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Floresta no cerrado? Dinâmica espacial da eucaliptocultura no sudoeste de Goiás / Forest in the cerrado? Spatial dynamics of eucalyptus cultivation in the southwest of GoiásSousa, Marluce Silva 27 October 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017-10-27 / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG / Eucalyptus cultivation is an expanding activity in the world and in Brazil, permeated by
controversial debates, which reached Southwest of Goiás in the 1980s, but expanded from the
2000s, constituting true "forest" landscapes in the Cerrado. This work aimed to understand
the spatial dynamics of eucalyptus culture in the Southwest of Goiás, assuming that the
activity is complementary in the productive space circuit of grains and meats, consolidated in
the region, and that its regional expansion occurred in marginal areas. The appreciation of
eucalyptus cultivation in various parts of the world and Brazil allowed us to identify the main
variables of its spatial dynamics, namely, the actors, the technical system, the purposes of
production and the inherited space. The spatial analysis of the activity in the Southwest of
Goiás was based on the interpretation of the actions of the actors, protagonists and
supportings, that produce for a certain purpose of production, conducting diverse technical
systems, on the different portions of the regional inherited space. Several combinations of
these elements of analysis resulted in the spatialization of spatial arrangements that,
dialectically, promoted the reconfiguration of the inherited space. The results of this analysis
indicate that the grain and meat agroindustries located in Rio Verde started and expanded
eucalyptus cultivation for their energy supply, around their units, usually in marginal areas,
promoting socioeconomic and environmental impacts. Availability of credit for the
implantation of "forests", expectation of increased demand and high price of firewood
encouraged small, medium and large producers to plant eucalyptus in other municipalities,
starting in 2005, such as Jataí, Serranópolis, Mineiros and Santa Rita do Araguaia, where the
eucalyptus trees replaced extensive pastures, therefore, areas underutilized or marginalized
by the dominant productive process. The physical characteristics of these areas, especially the
sandy soils, give them ecological dynamics vulnerable to intensive agricultural production.
When conducted under recommended management, the eucalyptus allowed the productive
diversification of agricultural establishments and are indicated for use and recovery of areas
with low agricultural potential. However, when submitted to inadequate management,
eucalyptus presents exposed soil, reduced fertility and soil organic matter in marginal areas.
The spatialization of eucalyptus cultivation also promoted financial valorization, subordinate
and complementary insertion in the regional production and cooptation by the productive andfinancial capital of the marginal areas, reconfiguring these portions of the inherited space.
However, the increase in planted area, including the largest consumer agroindustries, resulted
in an increase in the production of firewood, the main product of the eucalyptus plantations in
the Southwest of Goiás, above regional demand, starting in 2014. In this context, a crisis
began, when supply increased, prices fell, nurseries closed and producers found no market for
their products. In some areas, the combination of indebted producers, lacking in technical
knowledge, very sandy soils derived from friable sandstones, high slopes, genetic materials
inadequate to ecological conditions, inadequate logistics and reduced demand for firewood
generated high ecological and economic vulnerability. Eucalyptus became a symbol of hope in
disappointment for most of the producers in the Southwest of Goiás. / A eucaliptocultura é uma atividade em expansão no mundo e no Brasil, permeada por debates
controversos, que atingiu o Sudoeste de Goiás na década de 1980, mas expandiu-se a partir
dos anos 2000, constituindo verdadeiras paisagens de “florestas” no Cerrado. Esse trabalho
objetivou compreender a dinâmica espacial da eucaliptocultura no Sudoeste de Goiás,
pressupondo que a atividade é complementar nos circuitos espaciais produtivos de grãos e
carnes, consolidados na região, e que sua expansão regional ocorreu em áreas marginais. A
apreciação da eucaliptocultura em diversas partes do mundo e do Brasil permitiu identificar as
principais variáveis de sua dinâmica espacial, quais sejam os atores, o sistema técnico, as
finalidades da produção e o espaço herdado. A análise espacial da atividade no Sudoeste deGoiás se pautou na interpretação das ações dos atores, protagonistas e coadjuvantes, que
produzem para determinada finalidade de produção, conduzindo diversos sistemas técnicos,
sobre as diferentes porções do espaço herdado regional. Diversas combinações desses
elementos de análise resultaram na espacialização de arranjos espaciais que, dialeticamente,
promoveram a reconfiguração do espaço herdado. Os resultados dessa análise indicam que as
agroindústrias de grãos e carnes, localizadas em Rio Verde, iniciaram e expandiram o cultivo
de eucalipto para o seu suprimento energético, no entorno de suas unidades, geralmente em
áreas marginais, promovendo impactos socioeconômicos e ambientais. Disponibilidade de
crédito para a implantação de “florestas”, expectativa de aumento da demanda e alto preço
da lenha incentivaram pequenos, médios e grandes produtores a plantarem eucalipto em
outros municípios, a partir de 2005, como Jataí, Serranópolis, Mineiros e Santa Rita do
Araguaia, onde os eucaliptais substituíram pastagens extensivas, portanto, áreas
subutilizadas ou marginalizadas pelo processo produtivo dominante. As características do
meio físico dessas áreas, principalmente os solos arenosos, lhes conferem dinâmica ecológica
vulnerável à produção agrícola intensiva. Quando conduzidos sob manejo recomendado, os
eucaliptais permitiram a diversificação produtiva dos estabelecimentos agropecuários e são
indicados para uso e recuperação de áreas de baixo potencial agrícola. Mas quando
submetidos a manejo inadequado, os eucaliptais apresentam solo exposto, redução da
fertilidade e da matéria orgânica do solo nas áreas marginais. A espacialização da
eucaliptocultura promoveu, ainda, valorização financeira, inserção subordinada e
complementar na produção regional e cooptação pelo capital produtivo e financeiro das áreas
marginais, reconfigurando essas porções do espaço herdado. Contudo, o aumento da área
plantada, inclusive pelas maiores agroindústrias consumidoras, resultou no aumento da
produção de lenha, o principal produto da eucaliptocultura no Sudoeste de Goiás, acima da
demanda regional, a partir do ano de 2014. Nesse contexto, iniciou-se uma crise, quando a
oferta aumentou, os preços baixaram, viveiros fecharam e produtores não encontraram
mercado para seus produtos. Em algumas áreas, a combinação de produtores endividados,
desprovidos de conhecimento técnico, solos muito arenosos derivados de arenitos friáveis,
declividades acentuadas, materiais genéticos inadequados às condições ecológicas, logística
inadequada e redução de demanda por lenha gerou alta vulnerabilidade ecológico-econômica.
O eucalipto transformou-se, de símbolo da esperança, em decepção para grande parte dos
produtores do Sudoeste de Goiás.
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