SÁ, Danielle Rebouças. Autoajuda, trabalho e novas subjetividades em tempos de incerteza: análise do discurso de o monge e o executivo e seja líder de si mesmo. 2013. 131f. – Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Fortaleza (CE), 2013. / Submitted by Márcia Araújo (marcia_m_bezerra@yahoo.com.br) on 2013-11-27T12:43:47Z
No. of bitstreams: 1
2013-DIS-DRSA.pdf: 862498 bytes, checksum: d6af2475b82f4fbe74cd74781c8b02c1 (MD5) / Approved for entry into archive by Márcia Araújo(marcia_m_bezerra@yahoo.com.br) on 2013-11-27T13:55:15Z (GMT) No. of bitstreams: 1
2013-DIS-DRSA.pdf: 862498 bytes, checksum: d6af2475b82f4fbe74cd74781c8b02c1 (MD5) / Made available in DSpace on 2013-11-27T13:55:15Z (GMT). No. of bitstreams: 1
2013-DIS-DRSA.pdf: 862498 bytes, checksum: d6af2475b82f4fbe74cd74781c8b02c1 (MD5)
Previous issue date: 2013 / Contemporary society is marked by large and constant changes. We live in a fast, fluid and dynamic world, where the inherited certainties of tradition and first modernity give place to uncertainties, risks and unpredictability. Changes are socioeconomic, technological and cultural involving new forms of individual thinking, feeling, acting, and living. Such changes occur singularly in working life, accompanying the changes in the capitalist production mode. The new stage of post-industrial capitalism produces new ideologies and orders of discourse that strongly challenge subjectivities. These ideologies and orders of discourse are materialized and disseminated through self-help manuals and other hybrid types, which tend to favor certain representations of work, the company and the employee, and also to inculcate certain ways of being and acting inside and outside of the workplace. This research investigated how this type of literature provides resources that claim to enable the individual to cope with the new work configuration nowadays and with the existential dilemmas arising from this new scenario. Assuming here the language as a social practice, our main objective was to investigate how the self-help books are related to the sense of uncertainty that characterize the contemporary experience of work and other spheres of life. For this we use the approach of Critical Discourse Analysis (CDA) in order to identify the main ideological investments of self-help speech, as presented in two books of the genre: The Monk and the executive, James Hunter (2004) and Be the leader of yourself, Augusto Cury (2004). The analysis revealed that the works studied tend to disseminate certain representations of current problems (for example, unstable and precarious work, the difficulties of leadership) problems as personal and subjective nature, the exclusive purview of the individual. Both take issues and social problems to the sphere of interiority, proposing theories about how the mind works and intervention techniques for personal development and for changing behaviors and habits. To represent these problems as issues of interiority and interpersonal relationships, the works tend to blame the person for the solution of such problems and the pursuit and achievement of your success and happiness. In according to a consumer society depoliticized and fragile in criticizing the system and the social and economic macrostructures, the discourse of self-help drive its "critical" to the individual. This individual feels forced to turn to himself and to interfere on their own attitudes, feelings and behaviors to create change and achieve success. The discourse of self-help in this context meets the new demands and requirements of the existing capitalist order: people engaged in constant self-examination and self-regulation and willing to reorganize while facing uncertainty and risk that are part of their lives. The self-help manuals contribute to the formation of new subjectivities and the inculcation of the "new spirit of capitalism", with new ways of being, acting and interacting that adapt to new labor realities and to the capitalist order in force. / A sociedade contemporânea é marcada por grandes e constantes mudanças. Vivemos num mundo veloz, fluido e dinâmico, onde as certezas herdadas da tradição e da primeira modernidade dão lugar às incertezas, aos riscos e à imprevisibilidade. São mudanças socioeconômicas, tecnológicas e culturais que implicam novas formas de o indivíduo pensar, sentir, agir, viver. Tais mudanças ocorrem de modo singular na vida laboral, acompanhando as transformações no modo de produção capitalista. O novo estágio do capitalismo pós-industrial produz novas ideologias e ordens de discurso que interpelam fortemente as subjetividades. Essas ideologias e ordens de discurso são materializadas e disseminadas em manuais de autoajuda e outros gêneros híbridos, que tendem a favorecer certas representações do trabalho, da empresa e do trabalhador, e também a inculcar certos modos de ser e agir dentro e fora do âmbito laboral. Esta pesquisa investigou como esse tipo de literatura fornece recursos que pretendem habilitar o sujeito a lidar com a nova configuração do trabalho hoje e também com os dilemas existenciais decorrentes desse novo cenário. Assumindo aqui a linguagem como prática social, nosso objetivo geral foi investigar como os livros autoajuda estão relacionados com o sentimento de incerteza que marcam a experiência contemporânea do trabalho e de outras esferas da vida. Para tanto utilizamos o enfoque da Análise de Discurso Crítica (ADC) com o intuito de identificar os principais investimentos ideológicos do discurso de autoajuda, tal como se apresentam em dois livros do gênero: O monge e o executivo, de James Hunter (2004) e Seja líder de si mesmo, de Augusto Cury (2004). A análise revelou que as obras estudadas tendem a disseminar certas representações de problemas atuais (por exemplo, o trabalho precário e instável, as dificuldades da liderança) como problemas de natureza pessoal e subjetiva, da exclusiva alçada do indivíduo. Ambas deslocam as questões e problemas sociais para a esfera da interioridade, propondo teorias sobre o funcionamento da mente e técnicas de intervenção para o desenvolvimento pessoal e para a mudança de comportamentos e hábitos. Ao representarem esses problemas como questões da interioridade e das relações interpessoais, as obras tendem a responsabilizar a pessoa pela solução de tais problemas e pela busca e alcance de seu sucesso e felicidade. Afim a uma sociedade de consumo despolitizada e frágil na crítica ao sistema e às macroestruturas sociais e econômicas, o discurso da autoajuda dirige sua “crítica” ao indivíduo. Este se vê obrigado a voltar-se para si mesmo e intervir em suas próprias atitudes, sentimentos e condutas para gerar mudança e alcançar êxito. O discurso da autoajuda, nesse contexto, atende às novas demandas e exigências da ordem capitalista vigente: de pessoas empenhadas no constante autoexame e auto-regulação e dispostas a se reorganizarem diante da incerteza e do risco que fazem parte de sua vida. Os manuais de autoajuda contribuem para a constituição de novas subjetividades e para a inculcação do “novo espírito do capitalismo”, com novos modos de ser, agir e interagir que se adequam às novas realidades laborais e à ordem capitalista em vigor.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.repositorio.ufc.br:riufc/6863 |
Date | January 2013 |
Creators | SÁ, Danielle Rebouças |
Contributors | GERMANO, Idilva Maria Pires |
Publisher | www.teses.ufc.br |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFC, instname:Universidade Federal do Ceará, instacron:UFC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0022 seconds