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[en] A PSYCHOLINGUISTIC ANALYSIS OF DISFLUENCIES IN NEUROLOGICALLY HEALTHY ELDERLY SPEECH / [pt] ANÁLISE DE DISFLUÊNCIAS SOB A ÓTICA DA PSICOLINGUÍSTICA: UM ESTUDO DA FALA DE ADULTOS IDOSOS NEUROLOGICAMENTE SAUDÁVEISCRISTIANE PATROCINIO FRANCESCHI 31 October 2023 (has links)
[pt] Esta dissertação se insere na área da Psicolinguística e volta-se para a análise
de disfluências em um estudo da fala de adultos idosos neurologicamente saudáveis,
utilizando tarefas previstas na Bateria de Avaliação da Linguagem no
Envelhecimento (BALE) (HÜBNER, et al., 2019). Neste estudo, buscou-se
investigar os tipos de disfluência mais recorrentes na produção de três tipos de
narrativas: um reconto (Lúcia), uma história engraçada vivida pelo participante
(Funny Story) e uma narrativa baseada em sequência de figuras (Dog Story). O
estudo incluiu 55 participantes (43 do sexo feminino, 12 do sexo masculino), com
idade média de 70 anos (SD= 7,3). Foi investigado o efeito das seguintes variáveis
sociodemográficas na produção de disfluências: idade, sexo, status socioeconômico
e escolaridade. Também se examinou a correlação entre proporção de disfluências
em cada tipo de narrativa e a pontuação na respectiva tarefa, entre proporção de
disfluências e hábitos de leitura e escrita, e a correlação entre a proporção de
disfluências e o desempenho dos participantes em testes cognitivos previstos na
BALE. Os resultados obtidos indicam que a proporção de disfluências varia em
função das demandas cognitivas de cada tipo de narrativa, havendo maior
proporção de disfluências na tarefa de produção de reconto. Foram analisados os
seguintes tipos de disfluência: pausas preenchidas, reformulações, prolongamentos,
repetições e interrupções. Observam-se diferenças quanto à distribuição de tipos de
disfluência em função da natureza gramatical do elemento afetado, com maior
incidência de pausas preenchidas e reformulações sobre itens lexicais e de
prolongamentos e repetições sobre itens funcionais. Em relação aos fatores
sociodemográficos examinados, foi observado resultado significativo apenas para
o fator escolaridade, com uma maior ocorrência de disfluências entre os indivíduos
com mais alto grau de escolaridade, na tarefa de reconto. No que tange aos estudos
de correlação, embora não tenha havido efeitos de correlação entre proporção de
disfluências em cada narrativa e a pontuação obtida na respectiva tarefa, cumpre
notar que o reconto foi a tarefa em que os participantes apresentaram pontuação
mais baixa, resultado que converge com o achado anterior de que esse tipo de
narrativa induz maior produção de disfluências. Nos outros estudos de correlação,
foi observada correlação positiva entre a proporção de disfluências produzidas na
narrativa da história engraçada e a tarefa de nomeação, e entre a proporção de
disfluências na tarefa de reconto e a pontuação obtida no questionário de hábitos de
leitura. Os resultados, em conjunto, sugerem que as disfluências na produção dos
idosos neurologicamente saudáveis podem ser interpretadas menos como
perturbações e mais como recursos importantes no planejamento e estruturação
linguística de enunciados.
Ao final, apontam-se implicações dos resultados para a compreensão de como
elementos como tipo de narrativa, fatores socioeconômicos, hábitos de leitura e
escrita e condições/estratégias cognitivas se entrelaçam para moldar o desempenho
linguístico de adultos idosos, trazendo contribuições significativas para o campo da
psicolinguística e além. / [en] This dissertation is on the field of Psycholinguistics and focuses on the
analysis of disfluencies in the speech of neurologically healthy older adults, using
tasks from the Language Assessment Protocol called Bateria de Avaliação da
Linguagem no Envelhecimento (BALE) (HÜBNER, et al., 2019). In this study, we
aimed to investigate the most recurring types of disfluencies in the production of
three types of narratives: a retelling (Lúcia), a funny story experienced by the
participant (Funny Story), and a narrative based on a sequence of pictures (Dog
Story). The study included 55 participants (43 female, 12 male), with a mean age
of 70 years (SD = 7.3). We investigated the effect of the following
sociodemographic variables on the production of disfluencies: age, gender,
socioeconomic status, and education. We also examined the correlation between
the proportion of disfluencies in each type of narrative and the score on the
respective task, between the proportion of disfluencies and reading and writing
habits, and the correlation between the proportion of disfluencies and the
participants performance on cognitive tests included in the BALE. The results
indicate that the proportion of disfluencies varies according to the cognitive
demands of each type of narrative, with a higher proportion of disfluencies in the
retelling task (Lúcia). The following types of disfluencies were analyzed: filled
pauses, revisions, prolongations, repetitions, and interruptions. Differences were
observed in the distribution of types of disfluency based on the grammatical nature
of the affected item, with a higher incidence of filled pauses and revisions on lexical
items and prolongations and repetitions on functional items. Regarding the
examined sociodemographic factors, a significant result was found only for the
education factor, with a higher occurrence of disfluencies among individuals with
a higher level of education in the retelling task. Regarding the correlation studies,
although there were no correlation effects between the proportion of disfluencies in
each narrative and the score obtained in the respective task, it is worth noting that
retelling was the task in which participants scored the lowest, which is in alignment
with previous findings arguing that this type of narrative induces higher production
of disfluencies. In the other correlation studies, a positive correlation was observed
between the proportion of disfluencies produced in the funny story narrative and
the naming task and between the proportion of disfluencies in the retelling task and
the score obtained in the reading habits questionnaire. Taken together, these results
suggest that disfluencies in the speech production of neurologically healthy older
adults can be interpreted less as disturbances and more as important resources in
the planning and linguistic structuring of utterances. Finally, implications of these
findings are pointed out for a better understanding of the way elements such as
narrative type, socioeconomic factors, reading and writing habits, and cognitive
conditions/strategies interplay to shape the linguistic performance of older adults,
bringing significant contributions to the field of psycholinguistics and beyond.
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