposições com relação à linguagem. Partimos da compreensão que o ensino médio vem passando por períodos de expansão desde o início do século XX que ampliaram a presença de diferentes grupos sociais em seu interior, o que dá contornos específicas às disputas em tela. Para a confecção da pesquisa, utilizamos como fontes as observações das aulas de Língua Portuguesa no ensino médio; os livros didáticos presentes nas aulas; e os currículos estadual e federal em vigência; além disso, realizamos entrevistas com oito alunos e duas professoras de Língua Portuguesa; e uma enquete com os alunos do ensino médio regular. Para construirmos nossas análises, buscamos a contribuição de autores como Roger Chartier, Pierre Bourdieu e José Mário Pires Azanha. Percebeu-se que por meio de ações socialmente situadas, estruturadas por esquemas cognitivos advindos do mundo natal e da incorporação de sentidos escolares temporalmente articulados, os alunos e as professoras efetuam reelaborações de leitura de obras literárias na escola. Ao colocar em evidência a leitura segundo as concepções curriculares e presentes no inconsciente escolar, as professoras efetivam uma apropriação problemática das obras literários, favorecendo relações que tomam a leitura como objeto. Ao mesmo tempo, os alunos parecem negar o que é ensinado na escola, pois não são explicitadas suas aproximações com a cultura natal. Resta a impressão de uma escolarização sem sentidos e de conteúdos com pouco utilidade em seus projetos de futuro. / The purpose of this research is to understand how the relations between the representations of teachers and high school students, when confronted with school rules, curriculum and didactic materials, come into relationship and generate disputes around the legitimate reading of literary works in the school space . Thus, from the socio-historical perspective, the research puts on the scene how language gains functions and meanings in the fabric of school life through the force exerted by agents whose social positions establish points of tension, questioning and resistance to legitimate culture while at the same time producing the possible socializing matrix, as proposed by Bernard Lahire, from which the school produces dispositions with regard to language. We start from the understanding that secondary education has undergone periods of expansion since the beginning of the twentieth century that have increased the presence of different social groups in its interior, which gives specific contours to the disputes on the screen. For the preparation of the research, we used as sources the observations of Portuguese Language classes in high school; the textbooks present in class; and the current state and federal curriculum; in addition, we conducted interviews with eight students and two teachers of Portuguese Language; and a poll with regular high school students. In order to construct our analyzes, we seek the contribution of authors like Roger Chartier, Pierre Bourdieu and José Mário Pires Azanha. It was noticed that by means of socially situated actions, structured by cognitive schemes originating from the natal world and the incorporation of temporally articulated school meanings, the students make reelaborations of reading of literary works in the school. By highlighting the reading according to the curricular conceptions and present in the school unconscious, the teachers effect a problematic appropriation of the literary works, favoring relations that take the reading as object. At the same time, students seem to deny what is taught at school, as their approaches to natal culture are not explicit. There remains the impression of a schooling without senses and content with little utility in their future projects.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-15022018-102511 |
Date | 14 November 2017 |
Creators | Patrícia Aparecida do Amparo |
Contributors | Dislane Zerbinatti Moraes, Raquel Lazzari Leite Barbosa, Denice Barbara Catani, Rita de Cassia Gallego, André Désiré Robert |
Publisher | Universidade de São Paulo, Educação, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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