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Brancas de almas negras? = beleza, racialização e cosmética na imprensa negra pós-emancipação (EUA, 1890-1930) / White women, black souls? : beauty, racialization and cosmetics in the post-emancipation black press (USA, 1890-1930)

Xavier, Giovana, 1979- 20 August 2018 (has links)
Orientador: Sidney Chalhoub / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas / Made available in DSpace on 2018-08-20T04:25:17Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Xavier_Giovana_D.pdf: 23553159 bytes, checksum: 48455bff161cd53573e3132dfabc9ddd (MD5) Previous issue date: 2012 / Resumo: Esta tese investiga as representações femininas presentes em propagandas de produtos de clareamento de pele (bleachings) e crescedores capilares (hair growers) da indústria cosmética, veiculadas pela imprensa afro-americana em Boston, Chicago e Nova York, cidades que, entre os anos 1890 e 1930, passaram por uma série de transformações sociais por conta do fenômeno historicamente conhecido como Grande Migração Negra. Ao considerar o processo de urbanização vivenciado pela população de cor que chegava aos milhares no norte do país, enfatizamos a emergência de um capitalismo negro que tinha no "mercado da beleza" um de seus principais ramos comerciais. Nesse sentido, o estudo do papel de "empresárias da raça" como Annie Minerva Pope Turnbo-Malone e Madam C. J. Walker, à luz das contribuições da Business History, leva-nos a lançar mão do conceito de "cosmética negra", entendida aqui como um conjunto de pequenas, médias e grandes empresas, que conduzidas com o capital e a força de trabalho afro-americanos, tinham como um de seus principais objetivos associar lucro financeiro e defesa da "feminilidade negra", a partir da confecção e venda de manufaturados que prometiam uma "boa aparência" para suas consumidoras. Ao explorar associações ambíguas entre good look e pele clara, a pesquisa também examina a construção de uma noção racializada de beleza específica dos negros num contexto de pós-emancipação. Diferentemente do ocorrido na publicidade da cosmetologia branca, tal noção mostra que companhias afro-americanas como a Poro Hair Beauty Culture, a Overton Hygienic Company e a Madam C. J. Walker Manufacturing Company investiram severos esforços na construção de referenciais visuais que conjugassem honra, distinção e equidade social para as "mulheres da raça". Dentro de uma perspectiva que articula gênero, racialização, classe, cosmética e modernidade, observa-se que ser considerada uma "nova mulher negra", como se dizia à época, não era um feito para todas. Para gozar de tal status era necessário possuir visual discreto, comportamento recatado, alto grau de instrução, mas, sobretudo, pele clara. Assim, ao atrelar físico e comportamento, o referido protótipo marcava a preocupação da comunidade intelectual (editores, jornalistas, publicitários, colunistas, artistas, etc.) em criar representações condizentes com uma noção de "feminilidade respeitada", que, por seu turno, revelava o investimento numa "cultura da pele mulata", facilmente captada pelas inúmeras fotografias de mulheres quase brancas, predominantes nas páginas de dezenas de jornais, revistas e catálogos de beleza da "raça". Nesse sentido, a cosmetologia e a imprensa negras foram duas das maiores responsáveis pela produção de uma "beleza cívica" oriunda de um sistema "colorista" calcado na valorização das mulatas em detrimento das blacks (negras retintas). Fato ainda desconhecido pela historiografia brasileira, tais propagandas descortinam formas múltiplas pelas quais as classes alta e média negras criaram suas próprias interpretações e soluções para questões relacionadas à eugenia, ao higienismo, à miscigenação, à urbanização e à segregação racial, abrindo espaço para futuras investigações sobre uma História Social da Beleza Negra / Abstract: This dissertation examines representations of women in advertisements for skin-bleaching and hair-growing products in the cosmetics industry, which appeared in the African American press in Boston, Chicago and New York. Between the 1890s and 1930s, these cities underwent a series of social transformations as a result of the phenomenon referred to by historians as the Great African American Migration. Analyzing the process of urbanization experienced by the population of color, who arrived in their thousands in the north of the country, emphasis will be placed on the emergence of black capitalism, which one of its greatest commercial interests in the beauty industry. The study of the role of black businesswomen like Annie Minerva Pope Turnbo-Malone and Madam C. J. Walker, and their contributions to business history, leads us to the concept of "black cosmetics." This is herein understood as a group of small, medium and large businesses which, drawing on African American capital and labor, aimed to unite profit with the defense of "black femininity," via the production and sale of products that promised their consumers a "good appearance." By exploring the ambiguous associations between "looking good" and whiteness of skin, the study also examines the construction of a specifically racialized notion of beauty held by blacks in the post-emancipation United States. This notion reveals how, unlike white beauty advertisers, African American companies like Poro Hair Beauty Culture, Overton Hygienic Company and Madam C J Walker Manufacturing Company invested considerable efforts in constructing visual imagery which could confer honor, distinction and social equality on black women. Taking a perspective that brings together gender, racialization, class, beauty and modernity, the dissertation observes how being considered a "new black woman," as the phrase went at the time, was not attainable by all women. In order enjoy such a status, it was important to possess a visual image that emphasized discretion, modest behavior, a high standard of education, but, above all, light skin. Equating looks with behavior, this prototype demonstrated the desire of the intellectual community (editors, journalists, advertising companies, columnists, artists, etc) to create images that chimed with a notion of "respectable femininity." This, in turn, demonstrated a deep investment in a "mulatto culture," easily captured by innumerable photographs of nearly-white women which dominated the pages of dozens of African American newspapers, magazines and beauty catalogues. Thus, the cosmetics industry and the black press were two of the most influential entities in the creation of "civic beauty," derived from a colorist system which favored mixed-race women over black women. Brazilian historiography has yet to examine how such advertisements reveal the many ways in which the black upper and middle classes created their own interpretations and solutions for issues of eugenics, hygiene, miscegenation, urbanization and racial segregation. This, in the future, might lead us to a social history of black beauty / Doutorado / Historia Social / Doutor em História

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