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[pt] NO CAMINHO DOS CARVOEIROS: ESTRUTURA DA FLORESTA EM UM PALEOTERRITÓRIO DE EXPLORAÇÃO DE CARVÃO NO MACIÇO DA PEDRA BRANCA, RJ / [en] ON THE WAY OF CHARCOAL-MAKERS: FOREST STRUCTURE OF PALEO-TERRITORIES RELATED TO COAL PRODUCTION IN THE MASSIF OF PEDRA BRANCA, RJGABRIEL PAES DA SILVA SALES 15 September 2016 (has links)
[pt] A floresta que recobre o Maciço da Pedra Branca, localizado no município do Rio de Janeiro, é formada em sua maior parte por florestas secundárias de diferentes idades, que foram intensamente manejadas por um grupo social específico no passado. Foram utilizadas para a produção de carvão nos séculos XIX/XX e, após o abandono desta atividade, se regeneraram, restando, atualmente, apenas poucas evidências deste uso pretérito. No interior da floresta deste maciço, que possui aproximadamente 12.500 hectares, já foram inventariados mais de 1.000 vestígios de antigas carvoarias. Este trabalho teve como objetivo avaliar a composição florística e a estrutura do estrato arbustivo e arbóreo de áreas que foram utilizadas para a produção de carvão. Foi investigado se este tipo de manejo interferiu na forma que a floresta se regenerou, avaliando-se os rumos da sucessão eco-lógica. Além disso, foram verificados os potenciais usos e buscou-se identificar as marcas dos antigos carvoeiros na atual floresta. Foram selecionadas e inventaria-das três áreas que apresentam idades aproximadas, mesma orientação de encosta e declividade semelhantes. Em cada uma delas foram realizadas cinco parcelas em transecção (60 x 5 m) formando um semicírculo no sentido a montante da encosta, resultando em uma área amostral de 1.500 m2 (no total 4.500 m2). Apesar das três áreas terem sofrido um mesmo último uso, a floresta, atualmente, apresenta resultantes florísticas e estruturais bastante distintas entre si, mas que revela, em varia-dos aspectos, a ação pretérita deste grupo social. / [en] The forest that covers the Pedra Branca massif, located in Rio de Janeiro, is consisted mostly by secondary forests of different ages who were intensively managed by a specific social group in the past. This is due to the partial logging that occurred by making charcoal, especially among nineteenth and early twentieth centuries and after the abandonment of this activity, it regenerated, leaving, currently, just a few evidences of this past use. In the forest of this massif, which has approximately 12,500 hectares, have been inventoried over 1,000 traces of old charcoal kilns. The objectives of this study were investigate how the ecological succession occurred in the Pedra Branca massif after the charcoal activity and verify the potencial uses of the species that constitute the current forest. In this research, were explored three areas of ancient charcoal-makers, currently covered by secondary forests. These areas have similar ages, same orientation and similar slope steepness. In each of these areas were performed five transects forming a semi-circle oriented to the highest part of the slope, as it is believed that the charcoal makers used to fell trees downhill. The dimensions of each axis being 60 x 5 meters and the total inventoried was 0,45 hectare. Although the three areas have suffered the same last use, forest currently present with floristic and structural resulting quite distinct from each other, but that shows in many respects the preterit action of charcoal-makers in this massif.
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[en] PORTRAITS OF A PALEOTERRITORY: STORIES HIDDEN IN THE FOREST LANDSCAPE OF GRUMARI, RJ / [pt] RETRATOS DE UM PALEOTERRITÓRIO: HISTÓRIAS ESCONDIDAS NA PAISAGEM FLORESTAL DE GRUMARI, RJISABELLE SOARES PEPE 29 December 2020 (has links)
[pt] A dicotomia na relação sociedade-natureza se projeta consideravelmente sobre as
florestas tropicais, que muitas vezes são consideradas uma natureza estática, sem
história e com poucos habitantes, onde sua complexidade estrutural e funcional se
deu apenas por processos naturais. O presente trabalho investigou: i. a
transformação da paisagem de Grumari, bairro localizado no extremo sudoeste do
Maciço da Pedra Branca (RJ), que possui, atualmente, a maior área de cobertura
vegetal do município e ii. os legados socioecológicos encontrados na floresta, com
o intuito de desvendar quais e como as interações humanas com meio físicobiológico
contribuíram para a construção da atual paisagem florestal. Para isso
foram usadas metodologias oriundas da Geografia, História e Ecologia que
perpassaram a investigação de documentos históricos com fontes primárias e
secundárias extraídos de Arquivos Históricos, complementados pela identificação
e sistematização de vestígios materiais encontrados em trabalhos de campo,
segundo a metodologia da leitura da paisagem. Por fim, utilizou-se a fitossociologia
para análise do componente arbóreo ao redor dos vestígios encontrados, no sentido
de compreender as resultantes ecológicas do encontro entre a dinâmica social e
natural. Foram inventariadas oito unidades amostrais da vegetação arbórea
perfazendo 0,32 ha. Foi encontrado um total de 90 espécies, sendo Guarea
guidonia, Piptadenia gonoacantha, Sparattosperma leucanthum, Gallesia
integrifolia e Joannesia princeps as mais conspícuas. A encosta florestal de
Grumari foi habitada por populações humanas, possivelmente desde os povos
sambaquieiros; passando por indígenas Tupinambás; colonizadores portugueses;
instituições religiosas de poder; latifundiários e pequenos lavradores posseiros - que
até hoje ocupam o território – e, mais atualmente, o Poder Público, que exerce a
governança ambiental através das Unidades de Conservação. Alguns efeitos da
modificação dos ecossistemas para a sobrevivência e atividades econômicas
referentes a distintos momentos históricos estão impressos na paisagem através de
vestígios como: depósitos malacológicos, resquícios de carvoarias, ruínas e antigos
caminhos, geralmente associados à presença de espécies exóticas, e espécies nativas
que apresentam padrão de dominância na comunidade vegetal. A associação desses
elementos encontrados na paisagem conta histórias para além da história escrita.
Depois de mais de 200 anos de intenso uso do solo para agricultura, fornecimento
de energia e água e habitações humanas, a vegetação avançou sobre áreas de antigas
roças, carvoarias e pastos abandonados. A floresta seguiu sucessões ecológicas
únicas, que expressam a história e a cultura em sua composição e estrutura. A
complementaridade de fontes – escritas, materiais, biológicas e fotográficas –
contribuíram para a compreensão da complexidade da paisagem e dos fatores
histórico-ambientais que a levaram à configuração atual. Além disso, permitiu dar
luz a grupos sociais sistematicamente invisibilizados que foram importantes agentes
de transformação do espaço com suas práticas culturais. A reunião dessas
informações e a sistematização de vestígios materiais revelam as complexidades e
dão concretude à discussão sobre florestas como paisagens culturais. / [en] The dichotomy in the society-nature relationship is projected considerably
over tropical forests, which are often considered to be a static nature, with no history
and with few inhabitants, and whose structural and functional complexity occurred
only through natural processes. The present work investigated: i. the transformation
of the landscape of Grumari, a neighborhood located in the southwestern corner of
Maciço da Pedra Branca (RJ), which currently has the largest vegetation area in the
municipality and ii. the socioecological legacies found in the forest, in order to
discover which and how human interactions with physical-biological environment
contributed to the construction of the current forest landscape. For this,
methodologies from Geography, History and Ecology were used, which permeated
the investigation of historical documents with primary and secondary sources
extracted from Historical Archives, complemented by the identification and
systematization of material traces found in fieldwork, according to the landscape
reading methodology. Finally, phytosociology was used to analyze the tree
component around the traces found, in order to understand the ecological results of
the encounter between social and natural dynamics. Eight sampling units of tree
vegetation totaling 0.32 ha were inventoried. A total of 90 species were found, with
Guarea guidonia, Piptadenia gonoacantha, Sparattosperma leucanthum, Gallesia
integrifolia and Joannesia princeps being the most conspicuous. The forested slope
of Grumari was inhabited by human populations, possibly from the sambaquieiros
peoples; passing by indigenous Tupinambás; Portuguese colonizers; religious
institutions of power; landowners and small-scale tenant farmers - who still occupy
the territory today - and, more recently, the Public Power, which exercises
environmental governance through Conservation Units. Some effects of the
modification of ecosystems for survival and economic activities referring to
different historical moments are imprinted on the landscape through traces such as:
malacological deposits, remnants of charcoal production, ruins and ancient paths,
usually associated with the presence of exotic species, and native species that
present a dominance pattern in the plant community. The association of these
elements found in the landscape tells stories beyond written history. After more
than 200 years of intense use of the soil for agriculture, energy and water supply
and human habitation, the vegetation has advanced over areas of old fields, charcoal
fields and abandoned pastures. The forest followed unique ecological successions,
which express history and culture in their composition and structure. The
complementarity of sources - written, material, biological and photographic -
contributed to the understanding of the landscape complexity and the historical-environmental
factors that led to its current configuration. In addition, it allowed to
give light to systematically invisible social groups that were important agents of
transformation of the space with their cultural practices. The gathering of this
information and the systematization of material traces reveal the complexities and
give substance to the discussion about forests as cultural landscapes.
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