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[fr] LUCRÈCE ET LA NATURE DES CHOSES: ENTRE LE HASARD ET LA NÉCESSITÉ / [pt] LUCRÉCIO E A NATUREZA DAS COISAS: ENTRE O ACASO E A NECESSIDADE

ROMULO SIQUEIRA BATISTA 14 March 2008 (has links)
[pt] Tito Lucrécio Caro (95 a.C. 54 a. C) é conhecido por ter escrito aquele que é, talvez, o maior poema filosófico da Antiguidade: o De rerum natura (sobre a natureza das coisas). A partir de uma tradição de pensamento que remonta a Leucipo e Demócrito e, sobretudo, a Epicuro, Lucrécio retoma e aprofunda as teses atomistas que afirmam o acaso como força criadora de todas as coisas. Assim, o pensamento de Lucrécio é, pois, um naturalismo ocupado em pensar a natureza não como uma potência exterior que informa a matéria, mas como a natureza das coisas (rerum) em sua existência dispersa. Mas o naturalismo de Lucrécio é também uma ética que afirma o prazer como bem máximo e identificado à imperturbabilidade dos deuses (tranquilla pax; placida pax; summa pax). É através desse caminho que o tema do comportamento regular da natureza reaparece no poema: o conhecimento da natureza é a condição necessária para a identificação do falso e dos temores que dele decorrem. Vale dizer, deste modo, que o pensamento de Lucrécio não prescinde da afirmação de um tipo de necessidade natural. Assim, pode-se afirmar que a articulação entre os temas aparentemente divergentes de um acaso soberano e de uma necessidade natural é o leitmotiv do De rerum natura. Lucrécio pensa a estabilidade e o equilíbrio não como formas primeiras que antecedem a fundação da natureza das coisas, mas como efeitos solidários de um movimento universal que comporta em uma mesma medida o instável e o desequilíbrio. / [fr] Titus Lucrèce Carus (95 a.C.-54 a.C.)est connu pour avoir écrit ce qui est peut-être le plus grand poème philosophique de l`Antiquité: le De rerum natura ( De la nature des choses). A partir d`une tradition de pensée qui remonte à Leucipe, Democrite et surtout à Epicure, Lucrèce reprend et approfondit les thèses atomistes qui affirment le hasard comme force créatrice de toute chose. La pensée de Lucrèce est donc un naturalisme occupé à penser la nature non comme une potence extérieure qui informe la matière mais comme la nature des choses (rerum) dans son existence éparse/dispersée. Mais le naturalisme de Lucrèce est aussi une éthique qui affirme le plaisir comme bien maximal, identifié à l`imperturbabilité des dieux (tranquilla pax; summa pax). C`est par cette voie que le thème du comportement régulier de la nature réapparaît dans le poème: la connaissance de la nature est la condition nécessaire à l`identification du faux et des craintes qui en découlent. Ca vaut la peine de dire, de cette façon, que la pensée de Lucrèce ne contrecarre/ne s`oppose/ne contredit pas l`affirmation d`un type de nécessité naturelle. D`où, on peut affirmer que l`articulation entre les thèmes apparemment divergents d`un hasard souverain et d`une nécessité naturelle est le leitmotiv du De rerum natura. Lucrèce pense la stabilité et l`équilibre non comme des formes primaires qui anticipent la fondation de la nature des choses, mais comme effets solidaires d`un mouvement universel qui comporte dans une même mesure l`instable et le déséquilibre.
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[fr] LNULLÉPICURISME ET LA VISION DE LNULLINVISIBLE: LES RELATIONS ENTRE LA PHYSIQUE ET LA THÉORIE DE LA CONNAISSANCE / [pt] O EPICURISMO E AS IMAGENS DO INVISÍVEL: AS RELAÇÕES ENTRE A FÍSICA E A TEORIA DO CONHECIMENTO

ROMULO SIQUEIRA BATISTA 19 March 2008 (has links)
[pt] Os problemas relacionados à legitimidade e alcance da teoria do conhecimento epicurista têm provocado intensos debates desde a Antigüidade. As dificuldades em torno do tema podem ser aferidas pela diversidade de interpretações que, ainda hoje, ocupam as produções de comentadores que se dedicam ao estudo destes problemas. A pretensão de identificar este kanon ao que geralmente denominamos lógica não faz senão dificultar nosso acesso ao sentido conferido pelos epicuristas ao problema do conhecimento. Propomos, no presente trabalho, que uma exposição coerente do kanon epicurista deve ser feita segundo uma perspectiva que considere as teses fundamentais da física e as aspirações éticas que constituem o corpus da doutrina. Assim, o estado fragmentado do Todo, o acaso originário e o antifinalismo que caracterizam o pensamento desta filosofia são evocados na determinação dos procedimentos segundo os quais o pensamento opera em sua tarefa de determinar nossas possibilidades de conhecimento. / [fr] Les problèmes relatifs à la légitimité et à la portée de la théorie de la connaissance épicurienne ont provoqué d’intenses débats dès l’antiquité. Témoigne des difficultés autour du thème la diversité d interprétations qui, aujourd hui encore, occupent les productions des commentateurs qui se consacrent à l étude de ces problèmes. La prétention d’identifier ce kanon à ce que l’on nomme généralement logique rend plus difficile encore notre accès au sens conféré par les épicuriens au problème de la connaissance. Nous proposons, dans ce travail, qu’une exposition cohérente du kanon épicurien doit être faite dans une perspective qui tient compte des thèses fondamentales de la physique et des aspirations éthiques que constituent le corpus de la doctrine. Ainsi, l’état fragmenté du Tout, le hasard originaire et l’antifinalisme qui caractérisent cette philosophie sont évoqués dans la détermination des procédés selon lesquels la pensée opère dans le but de déterminer nos capacités de connaissance.

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