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[en] ON THE ROLE OF LANGUAGE IN THE DEVELOPMENT OF HIGHER COGNITIVE FUNCTIONS: THE FEATURE POINT OF VIEW OF COMPLEMENT CLAUSES AND THE MASTERING OF FALSE BELIEFS / [pt] UM PAPEL PARA A LÍNGUA NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES COGNITIVAS SUPERIORES: O TRAÇO DE PONTO DE VISTA EM ESTRUTURAS COMPLETIVAS E O DOMÍNIO DE CRENÇAS FALSASCLARA NOVOA GONCALVES VILLARINHO 14 August 2013 (has links)
[pt] Nesta tese, investiga-se a hipótese de que a aquisição de um traço sintático
de Ponto de Vista (PoV) e sua codificação em CPs de orações completivas
subcategorizadas por verbos de crença seja condição necessária para o
desenvolvimento pleno de Teoria da Mente (TM), caracterizado pelo domínio da
habilidade de raciocinar e prever ações de indivíduos que possuem uma Crença
Falsa (CF), atingido por crianças aproximadamente aos quatro anos de idade (cf.
DE VILLIERS E DE VILLIERS, 2009) (doravante, Hipótese PoV-CF).
Especificamente, esta pesquisa visou a: averiguar em que medida a HPoV-CF
pode ser sustentada; avaliar a possibilidade de se incorporar um traço PoV a um
modelo online de computação sintática baseado nos pressupostos minimalistas
(CORRÊA E AUGUSTO, 2007; 2011); e caracterizar o processo de aquisição do
conhecimento relativo a esse traço à luz de uma teoria procedimental de aquisição
da linguagem (CORRÊA, 2009). São apresentadas três possíveis análises de PoV
codificado como traço formal ou semântico em completivas. Argumenta-se que,
independentemente da caracterização desse traço, a aquisição do conhecimento
que este representa dependeria inevitavelmente de um bootstrapping semântico, o
que pressupõe a habilidade cognitiva de distinguir pontos de vista. No que
concerne à investigação empírica, oito experimentos foram conduzidos. Os
experimentos 1 a 6 visavam a investigar a habilidade de crianças de 3;3-3;5 anos
em lidar com diferentes demandas requeridas à realização das tarefas tradicionais
de CF e de Memória para Complementos (cujos resultados corroboram a HPoVCF),
como a habilidade em lidar com interrogativas QU de objeto, a factividade
de verbos mentais e factualidade. Foi também investigada a habilidade dessas
crianças em lidar com tarefas linguísticas que incluem uma situação de CF. No
Experimento 7, foi avaliada a habilidade das crianças em atribuir valores-verdade
a completivas e a ambas as orações da sentença complexa. No experimento 8, o
papel da recursividade linguística para o raciocínio sobre CFs de primeira e
segunda ordem foi investigado, com crianças de 6;2 anos. De um modo geral, os
resultados sugerem que i) as crianças não dominam demandas inerentes às tarefas
tradicionais, indicando que seu insucesso nessas tarefas pode não refletir uma
dificuldade em lidar com completivas ou com CFs; ii) as crianças atribuem
corretamente valores-verdade a completivas, embora a atribuição de valor-verdade
à oração principal (sentença completa) independentemente do valor da completiva
seja mais custosa; iii) o raciocínio de CFs de primeira e segunda ordem pode ser
conduzido por meio de estruturas não recursivas, embora estruturas recursivas
pareçam facilitá-lo. Tendo-se em vista os resultados obtidos e à luz do possível
processo de aquisição assumido, considera-se que a HPoV-CF não pode ser
sustentada. Habilidades metacognitivas parecem ser requeridas para que a criança
ignore o valor-verdade da completiva ao atribuir um valor-verdade à sentença
completa. Argumenta-se que um possível papel para as completivas no
desenvolvimento de TM seria o de prover uma representação que pode ser usada
como recurso para facilitar (não sustentar) o raciocínio sobre CFs. / [en] This dissertation investigates the hypothesis that acquiring knowledge
concerning the syntactic feature Point-of-View (PoV) in CPs of complement
clauses (CCs) subcategorized by verbs of belief is a necessary condition for
children to achieve a fully developed Theory of Mind (ToM) – the ability to
ascribe false beliefs (FBs) to others and to predict their reasoning and action based
on it (usually achieved by 4 years of age) (cf. DE VILLIERS AND DE
VILLIERS, 2009) (henceforth, PoV-FBHypothesis). In particular, this study
aimed to verify the extent to which PoV-FBH can be maintained; to evaluate the
possibility of incorporating a PoV feature in an on-line model of syntactic
computation grounded in minimalist assumptions (Corrêa & Augusto, 2007;
2011) and to characterize the developmental course of the acquisition of
knowledge concerning this feature in the light of a procedural theory of language
acquisition (Corrêa, 2009). The possibility of PoV being represented as a formal
feature or as a semantic feature was considered in three analyses of CCs. It is
argued that no matter how this feature is characterized, the acquisition of the
knowledge it represents would inevitably rely on semantic bootstrapping, which
presupposes the cognitive ability of distinguishing points of view. As for the
empirical investigation, 8 experiments were conducted. Experiments 1-6 aimed at
assessing 3;3-3;5 year olds ability to cope with a number of the demands of the
traditional FB and Memory for Complements (MC) tasks, which supports PoVFBH,
such as the ability to cope with object WH, the factivity of mental verbs and
factuality. The production of CCs and childrens ability to cope with a linguistic
task that includes a FB situation were also investigated. In experiment 7,
childrens ability to assign truth-values to CCs and for both clauses of the
complex sentence was evaluated. In Experiment 8 the role of language recursion
for first- and second-order FB reasoning was investigated with 6;2 year-old
children. In general, the results suggested that i) childrens failure on the
traditional FB and MC tasks does not necessarily mean difficulty in dealing with
CCs or FBs, insofar as they do not cope with most of the demands these tasks
presuppose; ii) 3 year olds correctly assign truth-values to CCs, though assigning
the truth-value for the main clause (the whole sentence) independently of the
truth-value of the CC is particularly costly; iii) first- and second-order FB
reasoning can be undertaken on the basis of non-recursive structures, although
recursive structures seem to facilitate it. In sum, both in the light of the possible
developmental courses of acquisition considered here and on the basis of the
results obtained, it would be hard for the PoV-FBH to be maintained, as it stands.
Metacognitive abilities may be required for children to be able to ignore the truthvalue
of the CC when assigning a truth-value for the complex sentence. It is
argued that the possible role of CCs in the development of ToM is to provide a
representation that can be used to facilitate FB reasoning, not to support it.
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