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A Formação no Programa de Trabalho Educativo da FIA/RJ: possibilidades e limites da experiência

O presente estudo analisa a formação proporcionada aos jovens atendidos pelo Programa de Trabalho Educativo (PTE) da Fundação para Infância e Adolescência (FIA) RJ. Para tanto, situamos nosso objeto no contexto do capitalismo nos anos de 1990, especialmente, no que diz respeito à organização do mundo do trabalho, onde destacamos o enfraquecimento do modelo taylorista-fordista, das políticas que levariam ao Estado de Bem-Estar, a precarização das condições de trabalho e da proteção social conquistada
pelos trabalhadores, a tendência à redução salarial, além da ascensão das novas formas de gestão da mão-de-obra. Discutimos o tratamento dispensado, historicamente, à infância e à juventude pobres, analisando as políticas que para eles se voltam e a integração do PTE/FIA a este contexto. Destacamos, em especial, a década de 1930, quando a chamada questão social se torna assunto de intervenção mais sistemática do Estado brasileiro, chegando aos anos de 1990, com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Passamos, então, a discutir a categoria formação que é central em nossa análise.
Esta categoria é atravessada por contradições que revelam a sua diversa apropriação pelo modo capital: formar numa perspectiva interessada ou numa outra perspectiva, na intenção da ampliação das potencialidades humanas. Situando estas possibilidades, discutimos a formação na perspectiva da politecnia e da polivalência, apontando esta última como a mais próxima da ação formativa implementada no PTE. Por fim, apresentamos os dados empíricos da pesquisa, detalhando, a partir das entrevistas e de nossa própria experiência profissional, aspectos que apontam para a formação no Programa. Dentre os mais importantes, destacamos o aprendizado em
serviço, os cursos e oficinas e a relação entre supervisor e bolsista. Concluímos com a idéia de que o modelo de formação predominante é o que remete à polivalência mas, na experiência, esta assume aspecto ainda mais empobrecido, por se
construir especialmente sobre o trabalho simples. Certamente este quadro não está separado de um projeto de formação mais amplo, que se volta para os trabalhadores e que é fruto da divisão internacional do trabalho. Este modelo tem na LDB e nos processos de formação inicial e continuada de trabalhadores, a sua estrutura legal e se volta para os jovens trabalhadores pobres, que ao longo de suas vidas assumirão as ocupações mais
simples. Por outro lado, quando a experiência acontece através do desenvolvimento de atividades menos simples, aliada ao reforço escolar, aos cursos e oficinas — que não devem responder somente às demandas do trabalho, mas atender às necessidades e interesses dos bolsistas — as possibilidades de uma formação menos conformadora e capaz de ampliar os horizontes e as expectativas dos jovens crescem.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:ndc.uff.br:58
Date10 September 2004
CreatorsSimone Eliza do Carmo Lessa
ContributorsMaria Aparecida Ciavatta Pantoja Franco, Maria Cristina Leal, Lia Vargas Tiriba
PublisherUniversidade Federal Fluminense, Programa de Pós-graduação em Educação, UFF, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFF, instname:Universidade Federal Fluminense, instacron:UFF
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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