Os conjuntos habitacionais verticais populares, implantados na metrópole paulistana, a partir da década de 1960 até a atualidade, por órgãos públicos como a Cohab-SP - Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo e a CDHU - Companhia do Desenvolvimento Habitacional e Urbano e pelo Mercado Imobiliário, constituem em geral um espaço urbano diferenciado do restante da cidade. Idealizados com base nos princípios modernistas de padronização das edificações, repetição de tipos, abundância de espaços livres, setorização funcional e acessibilidade total, esses espaços se contrapõem de forma abrupta ao entorno de casas geminadas, densas com espaços livres reduzidos e fragmentados, e pela diversidade de usos existente nesses bairros. Apropriando-se equivocadamente do discurso da cidade modernista, apresentada pela Carta de Atenas no início do século XX, e do projeto concretizado em Brasília, tais conjuntos apresentam deficiências nos espaço propostos que são reincidentes na produção dos últimos 50 anos. A ideia inicial de constituição de um sistema de espaços livres contínuos, acessíveis e abundantes, nesses conjuntos, é enfraquecida pela inadequação dos projetos às características físicas das glebas utilizadas, às deficiências do projeto arquitetônico dos edifícios, à inexistência de projetos paisagísticos e à baixa legibilidade urbana desses espaços diante dos padrões vernaculares de ocupação que existem no imaginário popular. Observa-se que, com o passar das décadas e a mudança dos produtores desses conjuntos, apesar de algumas revisões que foram sendo feitas nos seus projetos, há a persistência de características espaciais implantadas nos primeiros conjuntos da Cohab-SP, na década de 1970, e o reforço de sua ruptura com o espaço urbano pré-existente. Observa-se ainda que tal padrão, antes exclusivo da produção pública, aparece de forma atenuada na produção do Mercado Imobiliário. A falta de critérios de qualidade espacial, que guiem essa produção, permeia esses conjuntos que, além de apresentarem deficiências na proposição de espaços urbanos que suportem o cotidiano de seus moradores, não possibilitam que tais projetos sejam integrados ao bairro onde se localizam. O trabalho proposto pretende, apoiando-se em estudos de caso da Região Metropolitana de São Paulo, produzidos na última década, identificar as mudanças absorvidas no processo de implantação dos conjuntos de 1970 até 2010, sua forma urbana e sistema de espaços livres dela resultante, apresentando critérios de avaliação de qualidade dos espaços urbanos habitacionais e estabelecendo uma comparação entre a produção empreendida pelo Poder Público e a produção empreendida pelo Mercado Imobiliário. / The vertical projects for the lower income families implanted in São Paulo city since 1960 until the present day, by public departments such as COHAB SP- Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo and CDHU-Companhia do Desenvolvimento Habitacional Urbano and by the Real Estate Developers, are in general an urban space that stands up when looking at the rest of the city. Conceived from the modernist principles of standardizing builds, repetition of architectural types, abundance of open spaces, functional sectors and total accessibility; these spaces oppose themselves in an abrupt manner to the surroundings of dense geminate houses with reduced and fragmented open spaces and by the diversity of uses that exist in those neighborhoods. Wrongly using the speech of the modernist city, presented in the Athens Charter at the beginning of the XXth century and of the project that turned real in Brasilia, such urban projects present deficiencies space wise that are recurrent in the production of the last 50 years. The initial idea of constituting a system of continuous, accessible and abundant open spaces, in those urban projects is weakened by the inadequacy of the projects to the physical characteristics of the piece of land used, to the weaknesses of the architectural project of the buildings, to the non-existence of landscape projects, and to the low urban legibility of these spaces opposed to the vernacular standards of occupation existing in the minds of the population. One can notice that as decades go by and the changes of the producers of these urban projects, despite some revisions that were made to their projects, space characteristics that were implanted in the first urban projects by Cohab-SP in the 70s and the reinforcement of their separation from the pre-existing urban space still persist. It is also evident that such standard, that was exclusive to the public production before, now appears in an attenuated manner in the Real Estate Market. Lack of criteria for space quality to guide this production is all over these urban projects that besides showing deficiencies in presenting urban spaces that can support the daily lives of the people who live there, and also prevents those urban projects to integrate with the neighborhood where they stand. This paper intends to identify the changes that were absorbed in the process of implantation of the housing complexes projects from 1970 to 2010, their urban form and open spaces system that resulted from it, supported by case studies of the Metropolitan Region of São Paulo from the last decade; presenting criteria for the evaluation of quality of the urban projects and establish a comparison between the production in the hands of the Public Authority and the production in the hands of the Real Estate Developers.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-19012012-095256 |
Date | 16 May 2011 |
Creators | Benvenga, Bruna Maria de Medeiros |
Contributors | Macedo, Silvio Soares |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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