[pt] A dissertação discute o movimento de ocupação das escolas no Brasil durante os anos de 2015 e 2016 a partir da reflexão de que esse foi um tipo de mobilização em que os jovens das classes populares se apresentaram de forma inédita na cena pública, em um fenômeno que revela sinais contraditórios. De um lado, as ocupações constituem uma demonstração de apreço inédito dos jovens em relação à escola pública, percebida como decisiva para suas vidas; de outro, o fenômeno não deixa de explicitar uma nova forma de desigualdade entre os jovens de classes populares, em um processo que se sobrepõe à desigualdade já existente decorrente do dualismo entre a rede pública e a rede privada. Por mobilizar questões ligadas ao campo da educação e ao projeto de escolarização da juventude brasileira, a ocupação das escolas aparece como resultado de um processo de mudança social que, analisado pela chave da sociologia da educação, revela uma nova forma de ação coletiva e uma interlocução entre instituição, sujeitos e direitos. De modo a contextualizar como se chegou a esse processo de mudança social, considerou-se necessária a problematização da promessa de um projeto de escola republicana, que somente a partir de 1988 se materializa na afirmação da escola pública como central à construção da democracia no país; em seguida, apresenta-se uma revisão bibliográfica que busca salientar como a escola enquanto instituição produz desigualdades internas que redefinem as desigualdades externas à ela, atravessando com isso os projetos de futuro da juventude popular. Com base nessa revisão bibliográfica, que mobiliza um debate sobre as narrativas de jovens de classes populares e sobre a insuficiência de políticas públicas direcionadas à juventude, pode-se avançar em uma reflexão sobre o quanto ainda falta para que a universalização do acesso à escola se dê de fato, e sobre o quanto isso impacta de maneira negativa na trajetória de jovens no Brasil. Por fim, caracteriza-se o movimento de ocupação das escolas em seus diferentes aspectos, e de como ele interpela as bases de autoridade da instituição escolar tal como ela está posta no Brasil. Nesse contexto, as narrativas de jovens, apresentadas em tal revisão bibliográfica nos fornece melhor compreensão da visão que eles têm sobre a escola, sobre seus efeitos, ou mesmo sobre a falta dessa instituição em suas vidas. É nesse sentido que o debate sobre a ocupação das escolas importa para o estudo das Ciências Sociais, pois o fato de haver uma parcela da população juvenil engajada dentro das escolas, reivindicando direitos e mostrando a sua capacidade reflexiva acerca de questões que vão além dos muros da escola, como vimos em 2015/16, é sem dúvida um fenômeno de primeira grandeza para a sociologia da educação, para a sociologia da juventude e para os estudos sobre as novas formas de desigualdade social. / [en] The dissertation discusses the movement of occupation of Brazilian schools during the years of 2015 and 2016 based on the reflection that this was a form of mobilization in which the young of grassroots classes came forward in an unprecedented way in the public scene, upon a phenomenon which reveals contradictory signs. On one hand, the occupations constitute a demonstration of their unprecedented appreciation towards public school, perceived as decisive for their lives; on the other hand, the phenomenon still expresses a new form of social inequality among the young of grassroots classes, in a process that overlaps the inequality already in place as a result of the duality between public and private systems. Because it mobilizes issues connected to the field of education and the project of schooling Brazilian youth, the occupation of schools arises as a result of a process of social change that, considered in the key of sociology of education, reveals a new form of collective action and a dialogue between institution, subjects and rights. In order to contextualize how we have reached this process of social change, it seems necessary to question the promise of a republican school project, which is materialized only since 1988 in the affirmation of the public school as central to the construction of a democracy in the country; thereafter, a bibliographic review is presented in the pursuit of emphasizing how the school as an institution produces internal inequalities that redefine external inequalities to itself, crossing projects of future of grassroots youth. On the basis of this bibliographical review, which mobilizes a debate on narratives of grassroots-classes youngs and on the insufficiency of public policies directed to the youth, we can proceed to a reflection on how much it still lacks for the universalization of access to school actually happens, and on how much that impacts the paths of youngs in Brazil on a negative way. Ultimately, we describe the movement of occupation of schools in its different traits, and how it heckles basis of authority of the educational institution as it is presented in Brazil. In this context, the narratives of the youngs, presented in this bibliographical review, provide us a better comprehension of their vision towards the school, towards its effects, or even on the lack of the institution in their lives. It is in this sense that the debate about the occupation of schools matters to the study of Social Sciences, because the fact of having a fraction of the juvenile population engaged inside the schools, claiming rights and showing their reflective capacity on the questions which cut across the walls of the school, as seen in 2015/2016, is undoubtedly a phenomenon of first rate to sociology of education, to sociology of the youth, and to the studies of new means of social inequality.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:36217 |
Date | 21 January 2019 |
Creators | MARIANA JUNQUEIRA CAMASMIE |
Contributors | MARCELO TADEU BAUMANN BURGOS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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