Return to search

As relações interpessoais dos usuários de crack e fatores de risco associados

O crack é a substância ilícita que mais leva à busca por tratamento para uso de substâncias no Sistema Único de Saúde (SUS). Os usuários frequentemente relatam dificuldades nos seus relacionamentos interpessoais, no entanto ter relacionamentos saudáveis é crucial para o processo de recuperação. As evidências até agora demonstram que além do uso de substâncias psicoativas, outros fatores da vida do sujeito, como características sociodemográficas, dificuldades emocionais, comportamentais e sociais podem se tornar barreiras para o resgate e cultivo de relacionamentos saudáveis. Sendo assim, a presente dissertação teve por objetivo investigar a associação entre severidade dos problemas no funcionamento interpessoal dos usuários de crack e fatores de risco associados, tais como características sociodemográficas, fatores relacionados ao uso de substâncias do paciente, de seus parceiros, familiares e amigos e comorbidades psiquiátricas. Este foi um estudo transversal multicêntrico, com a participação de homens e mulheres (N=407), em tratamento para problemas por uso de crack, na rede de saúde pública de seis capitais brasileiras. A magnitude de associação entre o desfecho (T-score: problemas na área Família/Social) e os fatores em estudo (características sociodemográficas, comorbidades psiquiátricas, exposição a eventos estressores na vida, uso recente de substâncias psicoativas, dados sobre o consumo de substâncias pelos usuários, seu parceiro, familiares adultos e amigos e envolvimento com atividades ilícitas) foi avaliada através da razão de prevalência (RP), estimada pela regressão de Poisson com variância robusta. Ter diagnóstico de abuso de álcool, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno da personalidade antissocial, episódio depressivo atual e o número de dias consumindo crack no último mês estava significativamente associado com maior severidade nos problemas na área Família/Social. Os achados deste estudo demonstram uma relação entre maior frequência de uso de crack e co-morbidades psiquiátricas com ter mais problemas nos relacionamentos com parceiros, familiares e amigos. Sendo a reinserção social, uma conquista fundamental para a recuperação, nossos achados apontam que, além do uso de crack em si, outros elementos podem representar barreiras para o bom funcionamento social destas pessoas. Estes resultados advogam em favor do desenvolvimento de intervenções psicossociais que foquem na melhora do funcionamento interpessoal de usuários de crack e a inclusão de familiares e amigos nas abordagens terapêuticas. Além disso, sugere-se o oferecimento de tratamento concomitante para as comorbidades psiquiátricas. / Crack-cocaine is the illicit psychoactive substance that most leads to substance use treatment seeking in the Unified Health System (SUS). Users frequently report difficulties in interpersonal relationships, yet having healthy relationships is crucial to the process of recovery. Evidence so far demonstrate that in addition to psychoactive substance use, other factors in the user’s life, such as sociodemographic characteristics, emotional, behavioral, and social problems, may become barriers to the rescue and cultivation of healthy relationships. Thus, the present dissertation aimed to investigate the association between severity of problems in interpersonal functioning of crack-cocaine users and related risk factors such as sociodemographic characteristics, consumption of psychoactive substances by users, partners, adult relatives and friends, and psychiatric comorbidities. This was a multicenter cross-sectional study, involving men and women (N = 407), undergoing treatment for their crack-cocaine use in public health facilities of six Brazilian capitals. The magnitude of association between the outcome (T-score: problems in the Family/Social area) and factors under study (sociodemographic characteristics, psychiatric comorbidities, exposure to lifetime stressful events, data regarding the use of psychoactive substances by users, their partner, adult relatives and friends and engagement in illicit activities) was evaluated by the prevalence ratio (PR), estimated by Poisson regression with robust variance. Having a comorbid diagnosis of alcohol abuse, posttraumatic stress disorder, antisocial personality disorder, current depressive episode and the number of days of crack use in the last month was significantly associated with greater severity in the problems in the Family/Social area. These findings demonstrate a relationship between higher frequency of use of crack cocaine and psychiatric comorbidities with more problems in relationships with partners, family and friends. Since social reintegration is a fundamental achievement for recovery, our findings indicate that, besides the use of crack itself, other elements may represent barriers to the social functioning of these people. These results support development of psychosocial interventions that focus in the improvement of interpersonal relationships of crack cocaine users and the inclusion of family and friends in the treatment. In addition, it is suggested that interventions should target concomitant treatment for psychiatric comorbidities.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/157484
Date January 2017
CreatorsPachado, Mayra Pacheco
ContributorsAlmeida, Rosa Maria Martins de, Kessler, Felix Henrique Paim
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0027 seconds