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Gênese dos calcretes da Formação Marília no Centro-Oeste Paulista e Triângulo Mineiro, Bacia Bauru (Ks)

Resumo: A Bacia Bauru desenvolveu-se na Plataforma Sulamericana após a ruptura do Gondwana no Cretáceo Superior. Foi preenchida por sequência siliciclástica predominante arenosa na forma de leques aluviais de borda, sistemas de rios entrelaçados, extensos lençóis de areia eólicos e deserto interior. Hoje, tal sequência suprabasáltica tem cerca de 480m de espessura e seu relevo está em estágio de dissecação. A Formação Marília do Grupo Bauru tem a mais expressiva ocorrência de calcrete dentre as unidades litoestratigráficas da bacia, além de registros de paleossolos e ocorrências fossilíferas de vertebrados e invertebrados do Cretáceo Superior. O objetivo da pesquisa é discutir a gênese dos calcretes desta unidade no Centro-Oeste Paulista e Triângulo Mineiro. Conforme resultados, a partir da descrição de exposições da unidade em superfície e de testemunhos de poços de sondagens e de águas subterrâneas, além de análises de microscopia óptica de luz transmitida, eletrônica de varredura (MEV), espectrometria de energia dispersiva (EDS) e difratometria de raios-X, foram definidos dois modelos básicos para os calcretes da Formação Marília: (1) - tipo Echaporã no Centro-Oeste Paulista. Sua origem, possivelmente, foi a partir de um processo pedogenético inicial e localizado junto aos paleovales e próximos a lagoas efêmeras. Posteriormente, com o aumento da coluna sedimentar e flutuações do nível freático, ocorrera sobreposição por calcrete de águas subterrâneas; (2) - tipos Ponte Alta e Serra da Galga no Triângulo Mineiro. Os calcretes do Membro Ponte Alta provavelmente originaram-se junto aos paleovales com eventuais lagoas efêmeras. Neste contexto, o nível freático era mais raso e o fenômeno da evapotranspiração, condicionado pelo clima semiárido, certamente foi mais intenso. Esta condição intensificou a geração predominante de calcrete de água subterrânea. O contínuo aprofundamento do nível freático, associado a um relevo mais plano e estável, inibiu o desenvolvimento desse tipo de calcrete e contribuiu para o predomínio na geração de horizontes de paleossolos e de calcrete pedogenético do Membro Serra da Galga. Considera-se que o desenvolvimento dos calcretes da Formação Marília está associado a um processo geral de atenuação das condições de aridez no Cretáceo Superior e porção centro-sul da Plataforma Sulamericana. Assim, o clima semiárido coincidiu, provável e favoravelmente, com o intemperismo químico e erosão dos complexos alcalino-carbonatíticos do Alto Paranaíba e das rochas carbonáticas proterozoicas do Grupo Bambuí na borda da bacia. Esta mudança climática favoreceu a concentração do carbonato de cálcio nas águas alcalinas subterrâneas e de superfície que se dirigiam para o interior da bacia. A subsequente perda de solubilidade do carbonato de cálcio por condicionantes físico-químicos conduziu ao desenvolvimento dos calcretes da Formação Marília. No entanto, além do transporte de carbonatos pela água, o pó eólico foi, provavelmente, outra contribuição importante, principalmente para o desenvolvimento do calcrete tipo Echaporã no Centro-Oeste Paulista. A configuração atual do relevo de platôs estreitos e longos sustentados pelos arenitos calcificados da Formação Marília sugere processos de elaboração da paisagem por inversão de relevo.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/27326
Date10 May 2012
CreatorsMaoski, Eloir
ContributorsFernandes, Luiz Alberto, 1954-, Boggiani, Paulo Cesar, Santos, Leonardo José Cordeiro, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias da Terra. Programa de Pós-Graduaçao em Geologia
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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