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O processo de desafiliação vivido no seio familiar e a representação social da adolescente em situação de rua: em busca da prevenção / The process of disaffiliation lived in the family and the social representation about female adolescents in street situation: seeking prevention

Joana Iabrudi Carinhanha 17 December 2014 (has links)
A proposta deste estudo é entender o fenômeno da adolescente em situação de rua através da Teoria das Representações Sociais, buscando a imbricação de relações, funções, tensões, saberes, valores que constroem e transformam as práticas cotidianas familiares para produzir o afastamento do convívio familiar ou prevenir a desafiliação. O objetivo principal é analisar o processo de desafiliação vivido na família e a possibilidade de sua prevenção a partir das representações sociais sobre a adolescente em situação de rua na perspectiva da própria adolescente. Trata-se de pesquisa qualitativa, na qual 21 adolescentes com experiência de viver na rua foram acessadas em um abrigo da rede municipal. Os dados foram produzidos através da entrevista semi-estruturada e analisados à luz da análise temático-categorial de conteúdo com auxílio do software NVivo. Os resultados indicam que a representação social da adolescente em situação de rua para a própria adolescente envolve um circuito que compreende a tradicional imagem do menor carente e abandonado, por suas perdas e ausências que constituem verdadeiros desafios de sobrevivência, para os quais encontram formas de enfrentamento em sua maioria consideradas desviantes, acrescentando a imagem da delinquência e criminalidade. Contudo, as práticas, relações, valores e lógicas estabelecidas, que tornam possível esse modo de viver, dão contorno a uma imagem da adolescente ancorada em atributos positivos como força, alegria, inteligência, afetividade, sagacidade/habilidade/capacidade de aprendizado, sinalizando uma ruptura (ainda que parcial) na tradicional representação da mulher como sexo frágil e submisso. O processo de desafiliação, por sua vez, é gradualmente constituído, de um lado pelos diversos fatores de esgarçamento dos laços familiares, e, de outro lado, pela aproximação e socialização com a rua, sendo fortemente influenciado pelas representações sociais acerca da adolescente em situação de rua (pela familiaridade com as práticas relacionadas com este modo de viver, mas, principalmente, pelos atributos positivos relativos à ideia de liberdade, força, diversão, facilidade, enfrentamento). Conhecer e valorizar a trajetória, crenças e representações de cada família e a estrutura de práticas e relações, situando-a num contexto histórico e cultural parece fundamental para a atuação junto às famílias e às adolescentes. A lógica das políticas públicas voltadas para a família deve considerar a instrumentalização que viabilize a atuação com base nesses parâmetros. / The purpose of this study was to understand the phenomenon of homeless adolescent girls via the social representations theory. We also aimed to investigate the interconnection of relationships, conflict, knowledge and values that compose and transform daily family practices that can either lead one to be estranged from family or help prevent disaffiliation. The main objective was to analyze the disaffiliation process experienced within the family and the possibility of preventing this situation based on the social representations of homeless adolescent girls as held by adolescent girls themselves. This was a qualitative study, in which 21 adolescents with a history of living on the street were contacted at a municipal shelter. The data were gathered through a semi-structured interview and analyzed using thematic categorical content analysis with the help of NVivo software. The results showed that the social representation of the homeless adolescent girls as held by the interviewees consists of a circuit containing the traditional image of the deprived and abandoned minor who makes use of coping mechanisms often considered deviant, coupled with the image of delinquency and criminality. Nonetheless, the established relationships, values and logic that make this way of living possible draw a positive picture of these adolescents based on attributes such as strength, joy, intelligence, affection, sagacity/skillfulness/ability to learn. This represents a rupture (although partial) with the traditional representation of women as the fragile and submissive sex. In turn, the disaffiliation is gradually constituted by several factors that sever family bonds on the one hand, and by the approximation and socialization with the street on the other. The latter is strongly influenced by social representations of homeless adolescent girls (due to familiarity with practices related to this way of life, but mainly because of positive attributes regarding the ideas of freedom, strength, fun, ease and coping). In order to work with these adolescent girls and their families, it is essential to be familiar with and value their trajectory, beliefs and representations. In addition, professionals must also understand the framework of practices and relationships permeating these families, considering their historical and cultural context. Public policies directed at families must consider how to provide professionals with the necessary tools so that they can act based on these parameters.
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O processo de desafiliação vivido no seio familiar e a representação social da adolescente em situação de rua: em busca da prevenção / The process of disaffiliation lived in the family and the social representation about female adolescents in street situation: seeking prevention

Joana Iabrudi Carinhanha 17 December 2014 (has links)
A proposta deste estudo é entender o fenômeno da adolescente em situação de rua através da Teoria das Representações Sociais, buscando a imbricação de relações, funções, tensões, saberes, valores que constroem e transformam as práticas cotidianas familiares para produzir o afastamento do convívio familiar ou prevenir a desafiliação. O objetivo principal é analisar o processo de desafiliação vivido na família e a possibilidade de sua prevenção a partir das representações sociais sobre a adolescente em situação de rua na perspectiva da própria adolescente. Trata-se de pesquisa qualitativa, na qual 21 adolescentes com experiência de viver na rua foram acessadas em um abrigo da rede municipal. Os dados foram produzidos através da entrevista semi-estruturada e analisados à luz da análise temático-categorial de conteúdo com auxílio do software NVivo. Os resultados indicam que a representação social da adolescente em situação de rua para a própria adolescente envolve um circuito que compreende a tradicional imagem do menor carente e abandonado, por suas perdas e ausências que constituem verdadeiros desafios de sobrevivência, para os quais encontram formas de enfrentamento em sua maioria consideradas desviantes, acrescentando a imagem da delinquência e criminalidade. Contudo, as práticas, relações, valores e lógicas estabelecidas, que tornam possível esse modo de viver, dão contorno a uma imagem da adolescente ancorada em atributos positivos como força, alegria, inteligência, afetividade, sagacidade/habilidade/capacidade de aprendizado, sinalizando uma ruptura (ainda que parcial) na tradicional representação da mulher como sexo frágil e submisso. O processo de desafiliação, por sua vez, é gradualmente constituído, de um lado pelos diversos fatores de esgarçamento dos laços familiares, e, de outro lado, pela aproximação e socialização com a rua, sendo fortemente influenciado pelas representações sociais acerca da adolescente em situação de rua (pela familiaridade com as práticas relacionadas com este modo de viver, mas, principalmente, pelos atributos positivos relativos à ideia de liberdade, força, diversão, facilidade, enfrentamento). Conhecer e valorizar a trajetória, crenças e representações de cada família e a estrutura de práticas e relações, situando-a num contexto histórico e cultural parece fundamental para a atuação junto às famílias e às adolescentes. A lógica das políticas públicas voltadas para a família deve considerar a instrumentalização que viabilize a atuação com base nesses parâmetros. / The purpose of this study was to understand the phenomenon of homeless adolescent girls via the social representations theory. We also aimed to investigate the interconnection of relationships, conflict, knowledge and values that compose and transform daily family practices that can either lead one to be estranged from family or help prevent disaffiliation. The main objective was to analyze the disaffiliation process experienced within the family and the possibility of preventing this situation based on the social representations of homeless adolescent girls as held by adolescent girls themselves. This was a qualitative study, in which 21 adolescents with a history of living on the street were contacted at a municipal shelter. The data were gathered through a semi-structured interview and analyzed using thematic categorical content analysis with the help of NVivo software. The results showed that the social representation of the homeless adolescent girls as held by the interviewees consists of a circuit containing the traditional image of the deprived and abandoned minor who makes use of coping mechanisms often considered deviant, coupled with the image of delinquency and criminality. Nonetheless, the established relationships, values and logic that make this way of living possible draw a positive picture of these adolescents based on attributes such as strength, joy, intelligence, affection, sagacity/skillfulness/ability to learn. This represents a rupture (although partial) with the traditional representation of women as the fragile and submissive sex. In turn, the disaffiliation is gradually constituted by several factors that sever family bonds on the one hand, and by the approximation and socialization with the street on the other. The latter is strongly influenced by social representations of homeless adolescent girls (due to familiarity with practices related to this way of life, but mainly because of positive attributes regarding the ideas of freedom, strength, fun, ease and coping). In order to work with these adolescent girls and their families, it is essential to be familiar with and value their trajectory, beliefs and representations. In addition, professionals must also understand the framework of practices and relationships permeating these families, considering their historical and cultural context. Public policies directed at families must consider how to provide professionals with the necessary tools so that they can act based on these parameters.

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