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Processos de escolarização no distrito federal: o que dizem os profissionais da escola sobre a inclusão de surdos?

A inclusão educacional de surdos tem sido frequentemente debatida, especialmente, pela condição
bilíngue e bicultural dos alunos, que exige práticas diferenciadas de ensino. Os surdos, público cujo
desenvolvimento apresenta características singulares, são sujeitos que vivem uma experiência com
a língua(gem) dependente de um canal distinto (os sinais), que privilegia experiências gestuais e
visuais. Seu desenvolvimento, portanto, ocorre a partir da Língua de Sinais, pois ela é a língua
acessível aos surdos e fundamental para inseri-los em processos dialógicos correntes no meio em
que vivem, permitindo a sua construção subjetiva e identitária. Reconhecendo tais peculiaridades,
as atuais políticas públicas defendem o bilinguismo como modelo educativo ideal para o
desenvolvimento do surdo. Considerando o impacto de tais dinâmicas escolares busca-se, neste
estudo, investigar os posicionamentos dos profissionais a respeito da inclusão desses estudantes. O
objetivo foi entender a visão dos educadores acerca dos elementos principais demandados pelos
alunos: estratégias pedagógicas e a Língua de Sinais somados aos desafios derivados do processo
formativo de sujeitos biculturais. Participaram da investigação oito sujeitos: a diretora, o supervisor
pedagógico, a coordenadora de linguagens e códigos, a coordenadora de humanas, o coordenador
de exatas, o professor de português como segunda língua, a professora da sala de recursos e a
intérprete de Libras. O trabalho de campo foi realizado em uma escola de ensino médio da rede
pública, do Distrito Federal, por meio de entrevistas semiestruturadas. A pesquisa foi desenvolvida
em três momentos: a) a reunião preliminar com os participantes, b) a 1ª etapa de entrevistas com os
profissionais (individualmente) e c) 2ª etapa de entrevistas, também de cunho individual, com cada
um dos participantes. As entrevistas foram videogravadas e realizadas pela pesquisadora nas
dependências da escola, entre o primeiro e o segundo semestre de 2013. As vídeogravações foram
integralmente transcritas para a análise. Das análises depreendeu-se três eixos importantes sobre os
posicionamentos dos profissionais: a) a visão acerca da surdez e estratégias pedagógicas
pertinentes aos surdos; b) a centralidade (ou não) da Língua de Sinais para o desenvolvimento
bicultural dos surdos e c) os principais desafios para a escola no tocante à inclusão dos sujeitos
com desenvolvimento bicultural. O estudo aponta divergentes olhares sobre o surdo e a surdez, que
refletem a forma como os educadores entrevistados conduzem as práticas de ensino: alguns
comprometidos com os aspectos culturais e políticos dos surdos, outros alheios a essas condições.
Além disso, eles formularam críticas aos processos de escolarização dos surdos, chamando a
atenção para o papel da Língua de Sinais nesse contexto; aspecto primordial na implementação de
projetos acadêmicos bilíngues que se comprometem com o êxito acadêmico dos surdos e com o seu
desenvolvimento bicultural.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/190790
Date January 2014
CreatorsSILVA, Carine Mendes da
PublisherUnB
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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