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Análise comparativa de nichos tróficos de carnívoros (Mammalia, Carnivora) da região de alta floresta, estado do Mato Grosso, Brasil

Estratégias alimentares de espécies de carnívoros simpátricos são moldadas pela competição associada à flexibilidade alimentar. Neste estudo, foram utilizadas amostras fecais para analisar a dieta de carnívoros simpátricos em região altamente fragmentada da Amazônia brasileira. Com esse intuito, foram necessárias identificações confiáveis das espécies predadoras, realizadas através de duas técnicas: seqüenciamento de DNA e microscopia óptica. Estes métodos foram comparados resultando em congruência de 92% nas identificações de predadores. Deste modo, foram identificadas nove espécies de carnívoros (Leopardus pardalis (n=18), Panthera onca (n=16), Puma concolor (n=7), Puma yagouaroundi (n=3), Lontra longicaudis (n=2), Pteronura brasiliensis (n=2), Eira barbara (n=2), Cerdocyon thous (n=30) e Speothos venaticus (n=1)). O estudo alimentar de cinco destas espécies foi apenas descritivo devido ao pequeno número de amostras. As demais quatro espécies apresentaram um número amostral suficiente para a realização das análises estatísticas. O canídeo C. thous foi a espécie de hábitos alimentares mais generalista; além disso, o graxaim-do-mato mostrou-se altamente flexível, alimentando-se também de outras fontes que não predando animais; esta espécie apresentou sementes como itens mais freqüentes, além disso registrou-se consumo de plástico nas amostras fecais. A jaguatirica apresentou a dieta mais generalista dentre as espécies de felinos, contendo itens de pequeno e médio porte; e tendo como presas de maior importância para sua dieta roedores de pequeno porte (<1Kg). A onça-pintada apresentou-se mais especialista em sua dieta que as outras espécies citadas anteriormente, sendo sua principal presa a queixada (Tayassu peccari), resultado encontrado utilizando-se o Índice de Importância Relativa (IIR); de forma geral, sua dieta foi baseada predominantemente em presas de grande porte (>15Kg). Diferentemente, os pumas apresentaram alto consumo de presas de médio porte (1Kg – 15Kg), e além disso as presas foram consumidas em proporções semelhantes. Com esses dados, podemos corroborar a hipótese de que o uso de diferentes recursos alimentares permite a coexistência entre espécies carnívoras. Adicionalmente, a maior sobreposição de nichos tróficos foi registrada entre L. pardalis e Puma concolor. Um dos fatores influenciáveis para esse resultado foi o consumo de roedores de pequeno porte por ambas as espécies predadoras. Uma explicação provável para esta competição por recursos alimentares é a presença de P. onca, pois, em situação de simpatria com esta última, P. concolor acaba por modificar seus padrões de seleção de presas utilizando as de médio e menor porte, que, similarmente, servem como base alimentar para a dieta das jaguatiricas. Os resultados gerados com este estudo fornecem dados sobre a ecologia das espécies de carnívoros para esta região fragmentada da Amazônia e com isso contribui de uma forma significativa para seu melhor conhecimento, o que pode auxiliar na elaboração de estratégias adequadas para o manejo e conservação dessas espécies em campo.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/26596
Date January 2010
CreatorsTirelli, Flávia Pereira
ContributorsFreitas, Thales Renato Ochotorena de
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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