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A arte de fazer a vida melhor : narrativas dos que fazem a festa da Achiropita

Orientadores: Gastão W. S. Campos, Paulo de Salles Oliveira / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias Medicas / Made available in DSpace on 2018-07-26T09:17:59Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 1999 / Resumo: Os caminhos que podem nos levar à vida do outro são muitos. Neste trabalho optei pela festa. Este é um estudo sobre as pessoas que fazem a festa de Nossa Senhora Achiropita. Festa do povo. Não do povo sujeito indeterminado. Mas de imigrantes italianos. De negros. De nordestinos. Gente que vive a opressão da vida na metrópole mas tem capacidade de percepção própria, um modo singular de compreender e experimentar a vida. Constroem e ocupam espaços e lugares de forma particular: preservam as instituições família e igreja, valorizam suas origens, exercitam relações solidárias, fraternas ed ividem o que têm ainda que a qualidade de vida esteja comprometida diante do aumento crescente da pobreza, da fome e do desemprego. Como pesquisadora, organizei o trabalho de pesquisa de modo que estivesse alerta para os meus pré conceitos na relação com o outro, com o diferente e, ao mesmo tempo, ser terna no sentido em que Goethe utiliza esse termo: "... uma terna empiria que se identifica intimamente com o objeto e com isso transforma-se em teoria" (Benjamin, 1994, p.103). Conhecer, perguntar e ouvir; perguntar novamente e ouvir, e assim durante horas com uma pessoa é partilhar do seu mundo, das suas intimidades ~pôr meio de suas histórias. As narrativas, portanto, resultam de encontros. Outra dimensão priorizada foram as observações da pesquisadora: olhar,reparar,sentir os perfumes, os constrangimentos, as emoções - e ouvir os sons não presentes nas falas, mas dispersos no ar, foi outro modo de coletar elementos cores, formas, movimentos, brilhos, volumes, tamanhos - que pudessem acrescentar e complementar na construção do cenário da festa, "... como produto de práticas sociais anteriores e em constante diálogo com as atuais - favorecendo-as, dificultando-as e sendo continuamente transformado por elas. Delimitar o cenário significa identificar marcos, reconhecer divisas, anotar pontos de intersecção a partir não apenas da presença ou ausência de equipamentos e estruturas físicas, mas desses elementos em relação com a prática cotidiana daqueles que de uma forma ou outra usam o espaço ..." (Magnani, 1996, p.37). Assim, durante o período que antecedeu e aconteceu a festa, pr~priamente dita, andava às voltas com o trabalho das pessoas que estavam nos bastidores. A expressão bastidores representa aqui os valores, princípios e motivos pelos quais as pessoas que fazem entendem o acontecimento da festa. Construção de identidade, solidariedade, responsabilidade, disciplina e compromisso com a própria vida e com a do outro são as razões primeiras. As imagens como narrativas também estarão presentes: figuras, pinturas e fotografias. A opção pela imagem também não foi aleatória. No correr da minha formação familiar, escolar e universitária poucas foram as possibilidades de apreciar e compreender, por exemplo, a linguagem visual. Visitar museus para contemplar quadros não era atividade estimulada nos programas de fim de semana. As fotografias de família viviam escondidas para não estragarem na mão da criança. Máquina de fotografar então, nem pensar! Ficava escondida nas coisas do papai. Ai de quem se atrevesse a se aproximar do objeto mágico. Por outro lado, a imagem como tema é recente e, como conteúdo de disciplina acadêmica, agora é que conquista espaço. Até então as imagens fotográficas, por exemplo, ocupavam apenas o campo da ilustração, dos documentos. Hoje se trabalha com imagens como discurso, como narrativa.
A relação entre as pessoas que fazem a festa de Nossa Senhora Achiropita e a Saúde Coletiva? Saúde, trabalho e lazer não estão separados e nem distantes se não forem associados de modo dicotômico e fragmentado, ainda que a relação entre eles não seja imediata. Texto e narração, trabalho e lazer compõem, se misturam porque o real, o imaginário, as crônicas, os registros e a vida não estão dissociados. O lazer como questão de saúde coletiva é compreendido não no sentido da compensação do trabalho mas como possibilidade de preservar, de garantir a saúde das pessoas. O cenário: a festa de Nossa Senhora Achiropita. A festa, em 1999, completou setenta e três anos. E essa comemoração - comemorar no sentido de "trazer à memória" simboliza o poder da força que move cada uma dessas pessoas ,em busca de realizar sonhos e fazer, portanto, a vida melhor / Abstract: Not informed. / Doutorado / Doutor em Saude Coletiva

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/312376
Date21 December 1999
CreatorsCarvalho, Yara Maria de
ContributorsUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Oliveira, Paulo de Salles, 1950-, Campos, Gastão Wagner de Sousa, 1952-, Campos, Gastão W. S.
Publisher[s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format163p. : il., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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