[pt] Esta dissertação buscou empreender uma genealogia e análise crítica de processos feministas de subjetivação. Como ponta de partida, foram usadas uma experiência que faz parte da trajetória da pesquisadora e o estudo de caso dos grupos de Consciousness-Raising (C-R). Fenômeno popular do feminismo americano dos anos 70, C-R foi uma ferramenta adotada pelo Women s Liberation Movement por meio da qual mulheres organizavam-se com uma metodologia própria para responder perguntas usando exemplos de suas vidas pessoais, além das próprias emoções. As respostas eram tratadas como dados a serem analisados e comparados, de modo a pensar coletivamente o que é ser mulher e identificar opressões estruturais da sociedade. Baseada em vasto levantamento documental, relatos e literatura da época, esta pesquisa pretendeu compreender o funcionamento da dinâmica dos grupos de C-R e pensar criticamente, a partir de autores pós-estruturalistas, pós-colonialistas e da teoria queer, nas diversas implicações políticas e subjetivas de ferramentas e práticas de subjetivação feministas. Com foco nas relações entre C-R e a questão da diferença foi investigado o surgimento e materialização da política identitária nos movimentos feminista e LGBT+, e analisado o papel da cultura material na construção e consolidação de valores normativos dentro e fora desses movimentos. / [en] This thesis sought to undertake a genealogy and critical analysis of feminist subjectification processes. Its starting points were a personal-academic experience of the researcher and the case study of the Consciousness-Raising (C-R) phenomena from the American second-wave feminist movement. C-R was a tool developed and widely adopted by the Women s Liberation Movement, in which women organized themselves using their own methodologies to answer questions based on their personal lives and emotions. The answers were used as data to be analyzed and compared in order to provoke collective reflection on what it means to be a woman and to identify structural oppressions. Based on vast archival research, personal testimonies and feminist literature produced at the time, this thesis aimed to comprehend the dynamics of C-R groups to reflect critically - drawing from post-structuralist, post-colonialist and queer theory - on the several political and subjective implications of feminist subjectification practices and tools. Through focusing on the relationship between C-R and the issue of difference, it also analyzed the development of Identity Politics within the feminist and LGBT+ movements, as well as the role played by material culture in the construction and consolidation of normative values within and outside said movements.