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[pt] FRUIÇÃO FONOGRÁFICA NA ERA DO STREAMING / [en] PHONOGRAPHIC FRUITION IN THE STREAMING ERARAFAEL DE OLIVEIRA PECANHA ORTMAN 24 June 2024 (has links)
[pt] No final do século passado, a apropriação de duas novas tecnologias
pelo grande público desestruturaram a indústria fonográfica. Mas o compartilhamento generalizado de mp3 pela internet não impactaria somente o negócio das
grandes gravadoras, mas também a própria função da escuta musical. Mais móvel, extensa e flexível, a fonografia se torna virtualmente ubíqua, ganhando novas potencialidades, revelando outras aspirações por parte dos ouvintes. Por
mais de uma década, a audição de música gravada fica à margem da monetização institucional e sua experiência uma atividade sem um projeto específico por
parte da indústria. As plataformas de streaming de música, sob o pioneirismo do
Spotify, surgem nesse contexto, convertendo em serviço o que era produto e
concebendo um novo conceito para a experiência fonográfica. Nesse novo modelo de negócio, uma escuta musical de alto valor simbólico para fruição estética, objeto de interesse de um público aficionado, perde espaço para uma audição situada, funcional, em que a música associada à rotina e ao estado mental
do usuário agrega valor aos seus dados coletados no mercado de publicidade
programática. A perda de centralidade no público-alvo e a própria visão corporativa sobre a fonografia indica a alienação do fã de música pela própria indústria.
Esta pesquisa exploratória se destina a investigar como este nicho se sente com
relação ao atual contexto e de que forma ele contempla suas necessidades de
fruição fonográfica através de uma escuta dedicada. Para tal, além de uma revisão bibliográfica destinada a examinar a lógica sobre a qual as plataformas de
streaming operam, seu modelo de negócios e qual o papel do fã nesse cenário,
entrevistamos 40 indivíduos de 18 a 70 anos que se identificam como fãs de
música. Se nossa pesquisa de campo indicou que o referido nicho utiliza as plataformas para audição dedicada, é significativa a amostragem da utilização de
outros recursos, como a prevalência da mídia física, especialmente o vinil, e a
recorrência ao audiovisual para obter experiência estética. / [en] At the end of the last century, the appropriation of two new technologies by the general public disrupted the recording industry. But the widespread sharing of mp3s over the internet would not only impact the business of major record companies, but also the very function of music listening. More mobile, extensive and flexible, phonography becomes virtually ubiquitous, gaining new potential, revealing other aspirations by the listeners. For more than a decade, listening to recorded music has not been subject to institutional monetization and has been an activity without a specific project by the industry. Music streaming platforms,by Spotify s leadership, emerge in this context, converting what was a product into a service and conceiving a new concept for the phonographic experience. In this new business model, listening to music with high symbolic value for aesthetic enjoyment, an object of interest for a passionate public, loses space to situated, functional listening, in which music associated with the user s routine and mental state adds value to the data collected in the programmatic advertising market. The loss of centrality in the target audience and the corporate vision of phonography indicates the alienation of the music fan by the industry itself. This exploratory research is intended to investigate how this niche feels in relation to the current context and how it addresses its needs for phonographic enjoyment through dedicated listening. To this end, in addition to a bibliographical review aimed at examining the logic on which streaming platforms operate, their business model and the role of the fan in this scenario, we interviewed 40 individuals aged 18 to 70 who identify themselves as music fans. If our research indicated that this niche uses platforms for dedicated listening, the use of other resources is significant, such as the prevalence of physical media, especially vinyl, and the use of audiovisual media to obtain an aesthetic experience.
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