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Olhar e passividade na pintura segundo Merleau-Ponty

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2015. / Made available in DSpace on 2016-01-05T03:06:56Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 / Esta pesquisa tem por objetivo mostrar a articulação entre atividade e passividade, seja do artista, seja do espectador, na experiência artística. Imerso nesta atividade-passividade, o pintor transmuta para a tela o enigma que percebe em seu contato com a natureza. Aprendendo com saberes culturais que lidam com o mundo sensível, Merleau-Ponty pretende fazer uma filosofia tal como uma obra de arte. A pintura, que constitui um desses saberes, instala-se no mundo sensível e, com isso, revela a Merleau-Ponty a tarefa de aprofundar a temática do olhar. O olhar exprime, de acordo com o filósofo, um  quiasma entre o visível e o invisível. Nesse sentido, contra o  pensamento de ver , tipicamente cartesiano, o olhar é tratado como um enigma. Mais além de querer representar a natureza na tela, o pintor quer imprimir o todo indivisível, a natureza em seu estado de origem. É a partir deste ponto de vista que o filósofo não recorre à história da filosofia ou ao mundo científico para constituir a sua ontologia, mas à história da arte. Mais do que isso, é na frequentação às obras de arte que Merleau-Ponty opera uma verdadeira escuta às diferentes camadas de Ser reveladas pela experiência sensível em sentido amplo. Entendida como Ser Bruto, a experiência sensível é primeiramente a imbricação (empiètement) recíproca das imagens visíveis, bem como o salto (enjambement) para este domínio invisível, que são as criações (do espírito selvagem) mais além de cada imagem, até o limite daquilo que se doa não como imagem, mas como precessão (précession) de um estranho como outrem. Ademais, este trabalho reafirma a importância do espectador na retomada da obra de arte, tarefa que faz empregando o seu corpo, que é um correlato do mundo, em que o olhar, além de contemplar, pode fornecer substratos para uma criação, até o limite em que é surpreendido por algo que se impõe como alteridade. A pintura, assim, mostrará que o espectador experimenta uma dupla passividade: ao quadro e ao olhar do estranho, que se assemelha aquela vivida pelo próprio pintor, em parte, passivo à imagens que lhe vem do mundo e da história; mas também passivo a sua própria intimidade que se revela como estilo. Essa dupla passividade tem uma relação com a dupla falta do sujeito do desejo, salientada por Jacques Lacan no Seminário XI.<br> / Résumé : Cette recherche vise à montrer la articulation entre activité et passivité, soit de l'artiste soit du spectateur, dans l'expérience artistique. Submergé par cette activité-passivité, l'artiste transpose sur la toile l'énigme qu'il perçoit en contact avec la nature. En apprenant avec les savoirs culturels dans le rapport avec le monde sensible, Merleau-Ponty a l'intention de faire de la philosophie une  uvre d'art. La peinture, caractérisée comme l'un de ces savoirs, s´installe dans le monde sensible et, par conséquent, révèle à Merleau-Ponty la tâche d'approfondir la thématique du regard. Selon le philosophe, le regard exprime un "chiasme" entre le visible et l'invisible. En ce sens, par opposition à la "pensée de voir", typiquement cartésienne, le regard est traité comme une énigme. Au-delà de représenter la nature sur la toile, le peintre veut imprimer le tout indivisible, la nature dans son état d'origine. En partant de ce point de vue, le philosophe ne fait pas appel à l'histoire de la philosophie ou au monde scientifique pour construire son ontologie, mais à l'histoire de l'art. Plus que cela, en fréquentant les  uvres d'art, Merleau-Ponty opère une véritable écoute aux différentes couches de l'Être dévoilées par l'expérience sensorielle dans un sens large. Entendue comme Être Brute, l'expérience sensible est d´abord l'empiètement réciproque d'images visibles, ainsi que l'enjambement dans ce domaine invisible qui comprend les créations (de l'esprit sauvage) au-delà de chaque image, jusqu'à la limite de ce qui ne se présente pas comme image, mais comme la précession d'un étranger caractérisé par l'autrui. En outre, cette étude réaffirme l'importance du spectateur dans la reprise de l' uvre d'art par la médiation de son corps, celui-ci étant une institution du monde (en corrélation avec le monde). Dans cette relation, le regard, au-delà de la contemplation, peut fournir des substrats pour une création jusqu'à ce qu'il soit surpris par quelque chose qui lui est imposée : l'altérité. La peinture montrera donc que le spectateur éprouve une double passivité: l'une en rapport au tableau, l´autre liée au regard de l'étranger. Cette expérience ressemble à celle vécue par le peintre lui-même, en partie, passif à des images qui viennent du monde et de l'histoire, mais aussi passif à sa propre intimité qui se révèle comme style. Cette double passivité a une relation avec la double absence de l'objet (le double manque du sujet) du désir, mise en évidence par Jacques Lacan dans le Séminaire XI.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/157416
Date January 2015
CreatorsBitencourt, Amauri Carboni
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Müller, Marcos José
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageFrench
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format276 p.| il.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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