[pt] Esta tese investiga como eventos organizacionais traumáticos que envolvem a identidade organizacional afetam os seus empregados. A pesquisa buscou esclarecer a produção de sentidos dos empregados a partir desses eventos e as implicações de dinâmicas identitárias nesse processo. A tese é composta por três estudos, cada um abordando questões específicas de pesquisa. O Estudo 1 foi realizado com empregados da Vale SA após o desastre de Mariana em 2015 e investigou os sentidos atribuídos pelos empregados da Vale S.A. ao desastre de Mariana. Os resultados apontaram que a manutenção do vínculo empregatício influencia a mobilização de mecanismos de defesa do self, e que a intensidade da identificação organizacional define a quantidade e intensidade dos mecanismos mobilizados; o Estudo 2 foi realizado com empregados da Petrobras SA após o escândalo de corrupção de 2014 e analisou como os líderes enfrentaram esses eventos e os processos pelos quais eles deram sentido em resposta à crise. Os resultados indicam que a liderança executiva influenciou o sensemaking por meio de uma estratégia de sensegiving com vistas à reparação da IO, afastando o malfeito e reforçando os seus aspectos positivos. Já a liderança intermediária assimilou o sensegiving, na medida em que ele atendeu as suas próprias necessidades de construção de sentido e defesa do self e; o Estudo 3 foi realizado com empregados da BR Distribuidora após a privatização da empresa em 2019 e revelou os elementos críticos e os processos por meio dos quais os empregados deram sentido ao evento traumático. Os resultados revelaram que a intensidade de ameaça ao self determinou se o empregado vivenciou o fim da IO como mudança - nos casos em que a ameaça foi percebida como menos intensa - ou como perda - nos casos em que ameaça foi percebida como mais intensa. Assim, processos sociais de associação (encontrados na literatura) e dissociação (que emergiram da análise) com vistas a defesa do self e produção de sentido foram mobilizados e os sentidos resultantes foram condicionados à intensidade de ameaça ao self, independentemente, da manutenção ou não do vínculo empregatício. Todos os estudos foram baseados em entrevistas em profundidade e dados documentais e tiveram a análise de conteúdo como ferramenta analítica. A tese contribui para a investigação de como os empregados reagem a eventos organizacionais traumáticos e como processos identitários condicionam a produção de sentido a partir desses eventos. / [en] This thesis investigates how traumatic organizational events involving the organizational identity affect employees. The research sought to clarify employees production of meanings from these events and the implications of identity dynamics in this process. The thesis comprises three studies, each addressing specific research questions. All three studies were based on in-depth interviews and documentary data and had content analysis as an analytical tool. Study 1 was carried out with Vale SA employees after the 2015 Mariana disaster, and investigated the meanings they attributed to the tragedy. The results showed the mobilization of several defense mechanisms, stronger in intensity and number among those still employed and highly identified with the company; Study 2 was carried out with Petrobras SA employees after the 2014 corruption scandal, and analyzed how leaders faced these events as well as the processes by which they responded to the crisis. The results indicate that top management leaders engaged in a sensegiving strategy to repaire the organizational identity, which sought to detach the wrongdoing from it while reinforcing its positive aspects. Middle level leaders assimilated the sensegiving, insofar as it met their own needs for meaning-building and self-defense; Study 3 was carried out with BR Distribuidora employees after the company s privatization in 2019, and unveiled critical elements and processes through which employees give meaning to such a traumatic event. The results suggest that the intensity of threat to the self experienced by employees is connected to the meanings they attributed to the end of organizational identity: as a change - in cases where the threat was perceived as less intense -, or as a loss - in cases where the threat was perceived as more intense. The analyses describes unfolding psicossocial processes of association (found in the literature) and dissociation (which emerged in the study). Resulting meanings seamed to be conditioned by the intensity of threat to the self, regardless the employment status employees mantained after the privatization. The thesis contributes to the investigation of how employees react to traumatic organizational events and how identity processes condition the production of meaning from these events.