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Castelos de vento

Resumo: Este estudo apresenta uma interpretação da modernização da vida literária do Paraná pela esfera da organização política do estado. Interpreto essa relação pela reflexão sobre as necessidades históricas da vida paranaense na vanguarda do processo em que a sua literatura ganha maior expressão nacional, ou em que um movimento literário lhe dá relativo destaque no país, o Movimento Simbolista Paranaense, na virada do século XIX. Compreendo que a questão crucial nesse sentido é a falta de identidade que a recente emancipação política de São Paulo, em 1853, obrigava à época. Isso, associado ao expressivo número de estrangeiros que aportava para colonizar o estado, gerou um desconforto manifestado na esfera hegemônica que, daí a relação direta, era ocupada pelos mesmos representantes da vida literária. E, como uma gestasse a outra, vida literária e vida política, o processo histórico e a forma literária passaram a determinar aspectos formativos um do outro, orientados pelo mesmo interesse: a identidade cultural e política paranaense. Para pensar tal relação, parti da noção do sistema literário brasileiro, desenvolvida por Antonio Candido, para sugerir a hipótese de que, constitutivamente a esse sistema geral, tenha havido a formação de diversos outros processos literários regionais mais ou menos autônomos no país. No nosso caso, o objetivo é sugerir que o Movimento Simbolista Paranaense representa não só o momento fundante da literatura auto-afirmada paranaense, como toma a si a iniciativa de contribuir para dotar o próprio Paraná de uma identidade, fato expresso nas obras produzidas e nas atitudes tomadas pelos principais escritores paranaenses de então. Iniciativa, contudo, que toma consciência de si paralelamente à tomada de consciência das instituições e da própria sociedade paranaense da necessidade, ou vontade, de definir uma identidade ao recente estado. Sem reduzir o problema, resolvi orientar minha interpretação a partir da leitura da poesia dos dois principais poetas simbolistas paranaenses: Emiliano Perneta e Dario Vellozo, que tomaram posturas contrárias entre si e por isso mesmo apresentaram poéticas complementares à lógica do Movimento Simbolista. Se, por um lado, isso gerou uma possível interpretação à organização do processo literário no Paraná, por outro, abriu caminhos para uma interpretação do processo de modernização da poesia no Brasil, que pretendo desenvolver no doutorado.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/26442
Date20 December 2011
CreatorsMaia, Paulo Cezar
ContributorsGil, Fernando Cerisara, 1961-, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduaçao em Letras
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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