Esta dissertação se desenvolveu com o propósito de investigar as relações sujeito-escrita e sujeito-instituição escolar estabelecidas por alunos do Ensino Fundamental 2 (F2) quando postos sistematicamente em situação de autoavaliação, escrevendo sobre a própria escrita. A partir da análise de portfólios de produção textual compostos por alunos ano a ano durante o F2, objetivou-se investigar de que maneiras as respostas dos sujeitos ao chamado institucional escolar de tomar a palavra sobre a própria escrita e sobre a própria aprendizagem impactam a constituição do sujeito enquanto escritor. Buscou-se mostrar tipos de respostas geradas pela tensão posta na situação de autoavaliação; deslocamentos dos sujeitos em relação à forma como respondem à instituição; e impactos na escrita dos alunos pelo processo de extradição do sujeito promovido pela escola. O corpus da pesquisa foi composto por cartas elaboradas pelos alunos para seus professores, em que comentam a própria escrita e os próprios textos. A análise se fundamentou nos conceitos de diálogo, enunciação, excedente de visão e polifonia, propostos por Bakhtin, além de valer-se de conceitos vindos da Análise do Discurso: heterogeneidade e metaenunciação (Authier-Revuz, 1990, 1998; Possenti, 2002, 2009). A partir dos resultados obtidos, foi possível concluir que o embate entre sujeito e instituição, na situação de (auto)avaliação, gera diferentes tensões que, mais ou menos intensas, promovem diferentes respostas dos sujeitos: (1) a repetição do discurso institucional; (2) o domínio da metalinguagem escolar e o posicionamento no lugar do avaliador; (3) a possibilidade de o sujeito constituir a sua escrita a partir de uma posição singular, por meio da metaenunciação e da polifonia. Neste último caso, perguntamo-nos que fatores levariam à possibilidade de deslocamento dos sujeitos de uma posição enunciativa para uma posição metaenunciativa. Além do posicionamento sistemático no lugar da avaliação, outorgado pela instituição, concluímos que para o sujeito escritor constituir-se mais autoralmente e escrever com autonomia dentro da escola, é preciso encontrar um lugar de complexidade com a instituição escolar, em que a institucionalização e a subjetivação se dão de forma não dicotômica. Vimos pelas análises que esse lugar de complexidade fica favorecido quando há uma articulação entre o intra e o extraescolar, já que ele se compõe pela possibilidade de o sujeito estar dentro e fora do discurso escolar ao mesmo tempo; submeter-se e posicionar-se autonomamente. Por fim, concluímos que, na tensão produzida entre sujeito e instituição, quando houve adesão plena do sujeito à instituição, a singularidade do sujeito escritor não se constituiu, assim como quando não houve adesão. Na tensão entre adesão e autonomia, o sujeito escritor pode se constituir em sua singularidade. / This dissertation has been developed to investigate the subject/writing and subject/institution relationships established by students in Ensino Fundamental (F2) when they were systematically put in a situation of self-assessment, writing about their own writing. From the analysis of portfolios of texts produced by students year after year during F2, our goal has been to investigate in what ways the responses of the subjects to the school institutional calling - to speak about their own writing and their own learning - impact the constitution of the subject as a writer. We tried to show types of responses generated by the tension of the self-assessment; shifts in the subjects regarding the way they respond to the institution; and impacts in the writings of the students caused by the process of extradition of the subject carried out by the school. The corpus of the research comprises a collection of letters written by the students to their teachers, letters in which they comment on their own writing and their own texts. Our analysis is based on the concepts of dialogue, enunciation, surplus of vision, and polyphony, as put forth by Bakhtin, as well as on concepts taken from Análise do Discurso: heterogeneidade and metaenunciação (Authier-Revuz, 1990, 1998; Possenti, 2002, 2009). It has been possible to conclude from our results that the clash between subject and institution, in the setting of the (self)assessment, begets varied tensions that, more or less intense, elicit different responses from the subjects: (1) the repetition of the institutional discourse; (2) mastery of the school metalanguage and putting themselves in the place of the evaluator; (3) the possibility that the writer builds their own writing from a singular perspective, by means of metaenunciation and polyphony. Regarding the latter point, we have asked ourselves what factors could lead to the possibility of a shift in the subjects from an enunciative to a meataenunciative stance. Besides the systematic placement in the assessment situation, granted by the institution, we have come to conclude that in order for the subjectwriter to become more authorial and write with more autonomy inside the school, we have to find a place of complexity with the school institution in which institutionalization and subjectification take place in a non-dichotomic way. Our analysis has shown us that this place of complexity is favored when there is a connection between intra and extra-school elements, given that it is created by the possibility that the subject can be simultaneously in and out the school discourse; abyding by it and taking an autonomous stance. Finally, we conclude that, in the tension produced between subject and institution, when the subject adhered fully to the institution, the singularity of the subject-writer did not come to be, as well as when there was no adherence. In the tension between adherence and autonomy, the subject-writer might come to be in their singularity.