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Cineastas indígenas, documentário e autoetnografia : um estudo do projeto Vídeo nas Aldeias / Indigenous filmmakers, documentary and autoethnography : a study of the Video in the Villages project

Orientador: Marcius César Soares Freire / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes / Made available in DSpace on 2018-08-27T13:45:41Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 / Resumo: Criado em 1986 pelo indigenista e documentarista Vincent Carelli, o projeto Vídeo nas Aldeias (VNA) objetiva fortalecer as identidades, patrimônios culturais e territoriais dos povos indígenas através dos recursos audiovisuais. O VNA atua como uma escola de cinema para os povos indígenas brasileiros por meio de oficinas de formação em audiovisual realizadas nas aldeias e na sede do projeto, em Olinda, no estado de Pernambuco. Desempenha também um papel fundamental como entidade responsável pela captação de recursos, produção e distribuição dos documentários. Nesse contexto, esta pesquisa analisa 28 documentários da série "Cineastas indígenas" realizados entre 1999 e 2011 no âmbito do projeto VNA. Trata-se de seis curtas-metragens e 22 médias-metragens de cineastas indígenas das etnias Ashaninka, Huni Kui, Kisedje, Kuikuiro, Mbya-Guarani, Panará e Xavante. Essa produção audiovisual de não-ficção é considerada como uma prática de autoetnografia no documentário, à medida que ao conceder a câmera para os indígenas lhes é permitido o que dizer, quando, onde e como filmar, a partir de uma perspectiva interna, na qual eles apresentam suas aldeias, seu cotidiano, sua história, suas festas e rituais, como também os problemas sociais que enfrentam. Nesse sentido, a tese propõe a categoria de documentário autoetnográfico para o corpus analisado, tendo como questões norteadoras: Quais são os procedimentos de criação, métodos de trabalho e condições de realização dos documentários autoetnográficos do projeto VNA? E as posturas éticas, opções estéticas e técnicas neles presentes? Qual a importância desses filmes para as comunidades indígenas que deles participam? Com que finalidade eles são realizados? A partir da análise fílmica, em uma perspectiva textual e contextual, isto é, estabelecendo um diálogo entre elementos internos (imagem, som etc.) e externos dos documentários (entrevistas com realizadores indígenas, equipe do VNA, sujeitos filmados, conceitos das teorias do cinema antropológico e documentário etc.), apresenta-se o estudo do corpus enfatizando, respectivamente, as dimensões ética, estética e política da produção audiovisual de não-ficção do projeto VNA. Considera-se essas três dimensões do discurso fílmico como fundamentais para se compreender melhor a categoria de documentário autoetnográfico que, para além de um conceito dos estudos pós-coloniais, acredita-se constituir em uma tomada de posição e reflexão do campo do cinema diante dos filmes dos realizadores indígenas. A análise dos documentários autoetnográficos do projeto VNA revela: um processo de realização cinematográfica (preparação, filmagem e montagem) no qual a autoria é compartilhada, sendo a ética um elemento presente em todas as etapas; o emprego e a modulação de diferentes gestos estéticos com uma forte influência dos cinemas direto/verdade, mas também questões que emergem com força na produção audiovisual de não-ficção contemporânea, como a encenação e o uso das imagens de arquivo; o papel político desempenhado pelos documentários, tendo em vista que se direcionam aos espectadores não-indígenas, seus enunciatários, para discutir a relação entre história oficial versus história não-oficial, a identidade e cultura indígenas, ou ainda para denunciar, reivindicar e lhes dar visibilidade / Abstract: Created in 1986 by the indigenist and documentary filmmaker Vincent Carelli, the project Vídeo nas Aldeias ¿ VNA (Video in the Villages) aims at reinforcing the identities, cultural and territorial patrimonies of indigenous peoples by means of audiovisual resources. VNA works as a cinema school and provides Brazilian indigenous peoples with workshops on audiovisual production, both in the villages and at the project headquarters, located in the city of Olinda, in the state of Pernambuco. It also plays a fundamental role as the responsible entity for the fundraising, production and distribution of documentaries. In this context, this research analyzes 28 documentaries from "Indigenous Filmmakers", a series produced by VNA from 1999 to 2011. This set of documentaries includes 6 short films and 22 medium-length films by indigenous filmmakers of the ethnic groups Ashaninka, Huni Kui, Kisedje, Kuikuiro, Mbya-Guarani, Panará, and Xavante. This nonfiction audiovisual production is seen as a practice of autoethnography inside the documentary: once the Indians are provided with cameras, they are also allowed to decide what to say, when, where and how to shoot. From an inner perspective, they present their villages, their daily life, their histories, their rituals and traditional events, as well as the social problems they face. That being said, this dissertation argues that the corpus analyzed in this work fit into the category of autoethnographic documentary and presents the following questions: What are the creation procedures, working methods and realization conditions involved in the production of VNA¿s autoethnographic documentaries? And what are the ethical stances, the aesthetic and the technical options presented by them? What is the importance of these films for the indigenous communities that take part in them? For what purpose are they made? The study of the corpus is based on filmic analysis, from textual and contextual perspectives, that is, establishing a dialogue between internal (image, sound etc.) and external (interviews with indigenous filmmakers, the VNA¿s staff, the filmed subjects, concepts from the anthropological cinema and documentary film theories etc.) elements of the documentaries. It also underscores the ethical, aesthetical and political dimension of VNA¿s nonfiction audiovisual production. These three dimensions of the filmic discourse are seen as fundamental for a better comprehension of the autoethnographic documentary ¿ a category which is not only a concept from the postcolonial studies, but also a way through which cinema takes a stance and reflects on the production of indigenous filmmakers. The analysis of VNA¿s autoethnographic documentaries reveals: a filmmaking process (preparation, filmmaking and montage) in which authorship is shared and the ethics an element present in all these steps; the employment and modulation of different aesthetic gestures, a strong influence from the direct cinema/cinéma vérité, alongside issues that emerge with force in the contemporary nonfiction audiovisual production, such as the staging and the use of archival footage; the political role played by the documentaries, since they are addressed to the non-indigenous public in order to discuss the relation between official and unofficial history, indigenous identity and culture, or even to denounce, claim and give visibility to indigenous peoples / Doutorado / Multimeios / Doutor em Multimeios

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/285321
Date27 August 2018
CreatorsAraújo, Juliano José de, 1981-
ContributorsUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Freire, Marcius, 1949-, Freire, Marcius César Soares, Reyna, Carlos Francisco Perez, Serafim, José Francisco, Ramos, Fernão Vítor Pessoa de Almeida, Sobrinho, Gilberto Alexandre
Publisher[s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Artes, Programa de Pós-Graduação em Multimeios
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format269 p. : il., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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