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[en] BURGESS POR DENTRO: ESPAÇOS (AUTO)BIOGRÁFICOS / [pt] BURGESS POR DENTRO: ESPAÇOS (AUTO)BIOGRÁFICOSAMAURY GARCIA DOS SANTOS NETO 23 March 2016 (has links)
[pt] Esta tese discute criticamente e questiona pressupostos teóricos que orientam a recepção de escritas de si como textos referenciais definidos pela tripla identificação entre autor, narrador e personagem. Em seu lugar, sugere-se um modelo que acentua o caráter construtivo de discursos (auto)biográficos, ambiguamente localizados entre fatos e ficções. Neste âmbito, propõe-se analisar comparativamente autobiografia e romance autobiográfico, a partir de conceitos tais como biografema e espaço biográfico. Tais conceitos possibilitam uma dinâmica relacional que proporciona construções (auto)biográficas alternativas que buscam dar conta da flexibilidade e complexidade inerente ao conceito de identidade como concebido no cenário contemporâneo. Baseado na hipótese de que textos referenciais recebem menor investimento afetivo por parte do leitor quando comparados a textos cujos processos de deciframento são mais complexos, como no caso de textos literários, evidencia-se a criação de um espaço relacional entre o primeiro tomo da autobiografia do romancista inglês Anthony Burgess, O pequeno Wilson e o grande Deus (1993), e um romance de sua autoria, Enderby por dentro (1990). A partir deste espaço, são abordados fragmentos autobiográficos recorrentes nos dois títulos que, por serem construídos por meio de estratégias distintas, provocam diferentes efeitos e afetos. Quando comparados, tais efeitos geram novas dimensões de compreensão acerca da complexidade da identidade da figura em foco. Neste sentido, a tese busca comprovar a hipótese de que na escrita (auto)biográfica, a própria motivação e finalidade documental referencial pode ser minimizada em favor da proposta estética, que tem o potencial de proporcionar maior complexidade à identidade (auto)biográfica. / [en] This thesis critically approaches and questions theoretical grounds that argue that so-called writings of the self are referential texts defined by the triple identification of author, narrator and character. Another model is suggested, one that stresses the constructive nature of (auto)biographical discourses which are ambiguously located between factuality and fictionality. In this regard, we propose to compare autobiography and autobiographical novel, using concepts such as biographeme and biographical space. These concepts can generate a relational dynamics that makes it possible to build alternative (auto)biographical constructions, which, in turn, can keep the flexibility and complexity inherent to the notion of identity in contemporary studies. Based on the hypothesis that referential texts are not as affectively received by the reader as texts whose deciphering processes are more complex – literary texts, for example –, we point to the creation of a relational space between the first volume of Anthony Burgess s autobiography, Little Wilson & Big God, and his novel Inside Mr. Enderby. Considering such space, we approach autobiographical fragments of the said author that recur in both titles, which, as they are structured through different strategies, provoke different effects and affects. When compared, such effects generate new dimensions of understanding regarding the complexity of the identity of the figure which is focussed. Following this line of thought, the thesis tries to prove the hypothesis that in (auto)biographical writing referentiality can be minimised in the name of aesthetic purposes, since art would have the potentiality to confer more complexity to (auto)biographical identity.
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