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O ethos irônico de Saramago: uma leitura de Ensaio sobre a cegueira e O conto da ilha desconhecida

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Previous issue date: 2010-04-26 / José Saramago, in the article entitled The distinction between narrator and author, takes his controversial concept in the academic world in reveal that the figure of the narrator and author are coincident. For him should not exist the presence of a narrator free from its author. This fact might sound, in his view, such as lack of commitment to the work or some attempt to escape the responsibilities of author. Saramago's reflections on the authorship question refers to the fact that some authors to let their roles in support of the narrators, as if to give up their own responsibility, not only literary but also ideological. After all, with the several academic speculations about the types of narrators and points of view, the writer fears that ultimately diminish the author s thought to relegate it to a secondary role, what, for him, reveal a work without reason, therefore be ineffective. From this concept, one could say that Saramago-author is present in his narrators explicitly? Faced with the intricate problem of authorship by novelist the notion of ethos presented as compelling and consistent interface to offer an opportunity to understand the issue. Aristotelian in origin and currently used in literary analysis to understand who is speaking, the notion of ethos made us accept the views expressed by Saramago about authorship and, in his works, we could see how it manifests the presence of the narrator in text. So, were elected to form the corpus of our research two works Ensaio sobre a cegueira and O conto da ilha desconhecida. Throughout the process of analysis and reflection, both texts were revealed as areas of significant support for the study of ethos and it offered specific questions about the narrator, as well as the speaker in the texts. Before the route taken, we point a fundamental aspect of the constitution of Saramago s speech that is the ironic stroke of his arguments. The call for radical criticism of the added irony as registration discursive result in the striking features of the manifestation of the romantic ethos. Thus Saramago, a kind of creative author that is inscribed on his creature, he signed his unique presence in the characterization of the narrator and allows the verification of an ethos in his works / José Saramago, no artigo intitulado A distinção entre narrador e autor,
assume sua polêmica concepção em revelar ao mundo acadêmico que a figura
do narrador e do autor são coincidentes. Para ele não deve existir a presença
de um narrador isento de seu autor, ou seja, que não carregue a marca de sua
autoria. Tal fato poderia soar, a seu ver, como falta de compromisso para com
a obra ou certa tentativa de fugir às responsabilidades de autor.
As reflexões de Saramago sobre a questão da autoria se referem ao fato
de alguns autores abdicarem de seus papéis em prol dos narradores, como se
abrissem mão de suas responsabilidades próprias, não só literárias, mas
também ideológicas. Afinal, com as várias especulações acadêmicas em torno
das tipologias de narradores e pontos de vista, o romancista receia que
acabem por diminuir o pensamento do autor ao relegá-lo a um papel
secundário, o que, para ele, revelaria uma obra sem razão de ser, portanto,
inoperante.
Partindo dessa concepção, poder-se-ia dizer que Saramago-autor está
presente em seus narradores, de forma explícita?
Frente ao intrincado problema da autoria saramaguiana, a noção de
ethos apresentou-se como interface instigante e coerente para oferecer uma
possibilidade de entendimento da questão.
De origem aristotélica e atualmente utilizada na análise literária para se
perceber quem fala, a noção de ethos fez com que nos confrontássemos com
as opiniões defendidas por Saramago sobre a autoria e vivenciássemos, em
suas obras, o modo como se manifesta a presença do narrador no texto.
Assim, foram eleitas para constituírem o corpus de nossa pesquisa duas
obras Ensaio sobre a cegueira e O conto da ilha desconhecida. Ao longo
do processo de análises e reflexões, ambos os textos se revelaram como
espaços de apoio importantes para o estudo da manifestação do ethos e
ofereceram questões pontuais sobre a figura do narrador, assim como de quem
fala nos textos.
Diante do percurso realizado, destacamos um aspecto fundamental da
constituição do discurso saramaguiano, qual seja, o traçado irônico de seus
argumentos. O apelo à radicalidade da crítica somado à ironia como inscrição
discursiva resultam em características marcantes da manifestação do ethos
romanesco.
Assim, Saramago, espécie de criador que se faz inscrito em sua criatura,
assina sua presença original na caracterização do narrador e permite a
constatação de um ethos na perspectiva de sua própria autoria

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:leto:handle/14930
Date26 April 2010
CreatorsMuner, Camila Rocha
ContributorsBastazin, Vera Lúcia
PublisherPontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária, PUC-SP, BR, Literatura
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP, instname:Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, instacron:PUC_SP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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