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Uma história da doença de Carrión: clínica e bacteriologia (1842-1913) / Une histoire de la maladie de Carrión: clinique et bactériologie (1842-1913)Sugizaki, Eduardo 05 December 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011-12-05 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / This doctoral thesis is a historical and epistemological research of the clinical age of
Carrion's disease (1842-1885) and of the early age of his bacteriologic study (1885-1913). That´s
a disease born within a historical narrative about the medical effects of experimental inoculation
that the medical student Daniel Alcides Carrión, was made to do in August 1885. According to
the peruvian historical narrative about the origins and consequences of the medical experiment,
the student was inoculated with the blood of a disease known as Peruvian wart, but developed
and died, in October five, from the disease called Oroya fever. The experiment would then have
shown that there are not two diseases, but only one, that which, since then, bears his name as a
tribute to the heroic gesture of inoculation. According to current knowledge about the disease, it
has two stages in its evolution or syndromes. A febrile phase, anemiante, acute and of high risk
for the patient's life; another phase, which follows the first, is the development of a characteristic
skin neoformation, with the form of papules blood, called Peruvian wart. The historiography of
the disease, after 1940, suggests that this duality of pathological manifestation represented the
clinical difficulty explaining the genesis and outcome of the experiment of Carrion. However,
research of documents relevant to the experiment of 1885, made in the first chapter of our thesis,
showed that the experiment was not aimed at overcoming the dichotomy of two diseases. The
student already had an advanced understanding of the overall clinical progression of the disease,
including its two stages. From our investigation, moreover, we conclude that the peruvian
medicine considered demonstrated that the inoculation produced Oroya fever, but the peruvian
medicine does not present anywhere the ways in which one can recognize the Oroya fever. Due
to these problems was undertaken in the second chapter, the study of the period of foundation of
Peruvian wart clinic (1842-1872) and came to the conclusion that at this time there already was a
complete understanding of the evolution of disease, including its stages and forms of
development. At this point in our investigation, the existence of the notion of Oroya fever has
appeared as unnecessary for the clinical knowledge of the disease. Therefore, the third chapter of
our thesis investigated the period from 1872 to 1885, a time when the notion of Oroya fever
appears in medical literature. Our investigation has shown that the notion appeared in Peruvian
medicine because it regarded the disease as being a strictly benign, afebrile rash. Consequently,
the Peruvian nosological dualism appears as a result of its inability to explain the phenomena of
the general economy’s commitment that anticipate the eruption of Peruvian wart. With this new
understanding of the clinical description of disease, we retake, in the fourth chapter, what
happened in the study of disease, after the experiment of Carrión. A review of medical literature
of the period between 1885 and 1898 showed that the historical narrative of Lima on the
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experiment of Carrion became a guiding discipline of all research on the disease of this new
period. During one stage of that Peruvian research (1885-1898), required to remain still only
clinic, the study of disease was a prisoner of its assumptions - it became necessary, to keep the
interpretation of the experiment as true, to define the concept of Oroya fever. But the final
solution was not reached because the effort of maintaining doctrinal assumptions was placed
above the results of observation. This closed circle began to be broken with the discovery of
Tamayo, in 1905, that part of what physicians called Oroya fever was the result of a very
common complication of severe cases of Peruvian wart with paratyphoid bacilli. The fourth
chapter is concerned, yet, to the period after the discovery of Tamayo, from 1905 to 1913, to
know the fate of Oroya fever. This research shows that the Peruvian medicine did not give up of
the traditional historical narrative about the Carrion’s experiment. After Tamayo’s explanation of
the reasons of part of what is called Oroya fever, the Peruvian medicine refused to give up of the
use of this notion. Arce, the main Peruvian defender of the traditional historical narration about
the disease, in 1913, meaning to seek the recovery of significance of Oroya fever that kept alive
the dual polarity needed to remain true to the idea that, in 1885, has been demonstrated the unity
between the two diseases. This doctoral thesis has obtained, thus, the construction of a new
history of knowledge of Carrion’s disease, for the period 1842 to 1913. / Esta tese doutoral é uma investigação histórica e epistemológica da idade clínica da
doença de Carrión (1842-1885) ao início da idade bacteriológica de seu estudo (1885-1913).
Trata-se de uma doença nascida no interior de uma narrativa histórica médica sobre os efeitos da
inoculação experimental que o estudante de medicina Daniel Alcides Carrión, se fez fazer em
agosto de 1885. Segundo a narrativa médica limenha sobre o experimento, suas origens e suas
consequências, o estudante inoculara-se com o sangue de uma doença conhecida como verruga
peruana, mas desenvolveu e morreu, em cinco de outubro daquele mesmo ano, da doença
chamada febre de Oroya. O experimento teria, assim, demonstrado que não há duas doenças,
mas uma só que, desde então, leva seu nome, como homenagem ao gesto heroico da inoculação.
Segundo o conhecimento atual sobre a doença, ela possui duas fases ou síndromes em sua
evolução. Uma febril, anemiante, aguda e de alto risco para a vida do doente. Outra, que sucede
a primeira, é o desenvolvimento de uma neoformação cutânea característica, com a forma de
pápulas sanguíneas, chamada verruga peruana. A historiografia sobre a doença, posterior a 1940,
sugere de que esta dualidade de manifestação patológica representou a dificuldade clínica que
explica a gênese e o resultado do experimento de Carrión. Entretanto, a investigação dos
documentos pertinentes ao experimento de 1885, feita no primeiro capítulo de nossa tese,
mostrou que o experimento não visava a ultrapassar a dicotomia de duas doenças. O estudante já
detinha uma compreensão clínica global avançada da evolução da doença, incluindo as suas duas
etapas. Da nossa investigação, ademais, resultou que a medicina limenha deu por demonstrado
que a inoculação produziu a febre de Oroya, mas ela não apresentou, em lugar algum, os modos
pelos quais se pode reconhecer a febre de Oroya. Em função destes problemas, empreendeu-se,
no capítulo segundo, o estudo do período de fundação da clínica da verruga peruana (1842 a
1872) e chegou-se à conclusão de que, nesta época, já havia uma compreensão global da
evolução completa da doença, incluindo as suas etapas e formas de desenvolvimento. A esta
altura da nossa investigação, a existência da noção de febre de Oroya já aparecia como
desnecessária para o conhecimento clínico da doença. Por isso, o capítulo terceiro de nossa tese
investigou o período de 1872 a 1885, época em que a noção de febre de Oroya aparece na
literatura médica. Nossa investigação mostrou que a noção surgiu na medicina limenha porque
esta concebia a doença como sendo estritamente uma erupção cutânea, apirética e benigna.
Consequentemente, o dualismo nosológico peruano aparece como resultado da sua incapacidade
de explicar os fenômenos de comprometimento geral da economia que antecipam a erupção da
verruga peruana. Com essa nova compreensão da descrição clínica da doença, retoma-se, no
quarto capítulo, o que aconteceu, no estudo da doença, depois do experimento de Carrión. A
análise da literatura médica do período de 1885 a 1898, aí realizada, mostrou que a narrativa
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histórica limenha sobre o experimento de Carrión tornou-se uma disciplina ordenadora de toda
pesquisa sobre a doença deste novo período. Durante uma etapa da pesquisa (1885-1898),
obrigada a ainda permanecer apenas clínica, o estudo da doença esteve prisioneiro de seus
pressupostos. Tornou-se necessário, para manter como verdadeira a interpretação do
experimento, definir o conceito de febre de Oroya. Mas não se chegava à solução definitiva
porque o esforço de manutenção dos pressupostos doutrinários era colocado acima dos
resultados da observação. Este círculo fechado começou a ser quebrado com a descoberta de
Tamayo, em 1905, de que parte daquilo que os clínicos chamavam de febre de Oroya era
resultado de uma complicação muito frequente dos casos graves de verruga peruana por bacilos
paratifoides. O capítulo quarto ocupa-se, ainda, do período posterior à descoberta de Tamayo, de
1905 a 1913, para conhecer o destino da febre de Oroya. Desta investigação resulta que a
medicina peruana não abriu mão da narrativa histórica tradicional do experimento de Carrión.
Depois que Tamayo deu a explicação das razões de parte daquilo a que se chamara de febre de
Oroya, a medicina peruana não aceitou desistir do uso desta noção. Arce, o principal defensor da
narração histórica tradicional sobre a doença, em 1913, procurou recuperar uma significação
para a febre de Oroya que mantivesse viva a polaridade dualista necessária para que
permanecesse verdadeira a ideia de que, em 1885, foi demonstrada a unidade entre duas doenças.
A presente tese doutoral obteve, assim, a construção de uma nova história do conhecimento da
doença de Carrión, relativa ao período de 1842 a 1913.
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