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No começo ele não tem língua nenhuma, ele não fala, ele não tem LIBRAS, né? = representações sobre línguas de sinais caseiras = In the beginning he doesn't have any language, he doesn't speak, he doesn't have LIBRAS, right? : representations about household sign language / In the beginning he doesn't have any language, he doesn't speak, he doesn't have LIBRAS, right? : representations about household sign language

Orientador: Marilda do Couto Cavalcanti / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-20T10:12:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2012 / Resumo: Durante muito tempo os surdos tiveram o direito de se comunicar pela língua de sinais negado, pois esta não era vista pela sociedade como linguisticamente legítima. Recentemente a língua brasileira de sinais (LIBRAS) obteve o reconhecimento do seu estatuto linguístico (BRASIL, 2002) e, a partir de uma visão sócio-antropológica da surdez (SKLIAR, 1998), alguns estudos têm distanciado o surdo das concepções patologizadas baseadas na deficiência auditiva e inserido o mesmo em discussões sobre educação bilíngue em contextos de minorias e invisibilização (CAVALCANTI, 1999). No entanto, nessa educação bilíngue somente o português e a LIBRAS são aceitos pela escola, enquanto as outras línguas que permeiam esse contexto tendem a ser invisibilizadas (SILVA, 2008). Assim, o surdo que não atende às expectativas linguísticas da escola é, frequentemente, apontado como "sem língua". A partir desse panorama, a presente pesquisa qualitativa (DENZIN; LINCOLN, 2006) de cunho etnográfico (ERICKSON, 1984; 1989) está inserida no campo da Linguística Aplicada, mas baseou-se em perspectivas interdisciplinares/transdisciplinares (MOITA LOPES, 2008). O objetivo consistiu em investigar as representações sobre as línguas de sinais caseiras respondendo a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as representações de familiares de crianças surdas e de profissionais e estagiários surdos e ouvintes participantes de um programa de apoio escolar bilíngue sobre as línguas de sinais caseiras? Para a geração (MASON, 1996) de registros (ERICKSON, 1989), o corpus da pesquisa proveio, de um lado, de reuniões de grupo focal (PETTENDORFER; MONTALVÃO, 2006; MOITA-LOPES, 2009) e conversas informais e, de outro lado, diário de campo e diário retrospectivo da pesquisadora. Os encontros de grupo focal (3 encontros com profissionais e 9 encontros com familiares) e as conversas informais foram realizados com participantes de um programa de apoio escolar bilíngue a surdos desenvolvido em um centro de estudos inserido dentro de uma universidade pública de uma cidade do interior localizada na região sudeste do país. Todos os encontros foram gravados em áudio e vídeo e registrados em diário de campo. A geração de registros, análise e discussão dos dados seguiu o processo de pesquisa tipicamente associado aos estudos etnográficos (cf. ERICKSON, 1984, 1989). A análise dos dados envolveu exaustivas (re)leituras do corpus que compõe a pesquisa (diário de campo e transcrições das gravações em áudio e vídeo das conversas informais e dos encontros de grupos focais) com intuito de reunir evidências confirmatórias e/ou desconfirmatórias (ERICKSON, 1989) que validassem asserções para a pergunta de pesquisa. A análise recorreu ainda aos estudos relacionados à Linguística Aplicada através da crítica ao semilinguismo de Martin-Jones e Romaine (1986) e Maher (2007a), além de buscar respaldo na remodelação do conceito de língua proposto por César e Cavalcanti (2007). Tal conceito é proposto através da adoção da metáfora do caleidoscópio onde inúmeras possibilidades podem ser tomadas como legítimas, sem sobreposições de uma língua sob a outra. Na análise, também fui guiada pelos Estudos Culturais para compreender conceitos como o de "representação" elaborado por autores como Silva (2000) e Woodward (2000), entre outros conceitos tais como o de "terceiro espaço" e "entre lugares" de Bhabha (2007). Em síntese, as asserções desenvolvidas indicaram que as representações dos profissionais e estagiários surdos e ouvintes e de familiares participantes recaem no não reconhecimento das mesmas enquanto língua, apesar da funcionalidade linguística apresentada dentro do contexto familiar a que se prestam. Além disso, o uso das línguas de sinais caseiras é visto como prejudicial ao aprendizado da LIBRAS e foi associado como um critério de exclusão das comunidades surdas. A discussão teórica sobre as asserções visou colaborar com a desconstrução de estereótipos (BHABHA, 2007) em torno do surdo perpetuado nos discursos como "sem-língua". Desse modo, espera-se que esta pesquisa traga contribuições para as discussões sobre a perspectiva do multilinguismo em contextos de minorias (CÉSAR; CAVALCANTI, 2007), neste caso, especificamente, a surdez, favorecendo uma educação inclusiva diferenciada que considere e valorize a diversidade linguística e cultural do surdo / Abstract: Deaf people have long had the right to communicate by sign language denied, because this was not seen by society as linguistically legitimate. Recently, Brazilian Sign Language (LIBRAS) obtained official recognition (BRASIL, 2002) and, from a socio-anthropological view (SKLIAR, 1998), some studies have challenged representations of the deaf based on pathologised concepts related to hearing deficit and have placed the language of the deaf in discussions about bilingual education in minority contexts and invisibility (CAVALCANTI, 1999). However, in bilingual education for deaf people only Portuguese and LIBRAS are accepted in school while other languages that permeate this context tend to be rendered invisible (SILVA, 2008). Thus, the deaf person who does not meet the expectations regarding use of the languages of the school is often described in school as having 'no language'. Given this background, the aim of this research was to investigate the representations about household sign languages. The study focused on a programme designed to support bilingual education in Portuguese and LIBRAS. The central research question for the study was: What are the representations of household sign languages among families of deaf children and among deaf and hearing professionals and trainees? This study was broadly located within the field of Applied Linguistics but drew on interdisciplinary and cross-disciplinary perspectives (MOITA LOPES, 2008). It was also qualitative and ethnographic in nature (ERICKSON, 1986; DENZIN; LINCOLN, 2006). For the generation of data (ERICKSON, 1989), the main research corpus came from focus group meetings (PETTENDORFER; MONTALVÃO, 2006; MOITA LOPES, 2009) and from informal conversations. It also came from field diary and the retrospective diary of the researcher. The focus group meetings (3 meetings with professionals and trainees and 9 meetings with family members) and the informal conversations were conducted with participants in the support programme for a bilingual school for the deaf, mentioned above, which was developed within a research centre housed in a public university in the southeast region of Brazil. All meetings were recorded on audio and video and notes were kept in a field diary. The generation, analysis and discussion of the data followed the research process typically associated with ethnographic studies (e.g. ERICKSON, 1984; 1989). The analysis of the data involved complete (re)readings of the corpus that was generated by the research (the field diary and the transcripts of audio and video recordings of informal conversations and meetings of focus groups) in order to gather evidence that confirmed or disconfirmed assertions related to the research question. The analysis resonated with studies within Applied Linguistics that have put forward a critique of notions such as 'semilingualism' (e.g. MARTIN-JONES; ROMAINE, 1986; MAHER, 2007a) and with the reshaping of the concept of language proposed by César and Cavalcanti (2007). This reshaping of the concept of language is proposed through the adoption of the metaphor of the kaleidoscope, where many possibilities are taken as legitimate without any one language being privileged over another. The analysis also drew on research in Cultural Studies, especially the concepts of 'representation' developed by authors such as Silva (2000) and Woodward (2000), among other concepts such as the 'Third Space' and the 'in-between' (BHABHA, 2007). In summary, the assertions drawn from my analysis of the corpus indicated that the representations of household sign languages among deaf and hearing professionals and trainees and among the family members participating in this study were not recognised as 'languages', despite the linguistic features that they displayed within the family context. Furthermore, the use of household sign languages is seen as detrimental to learning LIBRAS. In addition household sign language was associated as a criterion for exclusion of the deaf community. The theoretical discussion of the assertions aimed to collaborate with deconstruction of stereotypes (BHABHA, 2007) around the deaf as being 'no language'. Thus, it is expected that this research will make a contribution to discussions about the prospect of multilingualism in the context of minorities, in this case, specifically, deafness, and that it will promote inclusive education that values difference and the cultural and linguistic diversity among the deaf / Mestrado / Multiculturalismo, Plurilinguismo e Educação Bilingue / Mestre em Linguística Aplicada

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/269529
Date04 April 2012
CreatorsKumada, Kate Mamhy Oliveira, 1985-
ContributorsUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Cavalcanti, Marilda do Couto, 1948-, Silva, Ivani Rodrigues, Quadros, Ronice Muller de
Publisher[s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem, Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format136 p. : il., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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