Introdução: apesar das recomendações de todas as diretrizes sobre a doença arterial coronária e das evidências científicas de que o tratamento medicamentoso otimizado acrescido de intervenção sobre os fatores de risco e a melhoria do estilo de vida reduzem eventos cardiovasculares fatais não-fatais, essa terapêutica de prevenção secundária continua a ser subutilizada na prática clínica. Objetivos: Primário: demonstrar que a utilização de um programa de otimização da prática clínica em pacientes com doença arterial coronária estável aumenta a prescrição de medicamentos comprovadamente eficazes na prevenção secundária desta doença. Secundários: a) documentar a prática clínica vigente em termos de terapia medicamentosa e de medidas para a mudança do estilo de vida b) identificar as ferramentas utilizadas na estratégia para a otimização da prática clínica quanto à eficácia e aderência à medicação prescrita. Métodos: trata-se de um estudo de corte transversal para documentar a prática clínica vigente, seguido de componente longitudinal em que a utilização das ferramentas para a otimização da prática clínica foi avaliada por meio de novo corte transversal, com nova coleta de dados. Foram identificados retrospectivamente através dos prontuários, 710 pacientes consecutivos portadores de doença arterial coronária (Fase 1). Após a aplicação das ferramentas, foram incluídos 705 pacientes consecutivos atendidos no serviço com a coleta dos mesmos dados, para a análise comparativa. Além disso, foram selecionados do primeiro grupo, de forma aleatória, 318 prontuários de seis a doze meses após a primeira avaliação, para a coleta dos mesmos dados, que foram comparados com as informações iniciais destes mesmos pacientes. (Fase 3). Resultados: comparação entre Fase 1 e Fase 2: as características demográficas eram comparáveis entre os dois grupos. Quanto aos fatores de risco, houve melhora com diferença significativa para o tabagismo (p=0,019), dislipidemia (p<0,001) hipertensão arterial e atividade física regular (p<0,001). Quanto aos exames laboratoriais, não houve diferença estatisticamente significativa entre as duas populações. Comparando a prescrição dos fármacos recomendados, houve diferença significativa para IECA (67,2% versus 56,8%, p<0,001); ARA II (25,4% versus 32,9%, p=0,002) e betabloqueador (88,7% versus 91,9%, p=0,047). Comparação entre Fase 1 e Fase 3: os dados demográficos foram semelhantes, assim como as características clínicas, com exceção da doença arterial periférica obstrutiva: 31 pacientes (9,7%) e 42 (13,3%), p=0,007. Em relação aos fatores de risco, consideramos apenas os modificáveis tabagismo e atividade física. Para o tabagismo, considerando três categorias (nunca, ex-fumante e atual), não houve diferença significativa entre as duas fases. Para a atividade física, a proporção de pacientes sem informação para esta variável era elevada, 83,9% na primeira fase e 72,8% na terceira fase, dificultando a análise estatística. Quanto às medidas de exame físico, houve redução significativa do peso, p=0,044, pressão arterial sistólica e diastólica, p<0,001. Os exames laboratoriais não mostraram diferenças significativas entre as duas fases. Em relação à prescrição de medicamentos recomendados, houve diferença para IECA (64,8% versus 61,6%, p=0,011) e ARA II (27,0% versus 31,3%, p=0,035). Conclusão: com base nos resultados obtidos, o presente estudo permite concluir: não houve mudança significativa na utilização de medicamentos comprovadamente eficazes na prevenção secundária da DAC entre o período pré- e pós-intervenção; houve melhora significativa em relação ao tabagismo e atividade física na Fase 2; melhora substancial nos níveis de pressão arterial, tanto sistólica como diastólica na comparação tanto entre a Fase 1 e 2 como entre a Fase 1 e 3; a inclusão de enfermeiro treinado para gerenciar o processo é fundamental para a eficácia do programa; programas abrangentes de melhoria de qualidade assistencial em hospitais terciários e acadêmicos, provavelmente devem ser continuados por período de seguimento superior a um ano. / Background: despite guidelines recommendations on coronary artery disease treatment and scientific evidence confirming that optimal medical therapy added to risk factors and lifestyle management, reduce both fatal and non-fatal cardiovascular events, these secondary prevention strategies have been underutilized in clinical practice. Objectives: Primary: to demonstrate the utilization of a clinical improvement program in stable coronary artery disease patients would increase the evidence-proved treatment prescription in secondary prevention. Secondaries: a) to describe the ongoing clinical practice on medical therapy and lifestyle change counseling b) to identify tools to be utilized in the strategy to improve clinical practice, assessing efficacy and adherence to prescribed treatment. Methods: cross-sectional study to describe the ongoing clinical practice, followed by a longitudinal component in which the tools utilization to improve clinical practice was assessed by means of additional crosssectional data collection. 710 consecutive coronary artery disease patients were included after chart review following eligibility criteria (Phase 1). After tools implementation, within 6-month period, 705 patients were included (Phase 2) for comparative analysis. Randomly, 318 patients from Phase 1 were selected, 6-12 months after the first evaluation (Phase 3). Results: Phase 1 to Phase 2 comparison: demography was comparable. Concerning to risk factors, there were improvement on smoking (p=0,019), dyslipidemia (p<0,001), hypertension and physical activity (p<0,001). There were no statistical significant differences on laboratory results. By comparing the proven pharmacological treatment prescription, there was significant difference on ACEI (67,2% versus 56,8%, p<0,001); ARB II (25,4% versus 32,9%, p=0,002) and beta-blocker (88,7% versus 91,9%, p=0,047). Phase 1 to Phase 3 comparison: demography was comparable, as well as clinical characteristics, except peripheral artery disease: 31 patients (9,7%) and 42 (13,3%), p=0,007. Regarding risk factors, smoking and physical activity were considered. There was no significant difference on smoking rates taking into account three categories (never, ex-smoker and smoker). The proportion of patients without available data for physical activity was high, 83,9% (Phase 1) and 72,8% (Phase 3), making the data analysis not appropriated. Anthropometric measurement showed significant on weight reduction, p=0,044, both systolic and diastolic blood pressure, p<0,001. Laboratory results did not show significant differences. There was statistical significant difference on ACEI (64,8% versus 61,6%, p=0,011) and ARB II (27,0% versus 31,3%, p=0,035). Conclusion: based upon study results the following might be concluded: there was no significant change on the evidence-based pharmacological treatment utilization on secondary prevention coronary artery disease patients between pre and post-intervention Phases; there was significant improvement concerning smoking and physical activity in Phase 2; substantial improvement on blood pressure levels, both systolic and diastolic in both comparisons (Phase 1 to 2 and Phase 1 to 3); the inclusion of a case-manager for the process management is crucial for program efficacy; comprehensive programs for clinical practice improvement in tertiary academic hospitals should be pursued for longer follow-up period.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-16092013-083356 |
Date | 02 July 2013 |
Creators | Brasil, Clarisse Kaoru Ogawa Indio do |
Contributors | Avezum Junior, Alvaro |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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