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[pt] PAISAGENS SEMIÓTICAS DA INFÂNCIA EM DESLOCAMENTO: UMA ANÁLISE DE NARRATIVAS MULTIMODAIS EM CAMPANHAS HUMANITÁRIAS / [en] SEMIOTIC LANDSCAPES OF CHILDHOOD IN DISPLACEMENT: AN ANALYSIS OF MULTIMODAL NARRATIVES IN HUMANITARIAN CAMPAIGNS

JACQUELINE TEIXEIRA 24 September 2024 (has links)
[pt] Segundo a ONU, presenciamos a pior crise humanitária do século. Esse quadro torna-se ainda mais grave quando envolve o deslocamento de crianças. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) afirma que conflitos, violência e outras crises deixaram um recorde de 36,5 milhões de crianças deslocadas no final do ano de 2021, o número mais alto já registrado desde a Segunda Guerra Mundial. Desse total ainda se encontram excluídas as deslocadas por desastres naturais ou mudança climática, assim como as recém deslocadas em 2022 pela invasão russa na Ucrânia. Diante da desordem do quadro internacional, organizações multilaterais, responsáveis pela gestão das vidas precárias (Butler, 2018), mais do que nunca precisam arrecadar fundos para a implementação de projetos e programas de assistência a essa população através da sensibilização pública. Este presente estudo elegeu como objeto analítico campanhas de organizações multilaterais – Fundo das Nações para a Infância (UNICEF), Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) – veiculadas pela plataforma YouTube, cuja temática centra-se na infância em deslocamento forçado. A partir da análise de quatro produções fílmicas selecionadas, procuramos investigar como a criança/infância, em contexto de refúgio, é representada em interface com a grande narrativa (Lyotard, 2009; Shoshana, 2013) hegemônica que, ao essencializá-la e normatizá-la, produz dicotomias que separam o que está dentro ou fora de lugar, trazendo consequências importantes para a imaginação e gestão da infância em tal contexto. Tratando-se de produções fílmicas, palavra e imagem articulam-se na construção de significados tanto sobre a infância como sobre o próprio processo migratório, geralmente apagando os aspectos macrossociais, sob a égide da linguagem humanitária. A fim de iluminar tais questões, lançamos mão de categorias analíticas da Análise de Narrativas (Labov e Waletsky, 1969 e Labov, 1972; Bamberg e Georgakopoulou, 2008; Bastos e Biar, 2015; Bucholtz e Hall, 2005) transpostas ao contexto multimodal (Kress e Van Leeuwen, 2006). A análise, além de problematizar certas representações que reforçam estereótipos (Bhabha, 2006, 2009; Chouliaraki, 2006, 2010; Tabak e Carvalho, 2018, entre outros), procurou identificar os processos que produzem diferentes afetos entre espectadores e representados. A ambivalência da vítima essencializada, que gera piedade e/ou medo, solidariedade e/ou repressão está no cerne da questão da representação dos refugiados (Chouliaraki, 2006, 2010), e a imagem da criança, além de intensamente explorada, é hoje, cada vez mais, disputada no mercado de doações transnacional. Simultaneamente, no entrelace com teorias da visualidade (Sontag, 2003; Chouliaraki, 2006, 2010; Rancière, 2014; Lenette, 2017; Butler, 2018), buscou-se refletir, a partir dos dados, sobre as limitações, os desafios e tensionamentos inerentes à representação daqueles que sofrem, sem deixar de lançar luz sobre o protagonismo e a resistência que ecoaram na voz e na imagem das crianças no espaço micro da representação. / [en] According to the UN, we are witnessing the worst humanitarian crisis of the century. This situation becomes even more serious when it involves the displacement of children. The United Nations Children s Fund (UNICEF) states that conflict, violence and other crises have left a record 36.5 million children displaced by the end of 2021, the highest number ever recorded since the Second World War. This total does not include those displaced by natural disasters or climate change, as well as those newly displaced in 2022 by the Russian invasion of Ukraine. Faced with the disorder in the international situation, multilateral organizations, responsible for managing precarious lives (Butler, 2018), more than ever need to raise funds to implement assistance projects and programs for this population through public awareness. This study chose as its analytical object campaigns by multilateral organizations – the United Nations Children s Fund (UNICEF), the International Organization for Migration (IOM) and the United Nations High Commissioner for Refugees (UNHCR) – broadcast on the YouTube platform, whose theme focuses on children in forced displacement. Based on the analysis of four selected film productions, we sought to investigate how the child/childhood, in the context of refuge, is represented in interface with the hegemonic grand narrative (Lyotard, 2009; Shoshana, 2013) which, by essentializing and normalizing it, produces dichotomies that separate what is in or out of place, bringing important consequences for the imagination and management of childhood in such a context. In the case of film productions, word and image come together in the construction of meanings about both childhood and the migratory process itself, generally erasing macrosocial aspects, under the aegis of humanitarian language. In order to shed light on such questions, we make use of analytical categories from Narrative Analysis (Labov and Waletsky, 1969 and Labov, 1972; Bamberg and Georgakopoulou, 2008; Bastos and Biar, 2015; Bucholtz and Hall, 2005) transposed to the multimodal context (Kress and Van Leeuwen, 2006). In addition to problematizing certain representations that reinforce stereotypes (Bhabha, 2006, 2009; Chouliaraki, 2006, 2010; Tabak e Carvalho, 2018, among others), the analysis sought to identify the processes that produce different affects between spectators and those represented. The ambivalence of the essentialized victim, which generates pity and/or fear, solidarity and/or repression, is at the heart of the issue of refugee representation (Chouliaraki, 2006, 2010), and the image of the child, in addition to being intensely exploited, is now increasingly disputed in the transnational donation market. At the same time, in the interweaving of theories of visuality (Sontag, 2003; Chouliaraki, 2008, 2010; Rancière, 2014; Lenette, 2017; Butler, 2018), we sought to reflect, based on the data, on the limitations, challenges and tensions inherent to the representation of those who suffer, while shedding light on the protagonism and resistance that echoed in the voice and image of children in the micro space of representation.
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[en] THE ARACRUZ CASE OF ESPÍRITO SANTO: VIOLATIONS AND RESISTANCE ACCORDING OF THE GUARANI MBYA COSMOLOGY / [pt] O CASO ARACRUZ DO ESPÍRITO SANTO: VIOLAÇÕES E RESISTÊNCIA À LUZ DA COSMOLOGIA GUARANI MBYA

TATIANA DOS SANTOS ARAUJO 05 February 2019 (has links)
[pt] Essa dissertação é resultado de pesquisa bibliográfica sobre o grupo guarani mbya que, ao longo das últimas décadas migrou do Paraguai ao Espírito Santo, e de sua luta contra a empresa Aracruz Celulose pelo direito à terra que escolheu para viver. A partir da descrição de trabalhos que contam essa trajetória e com informações de investigações etnográficas sobre a cosmologia guarani, o trabalho utilizará o método experimental para comprovar o fato de que este povo guarani foi submetido a violências graves, tais como, o deslocamento forçado, o etnocídio e o genocídio. / [en] This dissertation is the result of bibliographic research on the Guarani Mbya group that migrated from Paraguay to Espírito Santo over the last few decades and from its struggle against Aracruz Celulose for the right to land they chose to live in. From the description of works that tell this trajectory and with information from ethnographic investigations on the Guarani cosmology, the paper will use the experimental method to prove the fact that this Guarani people has been subjected to serious violence, such as forced displacement, ethnocide and genocide. Keywords

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