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Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia

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Previous issue date: 2013 / As mulheres negras são uma parcela da população para a qual as determinações sociais se impõem de forma mais agressiva, dificultando a autoestima, as relações, e fomentando a ideia de que são seres hierarquicamente de menor valor social, estando atrás do homem, branco ou negro, e da mulher branca. Renegar as características das mulheres negras e fazer com que o modelo de beleza preferido seja o das loiras, magras, sem quadris, com seios pequenos, “lábios e narizes finos”, foi um dos grandes ganhos do racismo vigente. Em se tratando dos vários tipos de mulheres negras, a gorda certamente fica num dos patamares mais baixos de valorização social. Portanto, avaliar o impacto de padrões de beleza construídos socialmente no desenvolvimento de comportamentos destruidores e agressores e que inferiorizam tipos fenotípicos diversos, como o das mulheres negras, excluindo-as ou dificultando sua inserção social, é uma forma de contribuir para a definição de meios e instrumentos eficazes de melhoria da saúde desse grupamento populacional. Portanto, o objetivo deste trabalho foi compreender a relação entre os padrões de beleza construídos socialmente, o desenvolvimento da imagem corporal e os comportamentos de risco para transtornos do comportamento alimentar entre mulheres negras de Salvador/Bahia; Identificar a influência dos ideais de beleza na construção da imagem corporal, bem como analisar a percepção da imagem corporal das mulheres de Salvador/Bahia levando em consideração o pertencimento étnico/racial; ; Conhecer a relação entre a imagem corporal dessas mulheres e o desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar; Identificar e compreender os fatores protetores ou fragilizadores para o desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar entre essas mulheres.
A investigação constou de duas fases, uma quantitativa, na qual procurou-se identificar a prevalência de risco para transtornos do comportamento alimentar na cidade de Salvador, e a segunda,qualitativa, com o objetivo de aprofundar a relação entre o risco para estes transtornos e os padrões de beleza construídos socialmente. Na primeira fase foi utilizado um instrumento de investigação, composto de quatro questionários autoaplicáveis, em jovens na faixa etária entre 15 a 30 anos, estudantes do ensino médio e dos cursos de nutrição, psicologia, medicina, enfermagem e educação física, de instituições públicas e privadas. O primeiro questionário coletou informações sobre identificação das jovens, dados sociais, satisfação corporal, vivência do racismo e percepção de existência de rede de apoio social e familiar; o segundo indicava o risco para desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar (Eating Attitude Test – EAT-26); o terceiro (Body Shape Questionnaire - BSQ), visava caracterizar a imagem corporal destas mulheres; e o último questionário (Beck Depression Inventory - BDI), avaliava possíveis graus de depressão presentes nas mesmas. Na fase qualitativa foram utilizadas duas estratégias metodológicas, os grupos focais e as entrevistas individuais com história de vida. As narrativas dos grupos focais e das entrevistas foram submetidas à análise, através de uma abordagem hermenêutica. O artigo Transtornos Alimentares em Grupos Diversos Etnicamente: uma Revisão proporcionou o entendimento de que estes transtornos estão presentes entre asiáticos, negros e latinos, mas a diversidade de valores e costumes entre esses grupos interfere no seu desenvolvimento e prevalência. A identidade étnica e a o processo de integração social têm um papel importante nos fatores de risco e forma de manifestação dessas desordens. A busca e acessibilidade ao tratamento são influenciadas por características sociais, culturais e raciais. No artigo Transtornos Alimentares: patologia ou estilo de vida? compreendeu-se que os transtornos são considerados estilos de vida, nos quais busca-se fugir ao sofrimento através do controle dos corpos e dos desejos. Há uma trama entre controle, poder e dominação, no qual as jovens pleiteiam autonomia e independência, a sociedade define e normatiza seus corpos, e dessa forma, impõem uma dominação, e os profissionais, baseados nos discursos da saúde, intentam ensiná-las como controla-los, tentando exercer de certa forma um poder sobre o outro. No artigo Risco para Transtornos Alimentares entre Estudantes de Salvador/Bahia, considerando a dimensão raça/cor encontrou-se que as estudantes que se identificaram como amarelas ou indígenas têm 3,6 vezes mais chances de comportamentos alimentares desordenados e 4,8 vezes mais possibilidade de estarem insatisfeitas com sua imagem corporal. As pardas possuem 2,5 vezes mais risco de apresentarem esta insatisfação. A depressão é uma comorbidade que deve ser considerada, apesar de não estar associada significativamente com raça/cor. No texto Satisfação com as Características Fenotípicas e Transtornos Alimentares em Estudantes de Salvador/Bahia percebeu-se que as estudantes pardas, de um modo geral, apesar de afirmarem uma satisfação com a sua aparência, expressam um conflito em relação aos traços que as identificam com uma parcela da população que é considerada socialmente menos valorizada. No entanto, não eram mais propensas a desenvolverem transtornos alimentares, o que pode ser explicado por possuírem um referencial de beleza diferente do propagado pela mídia e valorizado socialmente. Na análise dos grupos focais e entrevistas foi possível entender que tanto para as estudantes negras quanto para as não negras a magreza extrema e o excesso não se refletem muito nos desejos das jovens de Salvador. Parece que, apesar de também existir uma perseguição de um corpo perfeito, ideal, este corpo, necessariamente teria o equilíbrio como tônica importante. A insatisfação corporal esteve presente nos dois grupos, independente de apresentarem ou não preocupação com o formato e tamanho corporal. Ao avaliar as narrativas percebeu-se que sinais e sintomas dos transtornos do comportamento alimentar estiveram presentes na vida de sete jovens negras, mesmo o resultado do EAT tendo sido negativo. Os fatores que podem ser considerados protetores ou fragilizadores em relação à manifestação desordenada de comportamentos alimentares foram relacionais, estruturais e os próprios da personalidade. / Salvador

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:192.168.11:11:ri/13187
Date January 2013
CreatorsBittencourt, Liliane de Jesus
ContributorsTorrenté, Mônica de Oliveira Nunes de
PublisherTese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, como requesito parcial para obtenção do título de Doutor em Saúde Pública.
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFBA, instname:Universidade Federal da Bahia, instacron:UFBA
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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