Riscos ambientais (RA) podem ser causados por agentes biológicos, químicos, físicos e ergonômicos que, quando presentes nos ambientes de trabalho são capazes de causar danos à saúde do trabalhador em função de sua natureza, intensidade ou tempo de exposição. Especialmente em serviços de saúde, os RA relativos à exposição dos trabalhadores aos diferentes tipos de agentes presentes nesses ambientes, são de grande significado para a saúde ocupacional. O reconhecimento dos RA e a adoção de medidas para a prevenção e minimização desses riscos, devem ser sempre realizados, de forma a envolver tanto as instituições como os próprios trabalhadores, visando maior segurança ocupacional. Esta investigação objetivou avaliar a realidade de exposição a RA em uma Unidade Mista de Saúde (UMS) do interior do estado de São Paulo, a partir da percepção dos seus trabalhadores. Trata-se de uma pesquisa de campo, de caráter descritivo e exploratório, realizada por meio de abordagem quali-quantitativa. A coleta de dados foi feita por meio de entrevista, utilizando um roteiro constituído por perguntas semi-estruturadas e check-list, realizada com dois grupos distintos de sujeitos: um grupo constituído pelos trabalhadores das diferentes áreas de atuação do local selecionado e, outro grupo, constituído apenas pelos gestores da UMS. A pesquisa teve aprovação do CEP da EERP/USP. Os dados coletados foram organizados em um banco de dados do Excel e categorizados em tabelas e gráficos, procedendo-se à análise estatística descritiva. Os resultados foram obtidos a partir de uma amostra composta por 48 sujeitos (82,8% de todos os trabalhadores do local selecionado para este estudo), pertencentes a todas as 17 categorias profissionais existentes no serviço. A idade média dos sujeitos no momento das entrevistas era de 38 anos e a faixa etária predominante, de 21 a 30 anos para 35,4% dos entrevistados. A maior parte dos sujeitos (52,1%) pertencia ao gênero feminino. Quanto à carga horária de trabalho, 16 entrevistados (33,4%) relataram que a soma da carga horária de todos os empregos por ocasião da entrevista correspondia a mais de 41 horas semanais, sendo que 8 (50%) desses referiram uma carga horária semanal acima de 70 horas e, 1 deles referiu desempenhar uma carga horária de até 100 horas semanais. Quando questionados por meio de questões abertas sobre RA presentes em qualquer tipo de ambiente de trabalho e RA presentes no local da investigação, 95,8% dos sujeitos relataram já terem ouvido falar sobre o assunto e igual percentual indicaram pelo menos um RA no seu local de trabalho. Porém, quando utilizado um check-list para identificação e quantificação dos RA presentes na UMS, 100 % dos sujeitos relataram a presença de pelo menos um RA de cada natureza no serviço, destacando-se o relato da presença dos seguintes agentes, de acordo com os maiores percentuais obtidos em cada natureza de risco citado: bactérias (91,7%), vírus (91,7%), poeiras (79,2%), calor (72,9%), postura inadequada (66,7%), monotonia/repetitividade (66,7%), iluminação inadequada (33,3%) e ligações elétricas deficientes (33,3%). No que se refere a acidentes no ambiente de trabalho, 18,8% dos sujeitos relataram ter sofrido pelo menos um acidente de trabalho na UMS, envolvendo materiais perfurocortantes, quedas, ferimentos, exposição cutâneo-mucosa a materiais biológicos, agressão física por pacientes e acidentes em ambulâncias. Quanto aos gestores, foi referida por esses sujeitos a existência de RA no serviço; porém, segundo os respondentes, ainda não havia uma rotina para categorização e quantificação dos RA na Unidade, que também ainda não possuía Mapa de Risco (MR) e Programa de Prevenção a Riscos Ambientais (PPRA), ambos exigidos pela legislação brasileira a todas as instituições de saúde, independente do grau de risco. Conclui-se com este estudo, pelo relato dos sujeitos, que a UMS possui riscos ambientais que podem afetar a saúde dos trabalhadores. Assim, deve ser realizado um planejamento imediato de reconhecimento e avaliação desses RA, bem como de adoção de medidas para sua prevenção e minimização, com base no estabelecimento de MR e de um PPRA, sendo esta uma das principais proposições a ser feita ao serviço. Além disso, é necessário incluir um programa de educação continuada aos trabalhadores, visando contribuir para a promoção da saúde ambiental e ocupacional no local de estudo. / Environmental risks (ER) can be caused by biological, chemical, physical and ergonomic agents that, when present in the workplace, can cause damage to workers\' health due to their nature, intensity or length of exposure. Especially in healthcare services, ER related to the exposure of workers to different types of agents present in these environments, are significant for occupational health. The recognition of ER and the adoption of measures to prevent and minimize these risks, should always be performed, in order to involve both institutions and workers themselves, aiming at greater occupational safety. This descriptive, exploratory, qualitative and quantitative field research aimed to evaluate the reality of exposure to ER in a Mixed Health Unit (MHU) in the interior of the state of São Paulo, from the perception of its workers. This is a, performed by means of qualitative and quantitative approach. Data collection was carried out through interviews, using a script consisting of semi-structured questions and a check-list, performed with two different groups of subjects: one group consisting of workers from different performance areas of the selected venue, and another group consisting only by the managers of the MHU. The research was approved by the Ethics Research Board of the University of Sao Paulo at Ribeirão Preto College of Nursing. Collected data were organized into an Excel database and categorized in tables and charts, after which descriptive statistics was performed. Results were obtained from a sample of 48 subjects (82.8% of the total number of workers of the venue selected for this study), who worked in all 17 professional categories of the service. The average age of the subjects at the time of the interviews was 38 years and the predominant age was from 21 to 30 years for 35.4% of respondents. Most subjects (52.1%) were female. Regarding the workload, 16 respondents (33.4%) reported that the sum of the workload of all jobs at the time of the interview was over 41 hours per week, 8 (50%) of them reported a weekly workload over 70 hours and one reported a workload of up to 100 hours a week. When respondents were asked, using open questions, about ER present in any work environment and ER present at the research site, 95.8% of the subjects reported having heard about it and the same percentage indicated at least one ER at their work venue. When using a checklist for identification and quantification of ER present at the MHU, 100% of the subjects reported the presence of at least one ER of each type at the service, highlighting the presence of the following agents, according to the highest percentages obtained for each kind of risk mentioned: bacteria (91.7%), viruses (91.7%), dust (79.2%), heat (72.9%), poor posture (66.7%), monotony/repetitiveness (66.7%), inadequate lighting (33.3%) and bad electrical connections (33.32%). As to the accidents in the workplace, 18.8% of the subjects reported having experienced at least one accident at work at the MHU, involving sharp materials, falls, cuts, mucocutaneous exposure to biological materials, physical aggression by patients and accidents in ambulances. Managers reported the existence of ER in the service, but, according to them, there was not a routine for categorization and quantification of ER in the unit yet, which also did not had a Risk Map (RM) and Environmental Risks Prevention Program (ERPP), both required by the Brazilian law to all health institutions, regardless of the degree of risk. It is concluded, by the report of the subjects, that the MHU has environmental risks that can affect workers\' health. Thus, the immediate planning should be done for recognition and evaluation of these ER, as well as for the adoption of measures for its prevention and minimization, based on the establishment of a RM and ERPP, which is one of the main proposals that will be made to the service. In addition, there is need to include a continuing education program to workers, aiming to contribute to the promotion of environmental and occupational health at the study site
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-15012013-150038 |
Date | 19 October 2012 |
Creators | Juliana Trebi Penatti |
Contributors | Angela Maria Magosso Takayanagui, Silvia Rita Marin da Silva Canini, Magda Fabbri Isaac Silva |
Publisher | Universidade de São Paulo, Enfermagem em Saúde Pública, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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