A literatura aponta que traumas emocionais precoces (TEP) podem ser um fator de risco para o desenvolvimento do transtorno afetivo bipolar (TAB). Estudos também indicam associações entre TAB, prejuízos no reconhecimento de expressões faciais de emoções (REFE) e no funcionamento psicossocial, envolvendo traços de personalidade e habilidades sociais, os quais podem estar presentes inclusive em indivíduos em risco para o transtorno, como os parentes de primeiro grau. O objetivo deste estudo foi avaliar as associações entre TEP, características psicossociais e REFE em sujeitos portadores (eutímicos) e em condição de risco para o TAB em comparação com um grupo de indivíduos saudáveis da comunidade. Foi avaliada uma amostra total de 109 sujeitos adultos de ambos os sexos, sendo 40 do grupo com TAB (GB), 30 do grupo em risco (GR) e 39 do grupo controle (GC). A avaliação do diagnóstico foi feita por meio da Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV e do estado de humor atual pelo Questionário Sobre a Saúde do Paciente-9 e pela Escala de Avaliação de Mania (EAM). Para a avaliação dos desfechos foram utilizados instrumentos de auto relato (Inventário de Auto-avaliação de Traumas Precoces - Versão Reduzida, Inventário de Cinco Fatores NEO Revisad-versão reduzida, Inventário de Habilidades Sociais), e uma tarefa dinâmica de REFE. Os dados foram analisados por testes estatísticos paramétricos (teste do QuiQuadrado, teste para a comparação de duas proporções, ANOVA e ANCOVA) e pela análise de componentes principais (analise multivariada). Os resultados apontaram que o GB apresentou mais vivências de TEP, características psicossociais desadaptativas e maiores prejuízos no REFE em comparação ao GR e GC. Os sujeitos do grupo GR apresentaram um perfil com traços de prejuízo quando comparados ao GC, mas em menor nível que o GB, expressos sobretudo por presença de altos índices de neuroticismo na personalidade e de falhas no processo do REFE. Por outro lado, apresentaram fatores protetores como traços de abertura e bom nível de habilidades sociais. De maneira geral, os achados corroboram a literatura prévia reforçando a presença de possíveis marcadores genéticos para o TAB, subjacentes ao seu desenvolvimento, e apontam indicadores de resiliência que podem favorecer condutas de prevenção e intervenção precoce. / The literature shows that early emotional traumas (EETs) can be a risk factor for development of affective bipolar disorder (ABD). Studies have also reported associations between ABD and impairment in both recognition of emotional facial expressions (REFE) and psychosocial functioning, involving personality traits and social skills, and which may be present in at-risk individuals, such as first-degree relatives. The objective of this study was to assess the associations between EET, psychosocial characteristics and REFE in subjects who are euthymic (i.e. ABD carrier) and those who are at risk of ABD in comparison with healthy individuals in the community. In total, 109 male and female adults were divided into groups as follows: 40 subjects with ABD (GB), 30 subjects at risk (GR) and 39 healthy subjects as controls (GC). Diagnostic evaluation was carried out by means of a structured clinical interview for DSM-IV disorders and the current state of mood by using the patient health questionnaire-9 and mania assessment scale (MAS). For assessment of outcomes, self-report instruments (i.e. early trauma inventory self-report - short version, revised NEO five-factor inventory - short version, and social skills inventory) and a dynamic task of recognition of emotional facial expressions were used. The resulting data were analysed by using parametric statistical tests (i.e. chi-square test, two-proportion comparison test, ANOVA and ANCOVA) and analysis of the main components (i.e. multivariate analysis). The results showed that subjects of GB group had experienced more EETs, maladaptive psychosocial characteristics and more impaired REFE compared to those of GR and GC groups. The subjects of GR group had a worse psychological profile compared to that of GC group, but better than that of GB as subjects with ABD exhibited high levels of neurotic personality traits and poor REFE. On the other hand, they presented protective factors such as openness and good social skills. Overall, the findings corroborate the literature by reinforcing the presence of possible genetic markers for ABD secondary to its development and by suggesting indicators of resilience, which can favour preventive measures and early intervention.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-19102018-095804 |
Date | 08 May 2018 |
Creators | Dualibe, Aline Limieri |
Contributors | Osorio, Flavia de Lima |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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