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[pt] RABISCA E PUBLICA: JUVENTUDES E ESTRATÉGIAS DE VISIBILIDADE SOCIAL E MIDIÁTICA DO PASSINHO CARIOCA AO ATIVISMO DE NOVA ORLEANS / [en] SCRATCH AND PUBLISH: YOUTH AND STRATEGIES OF SOCIAL AND MEDIA VISIBILITY FROM THE PASSINHO CARIOCA TO THE ACTIVISM OF NEW ORLEANS21 December 2021 (has links)
[pt] A presente tese discute estratégias de visibilidade social e midiática a
partir de práticas de comunicação empreendidas por jovens no Rio de Janeiro
(RJ), Brasil, e em Nova Orleans (LA), Estados Unidos. Para tanto, são
apresentados relatos de estudo de campo realizado nestas cidades, apoiado no
método etnográfico – elegendo como ferramental a pesquisa participante e a
análise qualitativa em perspectiva feminista –, além do amparo teórico alicerçado
em tópicos da Comunicação, da Sociologia e da Antropologia, principalmente. Os
sujeitos observados no Brasil (2014-2016) são idealizadores, promotores e
participantes de festivais e batalhas de passinho, dança que surgiu nos anos 2000
nas favelas cariocas. Enquanto estilo que congrega cada vez mais meninos e
meninas, com significativa repercussão midiática, o passinho revela aspectos
comuns aos indivíduos favelados, situações cotidianas que passam por escolha de
caminhos a seguir, conflitos de interesses pessoais e da família e a relação com o
território que, em resposta a um estigma de lugar, tem sido ressignificada no
orgulho da afirmação sou favelado. Na singularidade do corpo performático, o
passinho posiciona o dançarino nas questões coletivas que o aproximam de outros
em condições semelhantes. Já a investigação em campo em Nova Orleans (2015-
2016) permitiu a observação do ativismo juvenil em eventos de poesia (spoken
word) organizados pelo New Orleans Youth Open Mic e em postagens do Blog
Noirlinians, que explora moda, cultura e território, na esteira de movimentos
sociais contemporâneos, como Black Lives Matter. Ambos mobilizam
majoritariamente jovens pretos, conectados por referenciais e práticas de
autorreconhecimento como via possível de produção de visibilidade em um
contexto que o estigma está na cor da pele. Os grupos acompanhados no Brasil e
nos Estados Unidos têm em comum a criatividade e a expressão corporal como
fórum de discussão e meio de representação, além do uso de mídias sociais
digitais e website para promoverem suas atividades, comunidades e a si próprios,
ultrapassando, pela mobilização cultural e artística, a geografia de suas cidades. A
partir do tripé juventudes, representações e visibilidade, que sustenta esta análise,
verificou-se nos comportamentos e práticas juvenis a manifestação de indivíduos
que percebem e assumem a relação social como uma experiência que passa pela
via da sensibilidade, transcendendo interações pessoais e apoiando-se, cada vez
mais, no campo das possibilidades advindas da vida digital, a fim de buscar
reconhecimento em um contexto de padrões de valoração sociocultural
institucionalizados que fazem com que algumas pessoas se tornem invisíveis,
simplesmente pelo fato de não responderem a modelos ideais de ser, ter,
pertencer, comportar-se, como os participantes favelados e pretos deste estudo.
Nesta composição, corpo e novas tecnologias surgem, então, como elementos
estratégicos na construção e proposição de (auto)representações entre as
juventudes observadas, de forma que se evidenciam, pelo menos, dois aspectos:
1) O corpo juvenil destaca-se como a própria mídia, plataforma central, explorada
como território político, construído poética e culturalmente; 2) Práticas
comunicacionais possibilitadas por novas tecnologias potencializam distintas
experiências de subjetivação. Tais experiências permitem a apreciação do saber
proveniente da sensorialidade: as maneiras como jovens habitam diferentes
territórios – físicos e virtuais - e traçam suas trajetórias – muitas vezes agindo
individualmente, porém, jogando luz sobre competências coletivas. / [en] This thesis discusses strategies of social and media visibility based on
communication practices launched by young people in Rio de Janeiro (RJ), Brazil,
and in New Orleans (LA), United States. In order to do so, we present the reports
of a fieldwork carried out in these cities, supported by the ethnographic method -
participant research and qualitative analysis in a feminist perspective - as well as
the theoretical support based on topics of Communication, Sociology and
Anthropology, mainly. The young people observed in Brazil (2014-2016) are
idealizers, promoters and participants of festivals and battles of passinho, a dance
originated in the years 2000 in the Rio s shantytowns. As a style that congregates
more and more boys and girls, with significant media repercussions, passinho
reveals common aspects of individuals from favelas, everyday situations that pass
through the choice that they make to follow in their lives, conflicts of personal
and family interests and the relationship with the territory that in response to a
stigma of place, it has been re-signified in the pride of the statement I am
favelado. In the singularity of the performative body, passinho places the dancer
in the collective questions that brings him closer to others in similar conditions.
The fieldwork in New Orleans (2015-2016) allowed the observation of youth
activism in spoken word events organized by the New Orleans Youth Open Mic
and in the posts of Blog Noirlinians which explores fashion, culture and territory
in the wake of contemporary social movements, such as Black Lives Matter. Both
mobilize mostly black youth, connected by referential and practices of selfrecognition
as a possible way of producing visibility in a context where the stigma
is in the skin color. The groups observed in Brazil and in the United States have in
common the creativity and the corporal expression as a forum of discussion and
means of representation, besides the use of digital social media and website to
promote their activities, communities and themselves, surpassing, for cultural and
artistic mobilization, the geography of their cities. From the base of youths,
representations and visibility, which supports this analysis, it was verified in the
youth s behaviors and practices the manifestation of individuals who perceive and
assume the social relation as an experience that passes through the path of
sensitivity. Transcending personal interactions, those young people have seeked
out recognition in a context of institutionalized sociocultural valuation patterns
that make some people invisible simply because they do not respond to ideal
models of to be, to have, to belong, to behave like the favelados and black
people participants of this study. In this composition, body and new
technologies appear as strategic elements in the construction and proposition of
(self) representations among the youths observed, so that at least two aspects are evident: 1) The youth body emphasizes as the media itself, a central platform,
exploited as a political territory, constructed poetically and culturally; 2)
Communication practices made possible by new technologies enhance different
experiences of subjectivation. Such experiences allow the appreciation of the
knowledge that comes from sensoriality: the ways young people inhabit different
territories - physical and virtual - and trace their trajectories - often acting
individually, however, shed light on collective competences.
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