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[pt] A NORMA E A FORMA: A MEDICALIZAÇÃO DA MULHER NA PUBLICIDADE DE FÁRMACOS DA DÉCADA DE 1920 / [en] THE NORM AND THE FORM: THE MEDICALIZATION OF WOMEN IN DRUG ADVERTISING IN THE 1920S

PAOLA SARLO PEZZIN 18 October 2023 (has links)
[pt] Na década de 1920 a República passava por diversas mudanças estruturais em decorrência das doenças epidêmicas e da adequação ao novo modo de vida urbana. No Rio de Janeiro, enquanto capital do país, as mudanças foram mais acentuadas e foram devidamente registradas nas revistas ilustradas. Nestes registros, os textos, ilustrações e fotografias demonstram que, se por um lado os novos costumes estimulavam sociabilidades, propiciando a presença feminina nos espaços públicos e certas liberdades, por outro, os discursos médicos e a moda tornam-se mais exigentes quanto ao corpo feminino. Deste modo, saúde e beleza, doença e feiura são pares que muitas vezes se confundem, enquanto sugerem limites entre o que é considerado excessivo e o ideal. Essas novas demandas de adequação corporal parecem não ser apenas novas necessidades concebidas pela medicina ou pela moda, mas fruto do desenvolvimento profundo das técnicas de publicidade que atuaram para escoar a produção da indústria farmacêutica. Portanto, a promoção da suposta fragilidade feminina - suas doenças e defeitos físicos ou comportamentais - através da propaganda de medicamentos mostrou-se um meio particularmente eficaz no esforço de controle disciplinar do corpo feminino. Por meio da análise da publicidade de medicamentos veiculadas na revista Fon-Fon da década de 1920, este estudo argumenta como estes atuaram como instrumentos de coerção, educando e medicalizando o corpo feminino, disseminando ideais de feminilidade e sexualidade, família, saúde, higiene, e progresso nacional. / [en] In the 1920s, the Republic underwent several structural changes as a result of epidemic diseases and adaptation to the new urban way of life. In Rio de Janeiro, as the country s capital, the changes were more pronounced and very duly recorded in illustrated magazines. In these records, the texts, illustrations and photographs demonstrate that, if on the one hand the new customs stimulates sociability, providing the female presence in public spaces and certais freedoms, on the other hand, medical discourses and fashion become more demanding regarding the body feminine. In this way, health and beauty, disease and ugliness are pairs that are often confused, as they suggest limits between what is considered excessive and the ideal. These new demands for body adequacy seem not to be just new needs conceived by medicine or fashion, but the result of the deep development of adversiting techniques that acted to drain the production of the pharmaceutical industry. Therefore, the promotion of supposed female fragility – their illnesses and physical or behavorial defects - through drug adversiting proved to be a particularly effective means in the effort to discipline the female body. Through the analysis of medication advertisements published in the Fon-Fon magazine in the 1920s, this study argues how they acted as instruments of coercion, educating and medicalizing the female body, disseminating ideals of femininity and sexuality, family, health, hygiene and national progress.

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