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[pt] CONSTRUÇÕES VERBAIS SERIADAS: UMA CARACTERIZAÇÃO INTERMODAL / [en] SERIAL VERBS CONSTRUCTIONS: A CROSS-MODALITY CHARACTERIZATIONISAAC GOMES MORAES DE SOUZA 21 December 2023 (has links)
[pt] As CVSs têm sido amplamente descritas em línguas orais e são
produtivas em línguas de sinais. Elas se caracterizam como estruturas
multiverbais sem elemento coordenador manifesto, apresentando
compartilhamento de marcadores funcionais e de argumentos interno e
externo, semântica de evento único e prosódia monossentencial. O objetivo
deste trabalho é apresentar uma caracterização a partir de dados
translinguísticos e intermodais, sugerindo uma análise formal para o
fenômeno com base em uma caracterização pioneira dessas construções
em Libras. Duas tarefas de aceitabilidade gramatical, utilizando a técnica
playback, foram conduzidas com a participação de surdos nativos de
Libras, abordando sequências verbais seriadas simétricas e assimétricas.
Essa metodologia permitiu a obtenção de dados robustos sobre a estrutura
e o uso das CVSs em Libras. As observações empíricas indicam,
primeiramente, que as sentenças com empilhamento verbal em Libras são
distintas em termos semânticos e sintáticos quando comparadas às
sentenças com coordenação, tanto a coordenada explícita quanto a
encoberta. Além disso, as CVSs em Libras demonstraram ser produtivas e
apresentaram restrições semelhantes às observadas na literatura para
línguas orais e de sinais. Identificou-se também a produtividade das CVSs-sanduíches em Libras, que, apesar de compartilhar algumas semelhanças
com CVSs em outras línguas de sinais, comportam-se de maneira distinta,
funcionando como estruturas de foco com reduplicação verbal.
Adicionalmente, foram observadas as sequências de verbos AB com
mudança de perspectiva, embora sejam menos produtivas. Estas se
distanciam de estruturas passivas convencionais, assemelhando-se mais a
predicados complexos. Com base na literatura sobre o fenômeno e nos
dados obtidos em Libras, a análise teórica adotada sugere que as CVSs
em Libras envolvem a gramaticalização de um dos componentes verbais
seriados, atuando como marcador de aspecto e sendo incorporado na
estrutura como um elemento periférico à estrutura argumental projetada
pelo verbo não gramaticalizado. Este estudo oferece uma contribuição
significativa para o entendimento das CVSs em línguas de sinais,
demonstrando a complexidade intrínseca da estrutura linguística em Libras.
Além disso, abre perspectivas para futuras pesquisas na área da linguística
de línguas de sinais e para uma caracterização mais robusta das CVSs nas
línguas naturais. / [en] Serial verb constructions (SVCs) have been extensively described in
oral languages and are also productive in sign languages. These are
characterized as multi-verb sequences without manifestation of a
coordinator or subordinatior element. These sequences share functional
marker related to tense, aspect and negation, and the external and the
internal arguments. They denote a single event and have monosentential
prosody. The aim of this work is to present a characterization of SVCS,
based on crosslinguistic and intermodal data, proposing a formal analysis
for the phenomenon built upon first-hand data from Libras. Two
grammaticality judgment tasks using the playback technique were
conducted with the participation of native Libras signers, addressing both
symmetric and asymmetric SVCs. Our observations indicate, firstly, that
multiverb sequences in Libras are distinct in semantic and syntactic terms
when compared to overt and covert coordinated sentences. SVCs proved
to be productive in Libras and exhibited restrictions like those documented
in the literature for oral languages and other sign languages. Sandwiched
SVCs are also productive in Libras, but despite sharing some similarities
with SVCs in other sign languages, behave differently, functioning as focus
structures with verbal reduplication. Sequences of AB verbs with change of
perspective, while less productive, were also observed. These contrast with
conventional passive structures, resembling more complex predicate
structures. Based on the theoretical and typological literature and on the
data collected in Libras, we adopted a syntactic analysis in which SVCs
involve grammaticalization of one of the verbs sequences. This
grammaticalized form serves as an aspect marker, heading an aspect
projection at the left periphery of the argument structure projected by the
non-grammaticalized verb. This study offers a significant contribution to the
understanding of SVCs in sign languages, demonstrating the intrinsic
complexity of Libras grammar. Moreover, it opens new avenues for research
in the field of sign language linguistics and for a more robust
characterization of SVCs in natural languages.
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