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O processo de trabalho em HIV/Aids: a visão dos profissionais / Work Process of HIV/Aids: perspectives of healthcare professionals.

A fragmentação do trabalho em saúde, atualmente, tem sido muito estudada. Os estudos apontam que esta além de esvaziar o trabalho de sentido, gerando conseqüências emocionais para os profissionais, trás repercussões na vida dos pacientes, uma vez que, entre outras coisas, prioriza os aspectos técnicos do atendimento em detrimento dos aspectos psicossocias. Considerando que a infecção ao HIV trás desdobramentos psicossociais na vida da pessoa contaminada, a atuação voltada para estes aspectos torna-se primordial. Assim sendo, este estudo tem como objetivo recuperar a síntese do processo de trabalho em HIV/Aids a partir dos profissionais envolvidos neste processo. Dentro da abordagem de pesquisa qualitativa foram realizadas 10 entrevistas com profissionais da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas do HC de Ribeirão Preto. Estas foram semi-estruturadas e realizadas segundo procedimentos de evocação-enunciação-verificação. As falas dos profissionais foram agrupadas conforme as semelhanças de seus conteúdos temáticos e analisadas à luz do materialismo histórico. Os dados mostraram que três Elementos constituem a síntese do processo de trabalho em HIV/Aids: Elementos de Competência Psicossocial; Elementos de Controle Sócio-Político e Administrativo; Elementos de Competência Técnica. Embora os profissionais estudados tenham privilegiado em suas reflexões os Elementos de Competência Psicossocial, a dicotomia entre habilidade técnica e competência psicossocial se faz presente na atuação. Todavia com novas configurações, pois não há a negação destes aspectos e estes não pareceram ser relegados a segundo plano. No entanto, as reflexões apontaram a dificuldade da atuação contemplando plenamente estes aspectos. Estas dificuldades embora tenham como fundamento a fragmentação do saber, conseqüentemente associam-se a estruturação do serviço que se liga às formas protocolares de controle do trabalho em todos os seus níveis. Desta forma, o trabalho se dá a partir da complementariedade de abordagens. Esta fragmentação, além de prejudicar a qualidade do atendimento prestado, dificulta o sentimento de apropriação do trabalho por parte do profissional. Assim sendo, consideramos que a sistematização da aprendizagem informal decorrente da atuação seria uma das alternativas para esta questão. Esta tornaria os profissionais mais ativos no processo de trabalho o que favoreceria a apropriação deste e tornaria a equipe de trabalho mais coesa, uma vez que juntos, os profissionais estariam construindo sua práxis. Além disto, este estudo nos deu a visibilidade que, em algumas situações, a relação estabelecida entre profissional e paciente propicia esta aprendizagem. No entanto, sabemos que a implementação de tal proposta não será fácil, haja visto que rompe com o modelo de atuação vigente e com a estruturação do ensino em saúde, no qual o saber é compartimentado não havendo espaço na atuação para os sentimentos dos profissionais nem dos pacientes. No entanto, observamos que estes sentimentos, entre outras coisas, tem que ser o pano de fundo da atuação. Desta forma, consideramos também, que se faz necessária a discussão em grupo dos sentimentos suscitados pela atuação, pois estes seriam socializados e discutidos entre pessoas que passam pelas mesmas vivências. Isto minimizaria os desdobramentos destes na vida dos profissionais e favoreceria a atuação voltada para os aspectos psicossociais. / Nowadays the fragmentation of health work has been studied a lot. Studies point out that besides giving no sense to work, fragmentation brings emotional consequences to healthcare professionals and results in changes into patients life, because it privileges the technical aspects of care in detriment of psychosocial aspects. Considering that HIV infection results in many psychosocial problems to people living with HIV/Aids, it is primordial to give more attention to these aspects. Therefore, this study aims the recuperation of HIV/Aids work process synthesis considering first all professionals who are involved in this process. Qualitative analysis was the methodological strategy and it included 10 healthcare professionals of Special Unit of Infectious Diseases of HC of Ribeirão Preto. The analysis was semi-structured and according to procedures of evocation- enunciation- verification. The discourses of the professionals were grouped according to thematic contents, and analyzed by historical materialism. Data showed that three Elements constitute work process synthesis in HIV/Aids: Elements of Psychosocial Competency; Elements of Administrative and Socio-Political Control; Elements of Technical Competency. Although the healthcare professionals showed emphasis on reflections about Elements of Psychosocial Competency, the dichotomy between technical skill and psychosocial competency is presented in the during work, but it brings different aspects because there is no denial of any of them, and they do not seem to be relegated as a second place. However, the reflections indicate difficulties in fully consider these aspects during patients care. Although these difficulties are based on fragmentation of knowledge, consequently it is associated with service structure which is linked to work control protocols. The fragmentation impairs patient treating quality and raises objections to healthcare professionals feelings of misappropriation of their job. In such case, we consider that the systematization of informal learning according to work practice would be one of the alternatives, which would result into more functional healthcare professionals and cohesive work teams, and they would be building together their praxis. Furthermore, this study shows that, in some situations, the relationship between patient and healthcare professionals favors this learning. Nevertheless, we are aware that such implementation is not an easy task, because it is not according to the model in vigor, nor to health teaching structure that does not take account patients or professionals feelings. These feelings, among other issues, must be considered during healthcare professionals work. So, we consider the necessity of a group discussion about feelings raised by the work practice, because they would be discussed and socialized among people who have experienced the same situations. This would minimize the problems faced by these healthcare professionals and it would favor psychosocial aspects during work practice.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-04052009-102452
Date26 January 2007
CreatorsJoana Filipa Afonso Monteiro Frateschi da Fonseca
ContributorsMarco Antonio de Castro Figueiredo, Valeria Barbieri, Rosely Moralez de Figueiredo
PublisherUniversidade de São Paulo, Psicologia, USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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