A concentração espacial da indústria no Brasil é histórica e o tema de muitos debates, sendo mais uma das persistentes desigualdades brasileiras. O Sudeste e o Sul concentram a maior parte da produção industrial, um cenário que começou a se modificar somente a partir do fim da década de 60 e início da de 70, porém lentamente. Essas aglomerações industriais não são um evento único do Brasil, ocorrendo em vários outros países, levando os economistas a estudarem o porquê das firmas procurarem se localizar geograficamente próximas, mesmo hoje em dia com a evolução dos transportes e das telecomunicações. Assim, entre outras explicações, existem as chamadas economias de aglomeração, que trazem vantagens para as firmas aglomeradas, sendo então uma força centrípeta no processo de organização territorial. Entre essas forças, uma que vem se tornando cada vez mais importante é o transbordamento de conhecimento, que pode ser responsável pelo crescimento das aglomerações mais recentes e pela transformação de algumas antigas. A importância da inovação para o crescimento econômico vem aumentando, conforme os países vão crescendo e diante dos novos paradigmas tecnológicos, como as chamadas economias do conhecimento, que englobam os setores de alta tecnologia como computação, biotecnologia, meios de comunicação, entre outros. Assim, torna-se importante também verificar o grau inovativo das aglomerações, já que o crescimento do Brasil deve ser cada vez mais impulsionado pela inovação tecnológica, como um meio de desenvolvimento mais sustentado e eficaz. Uma forma de medir esse grau inovativo é através das habilidades, perícias, conhecimentos e outras características do mercado de trabalho das aglomerações, analisando se há uma capacidade inovativa incorporada nas características do mercado de trabalho, considerando ainda o nível tecnológico dos setores e as ocupações diretamente associadas à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Atualmente, a intensidade da concentração no Brasil ainda é grande, e os resultados do presente trabalho revelaram a existência de 17 aglomerações industriais relevantes (AIR) em 2010, sendo que 11 encontraram-se no Sul e Sudeste e concentraram aproximadamente 59% da produção industrial. O resultado central de que ainda há uma enorme concentração territorial da indústria não se altera significativamente ao se considerar outras especificações além do modelo padrão, que foi utilizado para identificar as AIRs. Em compensação, há evidências de que o processo de desconcentração industrial continuou no período de 2000-2010, no entanto ainda sem conseguir alterar significativamente o quadro geral. Além disso, aparentemente a desconcentração intra-regional foi mais intensa que a inter-regional, porém ocorrendo mais no Sul e Sudeste. Os resultados do grau inovativo revelam que o Sul e Sudeste ainda são as regiões mais inovativas, seguidas pelo Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Eles também colaboram para a evidência de que o Sul e Sudeste estão conseguindo disseminar a sua infraestrutura e capacidade inovativa para novos polos dinâmicos. As AIRs de Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Caxias do Sul e Belo Horizonte foram as mais inovativas em 2012. Identificaram-se 19 clusters de inovação nesse ano, sendo a maioria do Sul e Sudeste e nenhum do Norte. Em relação à evolução do grau inovativo, destacou-se a região do Rio de Janeiro e de Curitiba-Joinville, enquanto São Paulo permaneceu estável no período de 2003 a 2012. Fora do Sul e Sudeste, destacaram-se as regiões metropolitanas de Recife e Salvador, mesmo que essa última tenha perdido espaço no período analisado. / The spatial concentration of industry in Brazil is historic, and the subject of many debates, being one of the most persistent inequalities in Brazil. The Southeast and Southern regions concentrate most of the industrial production, a scenario that began to change only after the end of the 60s and early 70s, but slowly. These industrial clusters are not a single event in Brazil, occurring in several other countries, leading economists to study why firms seek to locate geographically close, even today with the development of transport and telecommunications. Thus, among other explanations, there are so-called agglomeration economies, which bring benefits to clustered firms, then being a centripetal force in the territorial organization process. Among these forces, one that is becoming increasingly important is the spillover of knowledge, which may be responsible for the growth of recent agglomerations and the transformation of some old ones. The importance of innovation to economic growth is increasing as countries evolve and face the new technological paradigms, such as the so-called knowledge economies, which include the high-tech sectors like computing, biotechnology, media, among others. Thus, it becomes important to also check out the innovative degree of the agglomerations, since Brazil\'s growth must be increasingly driven by technological innovation as a means to more sustainable and effective development. One way to measure this innovative degree is through the skills, expertise, knowledge and other characteristics of the agglomeration\'s labor market, analyzing whether there is a built-in innovative capacity in the labor market, also considering the technological level of the sectors and the occupations directly associated with Research and Development (R&D). Currently, the intensity of concentration in Brazil is still great, and the results of this study revealed the existence of 17 relevant industrial agglomerations (AIR) in 2010, of which 11 met in the South and Southeast regions and concentrated approximately 59% of industrial production. The central result that there is still a huge territorial industry concentration does not change significantly when considering other specifications beyond the standard model, which was used to identify the AIRs. In contrast, there is evidence that the process of industrial decentralization continued in the period 2000-2010, however still unable to significantly alter the overall picture. Also, apparently the intra-regional decentralization was more intense than the inter-regional, but occurring more in the South and Southeast regions. The results of the innovative degree reveal that South and Southeast regions are still the most innovative, followed by Northeast, Midwest and North regions. They also collaborate to evidence that the South and Southeast regions are managing to spread its infrastructure and innovative capacity for new dynamic centralities. The AIRs of Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Caxias do Sul and Belo Horizonte were the most innovative in 2012. It was identified 19 clusters of innovation this year, most in the South and Southeast regions and none in the North region. Regarding the evolution of innovative degree, was distinguished the regions of Rio de Janeiro and Curitiba-Joinville, while São Paulo remained stable from 2003 to 2012. Out of the South and Southeast regions, the highlights were the metropolitan regions of Recife and Salvador, even though the latter has lost ground in the period analyzed.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-23012015-172430 |
Date | 15 December 2014 |
Creators | Ednaldo Moreno Góis Sobrinho |
Contributors | Carlos Roberto Azzoni, André Luis Squarize Chagas, Aguinaldo Nogueira Maciente |
Publisher | Universidade de São Paulo, Economia, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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