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As ilusões da cor: sobre raça e assujeitamento no Brasil / The color illusions: about race and antipersonification in Brazil

O presente trabalho se propõe a realizar uma análise histórica que nos possibilite interrogar quais são as condições de produção e reprodução de certos modelos (idéias e práticas) sobre o que se instituiu denominar a questão racial brasileira. O objetivo deste trabalho é mapear a proliferação de uma série de discursos em torno da construção de um projeto nacional e civilizatório que teve como eixo principal a produção de um discurso racializado, ou seja, discutir de que modo certos fatores permitiram engendrar a produção de uma estranheza eficaz a partir da criação do que convencionamos chamar de elemento negro, constituindo-se como o representante mais eficaz desse espaço social destinado a demarcar um lugar de estranhamento (o outro como perigoso, anormal, diferente etc.). Utilizando como recurso analítico principal os trabalhos de Raimundo Nina Rodrigues e da Escola Baiana de Antropologia, discutimos como esse saber acadêmico possibilitou a formulação de um modelo psicofísico de explicação sobre a degeneração da raça brasileira. Mais tarde este modelo seria substituído por uma estratégia mais englobante, o que pode ser verificado pela aplicação dos conceitos de cultura ou aculturação, e mesmo pelo emprego dos modernos conceitos psicanalíticos. O nosso propósito consistiu em analisar a produção de certas práticas sociais: a constituição de uma ciência médico-psicológica; a difusão de certas opiniões a respeito do elemento negro através da imprensa e da literatura; a constituição jurídica do cidadão negro em decorrência da implementação de uma discussão política e legislativa pré e pós-abolicionista que se produziram em torno da construção de um projeto nacional e civilizatório e que tiveram como eixo principal a produção do elemento negro como personagem principal desse novo enredo: uma ortodoxia da cor. Optamos por discutir o processo de formação do Brasil e do brasileiro em finais do século XIX e início do século XX (período compreendido entre as décadas de 1870 e 1930), a partir das rupturas provocadas pelo iminente processo abolicionista. / This work aims at performing a historical analysis towards questioning the production and reproduction conditions of certain models (ideas and practices) regarding what become to be known as the Brazilian race problem. The purpose of this work is the mapping of the proliferation of various discourses regarding the construction of a national and civilized project whose backbone was the formation of a racial speech. In other words, we want to discuss how certain factors contributed to the engineering of an \"efficient strangeness\" derived from the creation of the so-called black element. This element turned out to be the most efficient representative of the social space designated to determine a strangeness locale (the other as dangerous, abnormal, different, etc). We discussed, based primarily on the research works of Raimundo Nina Rodrigues and of the Escola Baiana de Antropologia, the means by which such an academic knowledge facilitated the formulation of an explicatory psychophysical model for the degeneration of the Brazilian race. This model was subsequently generalized, which can be verified by concepts of culture or \"acculturations\", as well as by modern psychoanalytical concepts. Our proposal was to analyze the production of certain social practices: the constitution of a medico-psychology science; the diffusion of certain opinions regarding the black element through the press and the literature; and the judicial constitution of the black citizen. These practices were the result of the implementation of pre- and post-abolitionist legislative and political discussions inspired by a national and civil project whose backbone was the production of the black element as the principal character of this new script: the orthodoxy of color. We opted to focus our discussion on the formation process of Brazil and of the Brazilian between the final decades of the 19th century and the first decades of the 20th century (between 1870 and 1930), characterized by the ruptures aggravated by the imminent abolitionist process.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-15122009-115939
Date05 June 2009
CreatorsMartins, Hildeberto Vieira
ContributorsTassara, Eda Terezinha de Oliveira
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeTese de Doutorado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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