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[fr] UN DÉTOURNEMENT ARCHAIQUEDANS L OEUVRE DE PLATON: L USAGE DU MODÈLE POLITICO-GÉOMÉTRIQUE DE CLISTHÈNE / [pt] UM DESVIO ARCAICO NA OBRA DE PLATÃO: O USO DO MODELO POLÍTICO GEOMÉTRICO DE CLÍSTENESANDREIA SANTANA DA COSTA GONCALVES 18 May 2006 (has links)
[pt] O objetivo principal deste trabalho é analisar o significado do espaço e tempo nas obras de Platão. A pesquisa se desenvolve a partir do estudo de G. Glotz e P. Lévêque e P. Vidal-Naquet, que fizeram
corresponder as reformas de Clístenes com a organização de um espaço e de um tempo puramente cívicos.
Pretendemos mostrar como esses conceitos foram radicalmente transformados no pensamento de Platão, nos projetos das cidades que ele elabora um século depois. Consideramos que um desvio arcaico transformou completamente a concepção de espaço e de tempo cívicos ligados à tradição que as
reformas de Clístenes realizaram um século antes. A ágora, centro político e geométrico da pólis, sucede
um centro religioso, a acrópole que orienta um novo espaço hierarquizado. Esse deslocamento do centro é significativo, uma vez que a acrópole se opõe à ágora como domínio do sagrado ao domínio do profano, como o divino ao humano. A ágora tradicionalmente não tem mais lugar; ela passa por uma crítica à
democracia ateniense. Platão, percorrendo um sentido inverso ao de Clístenes, volta a um sistema duodecimal, cujo valor religioso aparece nele sem equivoco: cada tribo é destinada a um dos doze deuses do panteão. Essa divisão do espaço cívico também permitiu a Platão modelar o espaço sobre o tempo e realizar uma posição contrária a Clístenes - cada uma das doze tribos deve corresponder a uma festa maior, àquela do deus que o tempo instalou em seu centro. O plano político que Clístenes havia realçado, Platão o reintegra então na estrutura da pólis ideal. / [fr] L objectif principal du présent travail est d analyser la signification de l espace et du temps dans les oeuvres de Platon. La recherche se développe à partir de l étude de G. Glotz et P. Levêque et de P. Vidal-
Naquet qui ont mis em correspondance les réformes de Clisthène et l organisation d un espace et d un
temps purement civiques. Nous avons l intention de montrer comment ces concepts ont été radicalement transformés dans la pensée de Platon, dans les projets qu´il élabore un siècle plus tard. Nous considérons qu´un détournement archaïque a complètement transformé la conception de l espace et du temps civiques liés à la tradition que les réformes de Clisthène avaient réalisée un siècle auparavant. A l agora, centre politique et géométrique de la polis succède um centre religieux, l acropolis qui oriente un nouvel espace
hiérarchisé. Ce déplacement du centre est significatif, une fois que l acropolis s oppose à l agora comme le domaine du sacré à celui du profane, comme le divin à l humain. L agora, traditionnellement, n a plus de place; elle passe par une critique à la démocratie athénienne. En parcourant un sens inverse à celui de Clisthène, Platon retourne à un système duodécimal dont la valeur religieuse apparaît chez lui sans
équivoque: chaque tribu est destinée à l un des douze dieux du Panthéon. Cette division de l espace physique a permis à Platon de modeler l espace sur le temps et de réaliser une position contraire à Clisthène - chacune des douze tribus doit correspondre à une fête plus grande, à celle du dieu que
le temps a installé dans son centre. Le plan politique que Clisthène avait mis en relief, Platon le réintègre
alors dans la structure de la polis idéale.
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