Introdução: O uso de biomassa como combustível para aquecimento e preparação de alimentos vem sendo considerado como um importante fator associado à prevalência aumentada de sintomas respiratórios e à perda de função pulmonar. No presente estudo apresentamos os efeitos respiratórios da exposição crônica à combustão de biomassa (BM) dentro (BMD) ou fora (BMF) do domicílio em uma população do interior do Brasil e comparamos os resultados aos de indivíduos da mesma população que utilizam gás liquefeito de petróleo (GLP). Métodos: Foram incluídos 1402 indivíduos em 260 domicílios divididos em três grupos de acordo com a exposição (GLP, BMD, BMF). Os sintomas respiratórios foram avaliados utilizando questionários validados. O índice de refletância de filtros de papel foi utilizado para avaliar a exposição à biomassa. Em 48 domicílios a concentração de material particulado PM2,5 também foi quantificada. Provas de função pulmonar (PFP) foram realizadas em 120 indivíduos. Resultados: O índice de refletância correlacionou-se diretamente com a concentração de PM2,5 (r=0,92, p<0,001) e foi portanto utilizado para estimar a exposição (ePM2,5). Demonstramos aumento significativo do ePM2,5 no grupo BMD e BMF em comparação com o grupo GLP (p<0,001). Houve ainda aumento significativo da razão de chances (OR) para tosse produtiva, chiado e dispnéia nos adultos expostos à BMD (OR=2,93, 2,33, 2,59, respectivamente) e BMF (OR=1,78, 1,78, 1,80, respectivamente) em comparação com o grupo GLP. As PFP demonstraram que tanto o grupo BM-nãotabagista como GLP-tabagista apresentaram redução no % do VEF1 predito e na relação VEF1/CVF quando comparado com GLP-não-tabagista (p=0,002), o mesmo ocorrendo para o grupo BM-tabagista, em relação a todos os demais (p<0,05). A prevalência de obstrução de vias aéreas encontrada no grupo BM-não-tabagista e GLP-tabagista foi semelhante (20%) e menor do que a observada no grupo BM-tabagista (33%). A PFP correlacionou-se inversamente com o tempo de exposição e a concentração de ePM2,5 (p<0,001). Conclusões: A exposição crônica à combustão de biomassa está associada com o aumento da prevalência de sintomas respiratórios, redução da função pulmonar e desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crônica. Esses efeitos estão associados com a duração e magnitude da exposição e são potencializadas pelo tabagismo. / Introduction: The use of biomass fuels for cooking and heating is considered an important factor associated with respiratory symptoms and loss of pulmonary function. We report the respiratory effects of chronic exposure to biomass (BM) combustion in a Brazilian population and compared the results with those of individuals from the same community using Liquefied Petroleum Gas (LPG). Methods: 1,402 individuals in 260 residences were divided into three groups according to exposure (LPG, indoor-BM, outside-BM). Respiratory symptoms were assessed using questionnaires. Reflectance of paper filters was used to assess BM. In 48 residences the amount of PM2.5 was also quantified. Pulmonary function tests (PFT) were performed in 120 individuals. Results: Reflectance-index correlated directly with PM2.5 (r=0.92, p<0.001) and was used to estimate exposure (ePM2.5). There was a significant increase in ePM2.5 in Indoor-BM and Outside-BM, compared to LPG (p<0.001). There was a significantly increased odds ratio (OR) for cough with sputum, sneezing and dyspnea in adults exposed to Indoor-BM (OR=2.93, 2.33, 2.59, respectively) and Outside-BM (OR=1.78, 1.78, 1.80, respectively) compared to LPG. PFTs revealed both non-smoker-BM and smoker-LPG individuals to have decreased %predicted-FEV1 and FEV1/FVC as compared to non-smoker-LPG (p=0.022). Reduction was also observed in both parameters between smoker-BM and other groups (p<0.05). The prevalence of chronic obstructive pulmonary disease was 20% for both non-smoker-BM and smoker-LPG and smaller than that observed for smoker-BM (33%). PFT data was inversely correlated with duration and ePM2.5 (p<0.001). The prevalence of airway obstruction was 20% in both non-smoker-BM and smoker-LPG subjects. Conclusions: Chronic exposure to BM is associated with increased prevalence of respiratory symptoms, reduced lung function and development of chronic obstructive pulmonary disease. These effects are associated with the duration and magnitude of exposure and are exacerbated by tobacco smoke.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-31082010-104952 |
Date | 28 June 2010 |
Creators | Luiz Fernando Ferraz da Silva |
Contributors | Marisa Dolhnikoff, Marcos Abdo Arbex, Álvaro Augusto Souza da Cruz Filho, Thais Mauad, Paulo Hilario Nascimento Saldiva |
Publisher | Universidade de São Paulo, Patologia, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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